Capítulo Oito – Bem vinda, Beatriz!
~ O parto ~
Não sei exatamente o que eu esperava depois de dar o meu depoimento no grupo. Acho que a minha maior preocupação não era nem "o falar", mas sim, o que viria depois que eu falasse.
Medo besta.
Tinha que haver um filtro para nivelar nossos medos. Esse medo era besta, porque independente da opinião delas, minha vida seguiria, mas mesmo assim precisava de alguma espécie de aprovação por parte delas. Isso era muito louco. As coisas mudam de uma forma tão rápida. No início não queria nem estar perto delas, frequentava por frequentar, para me livrar das pressões da minha família e com o tempo elas foram se tornando tão importantes em minha vida, tão essenciais, que suas opiniões passaram a ter grande significado para mim.
Acabou que contei todo o acontecido, revelei meus medos e inseguranças. E? E nada! Não houve julgamentos, lições de moral, apontamentos de dedos. Nada disso. Não que eu esperasse que haveriam, na realidade não sei o que esperava.
A maioria das mulheres ali, choraram enquanto eu falava, como se pudessem sentir através das minhas palavras, toda a minha dor nos momentos de angustia e minha alegria quando, enfim, decidi fazer tudo o que eu pudesse pela minha filha. Ao término do meu relato, fui abraçada e a minha filha celebrada, como toda criança que está para vir ao mundo deve ser.
Ao me abrir ontem, foi como se tivesse tirando toneladas e toneladas dos meus ombros. Receber o apoio, a força daquelas mulheres que já sofreram tanto, que não demonstravam ter esperança para resolver seus próprios problemas, mas me abraçavam e falavam que tudo ficaria bem, que o pior já havia passado e eu receberia em breve o melhor presente do mundo, é indescritível o valor disso para mim.
Eu tinha plena convicção disso, de que tudo daria certo.
Tem coisas que só vivendo para saber. Isso é uma pena. Porque se eu desconfiasse que me faria tanto bem falar sobre o que me aconteceu já teria falado desde o primeiro dia lá no grupo. Lógico, que não é algo para sair falando com todo mundo, mas lá, eu tinha esse dever para com todas as mulheres que partilhavam suas histórias.
Só sei que estava me sentindo ótima.
Acordei super bem disposta. Meus pais resolveram acampar no meu apartamento ontem e disseram que vão ficar até depois do nascimento da Bia para ajudar. Além disso, falaram que não era bom eu ficar sozinha, podia sentir alguma coisa e seria bom ter alguém para ajudar. Eu amo meus pais e tê-los em casa é uma alegria.
Mais do que alegria. Acordei com um cheirinho maravilhoso de café. Cheguei à copa e uma mesa reforçada estava montada, com tudo o que eu amava, pão quentinho, frios, sonho, leite, frutas. Quase que pedi para eles se mudarem de vez para cá. Eu viraria uma bolinha feliz!
Tinha que ver alguns detalhes na academia, antes de sair, definitivamente de licença maternidade. Fazia muito tempo que não ia tão disposta para lá. Meu pai estava me levando para o meu ultimo dia de trabalho ainda buchuda.
Adorava chegar à academia e encontra-la cheia, só que hoje parecia mais lotada que o habitual. Logo tomei conhecimento que dois funcionários que atuavam no salão de musculação haviam faltado, um estava com dengue e o outro com zika.
Esse desgraçado desse mosquito dos infernos estava tombando várias pessoas. Difícil definir um culpado para essa epidemia que está acontecendo, não basta falar que a culpa é de quem não cuida da sua própria casa, a culpa é também daquele que só reclama e não chega para dar um toque no vizinho. A culpa também pode ser dos governos que não disponibilizaram uma quantidade satisfatória de profissionais para fazer a prevenção nas casas. De qualquer forma, não adianta ficar só reclamando e não tomar algum tipo de atitude para ajudar. Os discursos do tipo "de que adianta cuidar da minha casa se o vizinho não cuida?", tem que parar. Cada um que faça a sua parte.
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Eliz... (DEGUSTAÇÃO)
RomanceAPENAS DEGUSTAÇÃO AVISEI COM ANTECEDÊNCIA O DIA EM QUE SERIA RETIRADA, PRORROGUEI POR MAIS QUINZE DIAS E ESPEREI MAIS UNS CINCO PARA RETIRAR. - ELA SERÁ REVISADA E GANHARÁ CAPÍTULOS EXTRAS PARA IR PARA O AMAZON. SINOPSE Será que os traumas que vi...