Vinte e seis

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A primeira vista, não há nada que dê a entender se é apenas um quarto, ou se é o quarto de West. O cômodo é bem grande. Uma coluna, entre a janela, divide o quarto em dois ambientes, em um, uma cama box impecável, está encostada na parede no meio do quarto, um lustre, luxuoso, pende do teto a esquerda da cama, e ao lado dela, há um criado mudo, com um porta retrato em cima e um baú embaixo dele. Um pequeno sofá, com almofadas, está um pouco à frente da cama. Janelas imensas, ocupam toda a parede ao meu lado direito, cobertas por cortinas brancas, leves. No outro ambiente, um sofá, com algumas almofadas, e dois abajures, um de cada lado, estão a frente da janela. Na parede, uma televisão imensa. Um tapete felpudo adorna o chão desse lado. Ao lado esquerdo, uma escrivaninha e uma cadeira. Em cima dela há um notebook, um bloco de notas e na parede, alguns diplomas, certificados e medalhas.

Mas não avisto nada que se pareça com a caixa que Matthew me descreveu. Passo os olhos por todo o cômodo mais uma vez.

Nada.

Jake está vasculhando a escrivaninha e o computador, mas não parece haver nada que nos ajudará. Depois de muito percorrer o quarto, reparo em uma coisa; ele é menor do que aparenta ser por fora. Abro a porta e avalio a parede do lado de fora, então aproximo-me e passo a contar os passos da última porta até a porta do quarto. Cinquenta e sete passos. Entro no quarto e faço o mesmo, da porta até a parede da escrivaninha. Vinte passos.

- Tem alguma coisa atrás dessa parede. - Aponto e Jake larga o que está fazendo e vem até mim.

- É uma parede falsa? - ele indaga e passa a apalpar a parede.

- Cinquenta e sete, lá fora; Vinte, aqui dentro.

- Vai do outro lado, fecha os olhos e quando eu mandar você abre e me diz se vê algo diferente nessa parede.

Faço o que Jake diz. Vou para o outro lado do quarto, de cabeça baixa. Fecho os olhos e me viro. Percebo que a luz é apagada. Posso ouvir Jake bater levemente na parede, provavelmente procurando alguma parte oca.

- Abre. - Ele diz e abro, no mesmo instante em que ele acende a luz outra vez.

Se não estivéssemos procurando nada, eu acharia que estou louca; consigo ver nitidamente o recorte de uma porta na parede. Corro até lá e passo a apalpar e bater.

Oco.

Achamos. Tento puxar, levantar, empurrar, mas nada acontece. A parede continua imóvel. Sei que tem algo aqui. Jake passa a fazer o mesmo que eu estava fazendo, enquanto observo atentamente a porta, em busca de qualquer detalhe que não percebi antes. Waters, parece procurar algo que possa abrir a porta, tipo um botão. Encaro a parede, pensando em uma solução. Espalmo as duas mãos nas extremidades do que imagino ser a porta e empurro. A porta se destaca, desencaixando da parede, para trás. Eu e ele nos entreolhamos e sorrimos. Corro a porta para um dos lados, e uma sala é revelada.

É um escritório, e, assim como o restante da casa, é maravilhoso. O local é todo rústico, com tijolos aparentes. Uma mesa, de madeira, está centralizada; em cima dela há livros, uma luminária, um computador, agendas, canetas, diversos papeis espalhados, um porta copos, com um copo com um restinho de alguma bebida. A parede ao fundo é tomada por uma estante repleta de livros. A parede a minha esquerda, está forrada de fotografias em diversos quadros; após observa-las concluo que 80% são com mulheres, 15% com celebridades e o restante, com algumas crianças. Do outro lado há uma pequena sala de estar, mais clássica e clara, como contraponto, mas, os sofás capitonês mantém o estilo acolhedor e imponente do lugar. Um grande quadro está pendurado na parede, e, ao lado um aparador está com algumas bebidas e um jarro d'água. Seu barzinho particular. Uma prateleira, com troféus e diplomas, enfeita a parede acima do aparador.

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