- Então, agora você atende por Mary? - Enrijeço ao ouvir essa pergunta. Enfio o papel outra vez no bolso.
Essa voz... Tento me convencer de que é mentira, mas ao me virar e ver o cabelo loiro totalmente bagunçado e a expressão totalmente impassível que estampa-lhe a cara, não tenho reação imediata. Como isso é possível? Ele me seguiu até aqui? Ele irá me prender aqui e agora?
- Quantos nomes você tem, afinal? - Sua provocação não me irrita, mas me atinge como um soco na boca do estômago.
Como posso dizer a ele que eu não queria engana-lo e que queria contar-lhe a verdade todos os dias? Em seu rosto está estampado algumas perguntas que ele ainda não fez; até se esforça para oculta-las, mas falha miseravelmente. Ao avalia-lo, percebo que ele não veste roupas sociais, como de costume, tão pouco aparenta estar com colete a prova de balas por baixo da roupa. Não há nenhum sinal de armas junto a ele.
Ele não veio a trabalho; não é possível que se arriscaria tanto, estando tanto vulnerável. Vê-lo com outras roupas senão suas roupas sociais, chega a ser reconfortante. Mas o que ele veio fazer aqui? Meu estômago se contorce.
- O que você faz aqui? - Mordo meu lábio por puro nervosismo.
Seus lábios são levados até o copo e ele ingere o restante do líquido, coloca o recipiente encima do balcão e me encara. Tento encontrar nele qualquer coisa que me dê motivos para desconfiar que ele está aqui para me prender, mas não há nada. Não aparente. Meus olhos percorrem devagar e discretamente por todo o ambiente, em busca de rostos de agentes conhecidos ou disfarçados, ou até mesmo alguém armado.
Nada.
- Você não respondeu a minha pergunta. Suponho que para termos uma conversa, minimamente decente, preciso ao menos saber seu nome. - Ele faz uma pausa, inclina seu corpo em minha direção e completa - Verdadeiro, de preferência.
Essas palavras me atingem com força brutal e por instantes não consigo respirar. Ele sabe. Sabe quem eu sou. Sabe que menti para ele. Ele realmente está aqui, não sei ao certo ainda se apenas em busca da verdade, ou para me prender. Fico em silêncio e simplesmente levo meu olhar até o dele, que avalia cada movimento que faço, com cautela. Não aparenta estar com raiva ou nervoso. Nenhuma gota de suor escorre por seu rosto, sua respiração está regular, bem como sua fala, que não desacelerou. Não há nele o mínimo sinal de esforço mental. Ele, definitivamente, não está aqui a trabalho.
Mas por onde começar?
- Olha, Micaela, eu... - Levanto minha mão, interrompendo-o.
- Mary. Meu nome é Mary Amy Allen. - Solto de uma vez.
Uma expressão de alívio se instala em seu rosto, confundindo-me.
- Micaela Dallas era um nome falso para que não descobrissem em que eu estava envolvida.
A expressão em seu rosto não oscila um instante se quer.
- Então, Mills me falou a verdade? - A menção sobre Gabriel me confunde.
Ergo as sobrancelhas e franzo o cenho; ele contou a verdade para Jake, mas por quê? Imediatamente minha desconfiança passa para ele, não entendo. Então recordo-me de minha última conversa com Gabriel. Jake logo saberá a verdade, então, se eu fosse você, agiria logo. Ele me avisou que contaria, mas não imaginei que isso era parte do plano. Desconfiança toma conta de mim outra vez.
VOCÊ ESTÁ LENDO
FIX YOU
Fanfiction|CONCLUIDO| Ela poderia simplesmente fingir que tudo continuava exatamente igual, que não havia nenhuma mudança; ela poderia dizer que não voltaria, que continuaria a fazer o trabalho pelo qual se apaixonou; mas ela sabia que, de verdade, não era is...