1° Gêmeas - Há dezesseis anos atrás.

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Há dezesseis anos atrás..

A vida me surpreende às vezes das formas mais dolorosa e absurdas possível. Em certas ocasiões da vida eu cheguei a me questionar o porquê da maior parte do tempo as coisas simplesmente se transformar em um filme de terror. Eu estava no melhor momento da minha vida. Eu não quero essa mudança. Eu não quero perde-los.

Hoje devia ser à noite mais especial da minha vida. Eu sonhei com este momento desde que eu aceitei o fato de estar grávida. Nos meus sonhos era algo lindo, mas agora está tornando-se um inferno. Eu odeio o Henrique.

Soltei o ar com força. Estou tentando conter o choro, eu não quero que pensem que eu sou fraca. Por que ser forte é tão difícil? Ainda mais quando precisa ser forte sozinha.

Eu não sei o que o destino tem a nós fornecer, meninas, mas isso parece um belo começo para um trágico fim. O que passou pela minha cabeça? Por que eu fui me apaixonar logo por você? Na verdade, que manda é o coração e às vezes ele tem péssimas escolhas. Eu carrego o fardo do arrependimento, esse fardo irá aumentar, eu sei. Desculpa, meninas.

— Amanda, você precisa fazer força. Está quase saindo. — disse a mulher calmamente. — Amanda?

— Porra, Amanda, empurra logo essa aberração. — gritou Henrique, batendo a porta com força atrás de si.

Solto o ar com força mais uma vez. Isso dói tanto. Eu não tenho mais forças. Tudo parece estar girando em minha volta. Eu preciso ser forte pelas minhas bebês.

— Vejo que você fez um bom trabalho. — Ele sorriu ao vê-las. — Com certeza puxou a beleza da mamãe. Nossas filhas são lindas.

— Henrique, você sabe muito bem que elas não são suas filhas.

— Assim você me magoa, amor. Nunca lhe disseram que pai é quem cria? — Ele pegou umas das bebês e beijou o topo da sua cabecinha. — Você tem cara de Clara, sabia? Oi, Clara. Eu sou o seu papai. Vou cuidar muito bem de você.

— Henrique, por favor, não faça isso. Não me deixe sem minhas filhas, eu te imploro. — Sinto as lágrimas escorrer. — Por favor.

— Não adianta chorar. Isso é para você aprender a não ser uma vadia, sua porca. — Ele aproximou-se. — Devia estar agradecida por não matar-las.

— Como você consegue ser assim?

— Assim como? Não consigo olhar para você sem ter a vontade de socar essa tua cara. Fique tranquila que essa criança vai sentir o mesmo ódio que eu sinto por você.

Eu sei que eu errei, mas não devia ser castigada dessa maneira. Prefiro apanhar mil vezes do que perder-las.

Já sem forças, tento levantar, mas minha visão escurece.

Gêmeas no colégio interno Onde histórias criam vida. Descubra agora