Capítulo Cinco - Quando não é para ser, simplesmente não acontece

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Capítulo Cinco - Quando não é para ser, simplesmente não acontece.

~ 7º mês de gestação ~

Minha principal atividade na gravidez tem sido a corrida para o banheiro. Sério. Acho que estou fazendo mais xixi durante a gravidez do que já fiz em toda a minha vida. Exagerada? Não sou não! Se minha urina fosse água potável, o problema de falta de água no mundo acabaria. Ok! Só um pouquinho exagerada.

Está tudo caminhando dentro dos conformes com a minha gravidez. Tenho me alimentado bem, minha barriga tem crescido e a Bia está mais inquieta a cada dia.

A pimentinha já me deu um susto antes mesmo de nascer. No início da semana comecei a sentir algumas dores, que eu achei que estavam fortes demais. Estava saindo do grupo de ajuda, umas mulheres se juntaram e me levaram de carro até o hospital. Liguei para o Dr. Rodrigo antes e descobri que ele estava de plantão.

No caminho para o hospital minha cabeça me levava para diversos lugares e situações, a maioria delas nada favoráveis, como por exemplo, que a Bia viesse ao mundo de sete meses. Sei que muitas crianças nascem antes do tempo, mas isso sempre exige um cuidado maior, mais tempo de incubadora, isso quando não surgem complicações graves. Se o tempo certo do bolo no forno, digo, da criança ser gerada são nove meses é porque ela precisa de cada instante desse tempo para se desenvolver, ficar bem e pronta para nascer, não pode nascer antes. Quando já estava quase na porta do hospital, começou a vir um pensamento ainda pior, que era o de perder a minha Bia. Apertei meus braços em volta da minha barriga, mesmo sentindo dores, se dependesse da minha força de vontade para ela ficar bem e vir ao mundo saudável, ela poderia ter certeza que faria o possível e o impossível para que isso acontecesse.

Encontrei o Dr. Rodrigo na porta do hospital de papo com um enfermeiro, apoiado numa cadeira de rodas. O bolo de nervosismo se formou de imediato na minha garganta. Sabe aquela vontade de chorar tremenda, mas que você segura para se fazer de forte? Pois é, eu estava segurando no carão.

- Dr. Rodrigo o que será que está acontecendo? - Pergunto, quando ele vem me ajudar a sair do carro.

- Relaxa. Vou te examinar e vai ficar tudo bem. - Sinto até vontade de socar uma pessoa que parece tão calma quando eu estou prestes a explodir. Ele se vira para o enfermeiro. - Trás a carruagem da princesa, por favor, Bastião.

Ele fez todos os exames, me perguntando várias coisas bobas. Fez algumas anotações, com a maior tranquilidade do mundo. Não sabia se ele realmente estava tão tranquilo assim ou se era um excelente ator. Bonito ele era, seria um galã e tanto.

- Pelo amor de Deus, fala logo homem. - Não aguento aquela pasmaceira.

- Não é nada demais, você vai ter que se acostumar a dores como essa. O que acontece é que seu corpo já está se preparando para o parto, por isso você já começa a sentir leves contrações.

- Leves porque não foi com você.

- Acredite em mim, foram leves.

- Quer dizer que isso não é nada perto do parto? - Ele sorri e não responde. - Estou ferrada. Olha, vai preparando um caminhão de anestesia, pois vou querer todas que puder ter. Não importa o preço, vendo carro, apartamento, pego empréstimo.

- E eu crente que você iria querer parto normal. - Cínico de doer.

- Só não te bato, pois não trouxe as minhas luvas.

- Calma mulher. Tem mais outra coisa, essa sua dificuldade de respirar que estou percebendo, é normal. O útero está pressionando seu diafragma por isso a dificuldade, daqui a umas semanas isso vai diminuir.

Eliz... (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora