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Continuação...

O ambiente segue como imaginei, todos interagindo e a estranha sentada pensando na vida. Até quando irá ser assim? Até quando eu vou suportar ser tão solitária? Eu não quero ser assim pro resto de minha vida. Eu quero ser feliz, viajar, realizar sonhos e poder ser normal, não uma garota que tem medo de fazer uma amizade ou até mesmo me aproximar mais de uma pessoa por saber que mais cedo ou mais tarde ela vai desaparecer, porque é sempre assim, todos que eu amo me abandonam e eu sempre acabo sozinha. Isso é doloroso.

"Alicia lylcon !" Minha avó chama pelo meu nome me tirando dos meus pensamentos. "Preste atenção no que seu tio está falando!" Ela censura com cara de que depois do jantar vai me fazer pagar por isso.

"Desculpe!" Digo retorcendo minhas mãos em meu colo.

"Tudo bem! Eu estava perguntando o que você pensa para o futuro das empresas dos seus falecidos pais?" Odeio a forma como eles retratam meus pais, odeio que todos têm de me lembrar que ambos estão mortos. O encaro por um tempo antes de tentar formular uma resposta concreta e correta na minha cabeça. Esse jantar vai se passar com eles me pondo contra a parede, me pressionando até o último.

"Ah, bom!" Eu puxo todo ar que consigo e volto a soltar. "Eu pensei em continuar com o projeto de expansão das empresas, e lançar uma linha de produtos inovadores e originais." Tropeço nas palavras, ele olha pra minha cara e gargalha.

"Mary me desculpe mas é isso que você quer na frente das empresas lylcon?" Sua voz é carregada de ironia. "Olha só pra ela mal sabe fazer planos, Carol está mais preparada que ela." Todos na sala ficam em silêncio, Carol apenas sorri e acena confirmando as palavras de seu pai. Antes que Mary possa argumentar eu falo sem mesmo pensar antes das palavras saírem da minha boca.

"Só que a empresa era dos meus pais não dela, e se eles queriam que fosse eu a assumir então serei, e não importa qual seja a sua opinião sobre eu estar preparada ou não!" Lágrimas preenchem o meu campo de visão mas não paro de falar, odeio quando me fazem de fraca quando não sou, pelo menos eles não precisam saber disso.

"É claro que está preparada. Mas só se for para falir a empresa da família!" Ele diz rude o que só aumenta a minha raiva.

"Família? Incrível, os únicos que batalharam para ela ser algo foram as duas pessoas que já estão mortas e que agora a 'família' quer só por conta do dinheiro." Me levanto exaltada, sentindo as lágrimas escorrerem pelas minhas bochechas. "Pode falar a verdade, você não dava a mínima para o seu irmão quando vivo, agora só se importa se sou eu quem vai assumir porque tudo o que você mais quer é que sua perfeita filhinha assuma pois você quer estar no poder de algo que não é seu, de algo que nunca te pertenceu, você só estar aqui pra tentar roubar algo do meu pai por inveja!" Grito cada palavra sem arrependimento e antes que eu possa continuar o meu desabafo, meu avô que acabara de chegar me interrompe.

"Alicia!" Grita, tanto meu tio quanto minha avó e cada pessoa naquela sala me olham perplexos porém eu não me importo. Eu falei, eu consegui.

Toda a minha adrenalina se desfaz, as lágrimas se secaram nas minhas bochechas, minha nuca e garganta doem muito, meus olhos estão vermelhos e inchados. Agora estou com vergonha, mas não arrependida, minha avó tem uma expressão de desgosto, tio Cárter está com raiva, isso é mais do que óbvio, e meu avô carrega uma expressão indescritível, corro o mais rápido que consigo e os saltos permitem, tranco a porta do quarto e me jogo no chão chorando. É tão difícil tudo isso, a forma horrível que eu me sinto agora, eu sei que pode ter sido errado a forma como eu falei porém eu não podia deixar ele dizer aquelas coisas de mim na minha frente e ficar quieta. Quem ele pensa que é? Eu tenho a mesma idade da filha dele, ambas são bonitas. E o quê faz ele acreditar que ela é melhor do que eu? Eu queria ter meu pai aqui, queria ter um abraço nesses momentos e alguém me dando os concelhos certos, alguém que realmente me amasse, a falta dos meus pais na minha vida é tão grande, por vezes eu esqueci de quem eu era, da onde eu vim, do que eu sou. É meio estranho você crescer com uma pessoa que não gosta de você e no entanto é do seu sangue.

Why Alicia? | H.S.Onde histórias criam vida. Descubra agora