Vinte e três

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Assim passo pela porta, por fim, olho para meu braço. Os dedos de MacMillan estão estampados nele, mas não sinto dor. Não sinto nada.

Tendo entender o que foi que acabou de acontecer, afinal, se Gabriel realmente faz parte de tudo, por que contou a Jake sem sabermos que ele faria isso? Há peças faltando nessa história. Se Waters me falou a verdade, se o aviso que Mills havia me dado que contaria a ele é verdade, por que esse desentendimento com Harry? Levo em consideração que ele estava bêbado, e que chegou até a me chamar de Micaela, mas, mesmo assim, não faz o mínimo sentido.

Entro na sala onde Jake está e o encontro algemado a uma cadeira. Eu o avalio por alguns instantes. O que Harry me disse a pouco, vem a minha mente e tenho certeza que não consigo disfarçar a cara de desprezo que faço. Se o que MacMillan me disse, sobre Waters ser filho de West é real, creio que tenho motivos o suficiente para desconfiar que ele acabara de me enganar.

Confiança.

Meu pai sempre me ensinava que após quebrar a confiança de alguém, tem que se ter muita paciência, porque o processo de reconquista é árduo. Percebo então que ele não parece ter perdido sua confiança em mim, mesmo com tudo o que aconteceu, entretanto, eu perdi minha confiança nele no instante em que Harry disse a mim quem ele é. Pergunto-me diversas vezes se eu realmente cheguei, em algum momento, a confiar verdadeiramente no loiro; chego à conclusão que sim, porém ela se fragilizou no dia da confusão durante a madrugada, na casinha de madeira.

Há pouco disse a ele e depois a Harry, que confiava nele, porém não tenho mais certeza disso.

- Quem é você? - Indago a ele, apenas cruzando os braços. Minha voz sai quase como um sussurro.

Ele parece não entender a principio. Apenas me encara confuso. Continuo encostada no umbral da porta, esperando uma resposta. Se Matthew disse que nos ouvia lá de fora, tenho certeza que Waters ouviu nossa discussão, logo, ele sabe do que estou falando. O loiro demora a se dar por vencido e quando finalmente o faz, baixa a cabeça e suspira.

- Ele tem razão. - Seu olhar sobe até o meu e há tristeza neles, mas não consigo acreditar que seja real. - Eu sou filho do West, mas quero-o na cadeia tanto quanto vocês. Por isso vim atrás de vocês. Você disse que confiava em mim, então me solta e vamos conversar.

- Podemos conversar com você assim, eu não vejo problema. - Minha postura não vacila, mas a sua sim.

- Quando Gabriel me contou sobre West, logo me dei conta que o sobrenome não era uma coincidência, disse a ele imediatamente que queria ajudar; eu lhe passaria todas as informações que eu tinha, mas tenho certeza que Tyler descobriu que eu queria os ajudar, e, com certeza, foi ele quem ajeitou a minha transferência para cá, mas ele não parecia saber que vocês também viriam para cá. Mills me disse que eu deveria vir atrás de você e de Isacc. Eu o vi falar com o Isacc ao telefone e informar isso.

Dou passos curtos até ele e paro a sua frente. Fito seus olhos e os avalio em busca de sinais que demonstrem que ele mente.

- Por que você quer seu pai preso? Eu não sou idiota e você sabe que não faz o mínimo sentido.

Por instantes, vejo-o relutante. Então paro um instante para pensar, e recordo-me que no tempo em que namoramos, eu sempre evitava o assunto família, simplesmente por não querer mentir para ele a respeito de minha família, mas sempre que o assunto vinha a tona, eu não era a única a querer acabar com o assunto, ele queria fugir de todas as maneiras possíveis.

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