Levanto-me do gramado e limpo minha roupa. Harry estica a mão em minha direção e o ajudo a se levantar. Quando me viro e vejo a casa, minha casa, um turbilhão de pensamentos atinge-me violentamente. Revivo cada lembrança, cada momento que vivi nessa casa, em instantes. Meus pés caminham sozinhos em direção à porta da casa e para antes de subir o primeiro degrau. Viro-me para Harry que caminha em minha direção.
Respiro fundo e toco a campainha.
Todo o meu medo agora é sobre qual será a reação de minha mãe a me ver. Não nos falamos mais quando comecei a trabalhar no FBI, tudo foi por proteção a ela; não podia contar a ela o que estava acontecendo, mas manter contato a colocaria em risco, junto com meus irmãos; mesmo tendo motivos, sempre me machucou o fato de não poder falar com ela. O trinco da porta gira devagar e aporta é aberta. Por segundos procuro quem é que abriu, sendo que, em meu campo de visão, não há ninguém, aí, baixo meu olhar e vejo a garotinha encarar-nos. Seus cabelos estão mais claros, um caramelo alaranjado; sua roupa está suja de tinta, bem como seu rosto. Ela deita a cabeça para o lado e alterna o olhar entre mim e Harry.
Ela não me reconhece?
- Jenna, se eu mandei você esperar, era para esperar, não era para você vir abrir... – Minha mãe vem no corredor, atrás dela, mas para ao me ver.
Ela continua tão linda quanto da última vez que a vi. Seu cabelo mel está perfeitamente arrumado, ela veste um vestido amarronzado de manga comprida, uma meia calça, aparentemente grossa, e um scarpin, não está maquiada, mas pelo modo como seu cabelo está preso, suponho que ela está prestes a fazê-lo. Um sorriso vacilante está no canto de seus lábios.
- Você se parece com a minha irmã. E você com o namorado dela. – A pequena aponta para mim e depois para Harry.
- Então quer dizer que eu só pareço com o Harry, solzinho? – Ele põe a mão na cintura e curva-se um pouco.
Um sorriso ilumina o rosto de Jenna e ela corre para os braços de Harry. Mas não fico muito tempo olhando para aquela cena, apenas fico hesitante em relação a minha mãe. Antes que eu possa pensar em fazer qualquer coisa, ela vem em minha direção e lanço-me sobre ela, sou envolta por seus braços da maneira mais carinhosa e delicada possível. Sinto-me uma criança medrosa, aperto-a como se eu dependesse disso e deito minha cabeça na curva de seu pescoço, as lagrimas que eu continha já rolam por meu rosto lambuzando-me totalmente.
Como eu senti falta desse abraço.
Antes de me soltar, mamãe ainda me aperta mais um pouco e, com isso, lembro-me do ferimento na lateral de meu corpo. Ignoro a dor, por não querer preocupar minha mãe com isso. Quando afasto-me um pouco, vejo que não era a única a chorar. Não precisamos dizer nada uma a outra para transmitir cada sentimento. Os sons a minha volta que haviam sumido por completo, voltam a estar presentes e ouço as risadas de minha irmã. Minha mãe e eu começamos a rir junto a Jenna, sem motivo aparente.
Desvencilho-me dos braços de minha mãe e viro-me para Harry e Jenna. Ele faz cocegas em sua barriga e sorri para ela; quando percebe meu olhar sobre eles, cochicha algo no ouvido da pequena que para de rir no mesmo instante, mas não de sorrir.
Jenna hesita em fazer o que quer que seja e olha para Harry, que a encoraja, sorridente. A pequena cerra os punhos e deita a cabeça para o lado. Ela faz isso desde bebê, quando está confusa ou curiosa.
- Mary? – Ela me chama, desconfiada.
Meus olhos enchem- se novamente e meu corpo desaba no chão, a medida que ela corre em minha direção. Aperto-a contra meu corpo, sem me importar com a dor que sinto. Abraço-a como se toda a saudade que senti fosse se esvair só nesse abraço. O cheiro de camomila de seus cabelos invadem minhas narinas e me acalma. Suas pequenas mãozinhas agarram meu cabelo e percebo que não era a única a desejar tanto esse abraço.
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FIX YOU
Fanfiction|CONCLUIDO| Ela poderia simplesmente fingir que tudo continuava exatamente igual, que não havia nenhuma mudança; ela poderia dizer que não voltaria, que continuaria a fazer o trabalho pelo qual se apaixonou; mas ela sabia que, de verdade, não era is...