Capítulo Seis - Tem alguma forma de driblar pensamentos indesejados?

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Capítulo Seis – Tem alguma forma de driblar pensamentos indesejados?

~ 8º mês de gestação ~


Tem vezes que penso que minha gravidez está passando rápido demais. Parece que foi semana passada que tive o susto da descoberta, que foi ontem que descobri o sexo do meu bebê e hoje já estou com essa barriga em formato de melancia, onde o serzinho mais importante da minha vida deve imaginar que está num pula pula, pois fica se mexendo sem parar.

Em outros momentos, penso que está passando lento demais, pois tenho tanta vontade de senti-la em meus braços, que queria que meu parto fosse agora.

Sei que não falta muito para tê-la aqui, mas ainda assim parece que falta uma eternidade.

Por ter entrado nas ultimas semanas de gravidez, o Dr. Rodrigo determinou que as minhas consultas passassem a ser de duas em duas semanas, disse que essas últimas semanas merecem um cuidado maior. No final da consulta dessa semana, ele me questionou se eu não gostaria de fazer uma ultrassonografia em três dimensões para ver o rostinho da Bia com mais detalhes. Eu neguei, prontamente, de uma forma tão seca que acho que até o assustei, mas não me preocupei em pedir desculpa e muito menos dar alguma explicação.

Essa pergunta simples, e mais do que normal de ser feita nessa situação, levantou um assunto que vem me atormentando, mas que sempre que surge em minha cabeça dou um jeito de pensar em outra coisa, me ocupar, ligar para alguém, fujo de todo o jeito.

Eu já amo a minha filha, não tenho a menor dúvida disso, mas tenho muito medo que ela seja um reflexo dos traços do pai. E nem sei se é pior ser o do Léo que eu vi, conversei ou ser do comparsa que só possuo lapsos embaçados da sua fisionomia. Tenho consciência que uma imagem, um rosto não significa nada, ser parecido com alguém não significa que terá a mesma índole, o mesmo caráter ou a falta dele.

Também não sei se meu medo para só no fato de ser parecido. Se eu já não lembrasse a cada dia do que me aconteceu, poderia falar que a Bia seria uma lembrança viva, mas nunca jogaria essa carga, esse carma sobre ela. Estava tentando trabalhar a minha mente, firmando o pensamento de que não importava o que acontecesse, de como seria seu rosto ou de com quem ela pareceria, não mudaria o meu amor, cuidado e proteção. Ficava repetindo isso para mim mesma, para acreditar e esmagar qualquer resquício de duvida que pudesse existir.

Senhor me ajude a ser a melhor mãe que eu puder ser. Que eu possa dar todo amor para a minha pequena. Que eu seja mãe e pai suprindo todas as suas necessidades sejam de que tipo for. Eu imploro, me ajude Senhor.

Já estava chorando de novo, parecia que eu só sabia fazer isso ultimamente. Logo eu, que sempre fui firme, agora sempre desabava com facilidade.

Ainda era cedo. Como havia recusado a oferta das meninas e da minha mãe para me ajudarem a arrumar algumas roupinhas da Bia, dadas no chá de bebê, estava aqui dobrando uns macacões, pendurando uns vestidinhos. Nessas ultimas semanas só estava indo para a academia no período da tarde e ficava um tempinho à noite. Eu não estava trabalhando muito, mas ficava cansada mesmo assim, o peso da barriga ajudava muito nisso, além do fato da Bia ser uma pimenta malagueta e não ficar parada por muito tempo.

Hoje ainda teria reunião no grupo. Por falar em academia e em grupo, a Jéssica começou a trabalhar na academia no inicio do mês. Conseguiu creche e escolinha para as crianças ali perto mesmo, quando dava o horário da saída deles, ela os buscava e levava para o setor das crianças na academia, onde estava trabalhando. Conseguia sentir o seu medo, mas ela estava tentando se curar, ficava aflita todo tempo em que estava longe dos pequenos, olhava o celular de dez em dez minutos e só respirava aliviada quando estava com eles por perto, mas via que a cada dia essa aflição ia diminuindo e ela passava a confiar um pouquinho mais a cada dia nessa distancia necessária.

Eliz... (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora