Vinte e quatro

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Dos últimos seis dias, esse é o primeiro em que consigo parar sem pensar em nada, mesmo que não tenha acabado tudo. Foi a primeira noite que consegui dormir sem acordar preocupada com minha família, qualquer um dos meninos ou com Jake; Foi o primeiro dia em anos que dancei outra vez, por mais incrível que pareça, foi o dia mais tranquilo até agora, desde que Harry se entregou. Encaro a xícara em cima da mesa, sem motivo aparente, simplesmente aproveitando o momento de paz que estou tendo.

Depois de dois anos, finalmente vamos acabar com tudo isso.

Meus olhos correm curiosos, mais uma vez, pela casa de Jake. Ainda há algumas caixas lacradas em alguns cantos. Ainda não consigo acreditar que ele cedeu sua casa para mim e Harry; quando segui MacMillan para fora do bar, imaginei que iriamos para qualquer lugar, menos para casa de Jake Waters. Harry dormiu na sala, enquanto eu, dormi em um quarto de hospedes. Waters não voltou para casa, mas deu um jeito de nos avisar que estava tudo bem.

- Levanta, tira a camiseta. - Harry aparece a minha frente segurando uma caixinha e a coloca em cima da mesa.

Trocamos apenas algumas palavras desde nossa briga ontem á noite.

- Não vai nem pedir por favor? - Rolo os olhos para cima e coloco-me em pé, subindo minha camiseta.

- Tira isso logo. - ele força um sorriso e largo a camiseta, cruzando os braços. - Por favor.

Semicerro os olhos e arqueio uma sobrancelha.

- Ah, qual é? Totalmente profissional. - Ele abre a caixinha e começa a vasculha-la.

- Claro... - Desço as mãos para a cintura.

- Olha... - Ele puxa da caixinha um microfonezinho. - É uma escuta. É nossa melhor opção, e foi o melhor que Matthew conseguiu, no meio de toda essa confusão.

Suspiro e deslizo a camiseta por meu tronco, enquanto Harry ajeita os fios. Coloco a camiseta sob a mesa e quando volto meu olhar para ele, seus olhos não estão no fio, tão pouco em meu rosto.

- Algum problema, MacMillan? - Arqueio a sobrancelha.

- Sutiã bonito. - Ele diz após um tempo em silêncio; então baixa a cabeça, suspira e termina de ajeitar o fio em suas mãos.

- Obrigada. - Mordo meus lábios evitando a vontade de rir. - Posso arrumar um para você, se quiser.

- Não, obrigado. - Ele cola o microfone no meio de meu sutiã, entre meus seios.

- Melhor opção para quê? - Retomo o assunto. Seu olhar sobe até os meus. Há algo diferente em seus olhos, alguma coisa que não consigo decifrar.

- Caso alguém comece a falar com você, porque... - Harry está realmente se enrolando para falar? - Por algum motivo, as pessoas resolvem falar com você.

Ergo os braços quando ele passa o fio por minha costela, e cola, depois leva as minhas costas e cola também. Contraio-me quando seus dedos encostam o ferimento, quase cicatrizado. Percebo que seu olhar para nele por um instante antes que ele continue falando:

- Você vai à casa de West, precisa disso. - Ele prende o fio na alça de meu sutiã na parte de trás.

- Sabe que ele não vai se incriminar para mim, não é? Vai ser perda de tempo gravar alguma coisa.

- Não estou fazendo isso para gravar ninguém. - Sua voz rouca, próxima a meu ouvido, faz os pelos de minha nuca se eriçar. - Estou fazendo isso para falar com você, para saber se você está bem.

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