Talvez Henri fosse a última pessoa que eu achava que ela fosse chamar ou talvez no fundo eu ainda tinha esperanças de que fosse Harry a entrar pela porta. Coração idiota!
"Então bonitinha parece que precisa de uma mãozinha." Seu sorriso é lindo, e a forma como é um cafajeste nato não me surpreende.
"Para você ainda é Alicia!" Sorrio de volta, o mínimo que posso fazer é ter uma noite de descontração com alguém divertido.
Polly vai embora e ficamos apenas nós dois, a conversa flui de um jeito bom mas os analgésicos e nem a minha mente me ajudam muito a manter o papo. A maior parte do tempo me lembro da minha infância, de ser uma criança contente com uma família unida, pelo menos é o que eu pesava ser até tudo virar de ponta cabeça. Nenhuma criança merece passar pelo o que eu passei, perder as pessoas que eu mais amei foi demais para mim, ver o que eu vi foi ainda pior.
"Sabe Alicia desde o tempo que nos conhecemos muita coisa mudou, você mudou e mudou muito." Ele ri e então começo a prestar atenção na conversa. Aceno e pego mais uma batata. "Lembro de você estar passando por um momento ruim aliais que tipo de pessoa chora em uma balada?" Ambos rimos. Me lembrar desse dia é engraçado hoje, foi logo depois de Harry começar a me ignorar, ignorar nosso possível relacionamento então conheci essa figura.
"Até momentos ruins nos pregam peças não é mesmo?"
"Eu tinha acabo de me divorciar e você está mal com algo que nunca me falou, mas eu gostei de ajudar uma garota que parecia meio perdida em seus próprios pensamentos."
"Onde essa conversa vai dar?"
"Não sei, é um caminho desconhecido por mim isso não é um filme que fazemos um roteiro e de vez em quando improvisamos."
"Hoje você está muito intelectual! Voltou a transar?" Brinco, ele gargalha e se senta do meu lado esboçando um sorriso.
"Se você não estivesse tão debilitada poderíamos fazer isso mas, você não vai aguentar o gatão aqui." Não me seguro e rio. Como uma pessoa consegue ser tão convencida. "Nunca te contei mas não é fácil se casar com uma mulher hoje em dia." Ele suspira e se vira para televisão, parei de assistir a muito tempo, ela só está ali como um fundo sonoro para nossa conversa estranha. "Não é fácil ser um cara negro e tão bonito quanto eu, algumas pessoas se sentem intimidada." Ele volta a se virar para mim com um sorriso simpático porém os olhos muito firmes para um brincalhão nato. "Não sei se é por inveja ou por preconceito. Muitas pessoas só me respeitaram depois de terem uma ideia do tamanho que a minha fortuna poderia ser na verdade não ligo, as pessoas não conseguem ser mais do que isso."
"Isso o quê?" Ele ri e vai para cozinha voltando com duas taças e um vinho. "Quem te deu permissão para mexer nas minhas coisas?" Henri da de ombros e me dá a taça. "Isso é uma grande irresponsabilidade em visto do tanto de remédios que estou tomando."
"Você não vai morrer não se preocupe. Mas voltando ao nosso assunto; as pessoas não conseguem ser mais do que gananciosas e frias com as pessoas e consigo mesmas, não preciso de muitas vidas para saber que não evoluíram. Somos a pior espécie."
"Você não precisa pensar dessa forma por causa de um casamento ruim. Afinal qual é o real motivo de termos ido para esse assunto?"
"Ela me traiu, o cara era mais 'bonito' ela jogou fora tudo o que construímos por uma foda." Ele faz aspas na palavra e sei o que quer dizer. Coloco minha mão por cima da sua e acaricio de leve.
"Ela saiu perdendo de qualquer forma, apesar de ser insuportável às vezes você é um cara incrível."
"Então se você não estivesse tão apaixonada por esse babaca você casaria comigo? Qual é Alicia! A quanto tempo você está nessa? Esse cara realmente te merece?"
"Pode parar! Eu não vou cair nessa, e só para te informar não estamos mais juntos." Dou de ombros. Não quero falar nisso, Harry mesmo sem estar aqui já sugou mais que a metade da minha boa vontade de viver.
"Por quanto tempo?" Fico quieta não sou obrigada a respondê-lo a isso.
Mas essa pergunta fica martelando por um bom tempo na minha cabeça. Eu sou tão idiota assim que todos ao meu redor já perceberam e eu não? Pelo menos Mary me jogava essas coisas na cara para me fazer acordar para vida, Henri fez isso mas de uma forma mais sutil. Harry aparece na minha frente com cara de pouco amigos e respiro fundo antes de manda-lo ir.
"Então é assim? Você me expulsa da minha própria casa para colocar esse cara aqui? Vejamos só não somos tão diferente." Fecho os olhos. Até quando ele vai conseguir ser um babaca constantemente?
"Não sei se você percebeu mas ela está assim por culpa sua então porque ao invés de você vim aqui e jogar a culpa nela não faz algo de útil e some?" Henri se põe na minha frente e estou tão desnorteada que não ligo se eles começarem a brigar.
"Por que você não faz uma e sai da minha casa?"
"Só vou sair quando Alicia pedir caso contrário vou continuar aqui." Os dois parecem duas crianças brigando por nada, ambos estão com os punhos formados ao lado do corpo como um macho alfa pronto para marcar território. Só queria saber que território é esse azar que nada é de ninguém aqui.
"A não ser que eu te ponha para fora aliais vale lembrar que a casa é minha."
"Não importa o que você fizer vai ser como nos velhos tempos, eu cuidando dela enquanto você continua a fazer merdas, uma hora ela se cansa e percebe o que é melhor para ela."
"E o que seria? Você? Há faça mil favores, você não passa de um consolo porque quem ela sempre vai amar está bem aqui na sua frente!"
"Você pensa que sabe tudo não é mesmo? Mas todo mundo cansa desse jeito de boyzinho sabe tudo."
Que se foda essa merda toda!
"E quem você pensa que é para me dizer alguma coisa? Você nem ao menos me conhece." Harry chega mais próximo a Henri e me levanto, me apoiando nos móveis e saio, fico no quarto do andar de baixo. Acho que isso é o que acontece quando se mistura remédios com álcool.
Quando acordo estou com um pijama enorme de frio e o tempo está claro, Harry está sentado na poltrona com o celular na mão e bufo.
"Fiz o café, quer comer algo?" Apenas fecho os olhos e volto minha cabeça para o outro lado do quarto. Minha cabeça dói e só o fato de mexe-la dói ainda mais.
"Seu amiguinho foi embora um pouco depois de você dormir. Me desculpei por ter sido um idiota, fiquei com ciúmes e descontei em quem não tinha nada haver." Sinto seu peso do meu lado na cama. "Desculpa."
"É só isso que você sabe fazer não é? Ser um idiota sempre é se desculpar achando que vai mudar algo. Você não cansa?" Fogo ainda de olhos fechados, meu braço está doendo demais e sei que tenho que comer algo antes de tomar os remédios.
"Você está com raiva de mim e tem razões para isso mas será que podemos ter uma trégua no momento." Ele acaricia meu cabelo, respiro fundo. Sinto pontadas na minha cabeça e parece que tem alguém apertando meu braço.
"Sério? Eu propus você ficar longe de mim e vejamos aonde está! Olha eu quero descansar o.k.? Estou morta e a última coisa que quero é ver sua cara." Ninguém fala mais nada e volto a dormir, é o que preciso.
*
VOCÊ ESTÁ LENDO
Why Alicia? | H.S.
Fanfiction"O que eu quero? Eu quero ser feliz por um momento sem que me julguem, eu quero poder ser eu mesma e não levar uma surra por isso. Eu quero crescer, ser quem eu quiser ser sem limitações. Quero poder escrever histórias que mesmo não fazendo sentindo...