Quatro

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O aroma de jasmim invade minhas narinas assim que entro em minha casa. Largo a bolsa e as pastas na mesinha no hall de entrada; deixei alguns em cima da mesa de Jake antes de vir para casa, mas ainda quis algumas cópias... Tentarei descobrir alguma coisa antes da reunião de amanhã. Tiro os sapatos, largando-os embaixo da mesa; Harry faz o mesmo sem que eu precise pedir. Os latidos de meu cachorro soam do lado de fora da casa. Abro a porta da lavanderia e ele pula em cima de mim, acaricio-o brincando com suas orelhas e sorrio para ele, que lambe minhas mãos, meu rosto e me faz cair sentada. Então ele desvia-se para Harry e corre em direção a ele, cheirando sua mão e lambendo-o do mesmo modo que fez comigo. Harry sorri ao vê-lo.

-Achei que...

-Eu tivesse me livrado do Max só porque você resolveu sumir sem mais nem menos? – Interrompo-o, me levantando e sentando na banqueta. – Você não foi motivo o suficiente para eu me livrar do meu bebezão.

Os pelos dourados de meu cachorro balançam à medida que ele balança rapidamente seu rabinho felpudo. A felicidade dele, em ver Harry, é extremamente perceptível. Harry brinca com meu cachorro e um sorriso involuntário toma conta de meus lábios, repreendo-me ao perceber que isso aconteceu, mas a verdade é que eu amei isso. Não imaginava ver essa cena novamente, e, por algum motivo, acho que eu não queria ver está cena, por mais que eu esteja sorrindo feito uma boba, vendo Harry acariciar a barriga de Max, enquanto conversa com ele com aquela voz boba que fazemos para cãezinhos e bebês.

Um turbilhão de memórias atinge-me violentamente, sinto um frio instalar-se em meu estômago. Por que as pessoas resolvem sumir e simplesmente aparecer depois? Por que tudo tem que, invariavelmente, fugir completamente do nosso controle, e nos levar para caminhos diferentes do que imaginamos trilhar? E por que desde que ele apareceu, eu não paro de pensar no "por que" das coisas? Pelo amor, Micaela! Você não é tão vulnerável assim, e sabe muito bem o que quer e quem é

Será? Uma vozinha no meu inconsciente atira e solto todo o ar de meus pulmões.

Talvez não tenha sido uma boa ideia "hospedar" Harry aqui.

- Então, o que vamos comer? – Ele levanta-se do chão, mas antes beija a cabeça de Max, tirando -me totalmente de meu torpor.

-Quinta... Hoje é dia de Pizza porque não estou a fim de fazer nada. – Consto e ele ri nasalado

- Sua rotina não mudou nada. - Harry coloca Max para fora e para a minha frente com os braços cruzados a altura do peito - Nem você. – Um sorriso travesso aparece em seus lábios.

Balanço a cabeça negativamente, rindo fraco.

-Pode ir parando com isso. Você não veio aqui para isso.

- Eu vim aqui para você tentar arrancar informações de mim. – Ele diz como se fosse obvio e retraio-me. – Não sou tão lerdo assim, Micaela. Mas sobre isso, vamos conversar mais tarde. Agora... – Ele chega um pouco mais perto e sussurra – Nadinha? – Seus dedos apontam para mim e para ele e eu reviro os olhos.

- Não. E, como você mesmo disse hoje de manhã, eu tenho namorado. – Sorrio cinicamente.

- Mas não foi você quem disse que ele não era seu namorado? Por que ele é agora? – Por que raios ele faz isso?

- Voltamos. – Digo como se fosse óbvio, dando de ombros, e vejo um esboço de incerteza surgir em seu rosto. Me divirto com isso. – Você está aqui para me ajudar voluntariamente, e vai dormir na minha casa, porque até onde sei, não tem para onde ir, e não finja que ia para um hotel, não sou tão lerda assim, Harry – Repito suas palavras e lanço-lhe uma piscadela; então ele gargalha. - Não está aqui para ficar de graça. Estamos entendidos? – Ele assente.

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