FIX YOU

Vinte e cinco

O estilo do Black Focus Miami, segue o padrão de todos os outros. Identifico o ponto em que faremos o flashmob e, disfarçadamente, acho algumas pessoas. Aceno discretamente e paro próximo a uma mesa, onde um cara parece estar faturando muito, ao que parece, se ele perder essa rodada, perde tudo, e, a partir de agora, o dinheiro vai para o bolso de West, não mais para os MacMillan's, nem para os Evans. Procuro um relógio, e acho um no pulso de uma mulher: Falta um minuto. Ao constatar isso, meu coração dispara, as famosas borboletas no estômago se manifestam e sorrio involuntariamente. Havia me esquecido dessa sensação.

Passo a contar mentalmente esse minuto, mas parece ser infinito, ele se arrasta e tudo ao meu redor parece passar lentamente. Desamarro discretamente o sobretudo, vinte segundos, não acredito que terei de deixa-lo para trás, é tão bonito. Embrenho-me mais á multidão, ninguém percebe a minha presença, todos estão focados no jogo. Um garçom me serve uma taça de champanhe e minha mente vaga para o dia em que Harry e eu nos camuflamos a multidão em Londres, da mesma maneira que estou fazendo agora. Um sorriso, que tento conter em vão, ilumina meu rosto, quarenta e três segundos. A iluminação do grande "BF" central diminui, mas isso não é algo que as pessoas percebam, já que a iluminação oscila, alternando suas cores, a todo instante. Vejo Ryan, posicionar-se a frente das duas letra. Ele veste um terno preto e uma camisa vinho, cinquenta e oito segundos, quando ele abaixa a cabeça e coloca sua máscara preta, eu sorrio.

É agora.

A entrada suave com o violão surge e vai aumentando gradativamente, os focos de luz vão mudando de lugar e a iluminação de todo o cassino diminuindo. Pergunto-me como Matthew conseguiu o controle das luzes, mas logo deixo isso de lado. Tenho dó desse cara que está jogando, vou destruir o jogo dele completamente, já que os funcionários não estão avisados sobre o flashmob. Mas aí, o croupier pisca para mim e levanta-se de sua cadeira: ele sabe.

Abaixo a cabeça e coloco a máscara veneziana, tiro o sobretudo de vez e deixo-o cair no chão. Conforme a melodia cresce, subo na cadeira e depois na mesa, desfilo até o centro da mesa. Todos os olhos estão em mim e aí, um dos focos de luz para sob mim. Quando abro as pernas, batendo os pés firmemente na mesa, há o impacto do bumbo elétrico. Seguro a saia do vestido, chacoalho-a e só então identifico o restante dos dançarinos. Estão ao redor da mesa como combinado. Na mesa, do lado direito de Ryan, Dakota faz a mesma coreografia. Ryan segue seus passos e movimentos, com uma suavidade indescritível. Os dançarinos ao redor da mesa levantam-me parcialmente e continuo a movimentar os braços, fazendo pequenas ondulações.

Eles me soltam e passam a afastar-se da mesa em um circulo perfeito. Deito sobre a mesa e um dos dançarinos, que identifico ser Luke, já está a minha frente, jogo a cabeça para trás e uma de minhas pernas também, Luke engatinha até mim e apoio a perna sob seu ombro, com a outra perno, empurro-o delicadamente, ele se joga para trás, dando a entender que o rejeitei. Sou erguida, por dois dançarinos que estão a beira da mesa, pelas mãos e movimento as pernas no ar. Olho para Ryan. Chegou a hora.

This is it, the apocalypse, whoa.

A edição de Matthew a música, faz a mesma silenciar-se nesse momento e, apenas algo como batidas de coração, tocar. Tenho cinco segundos. Corro pela extensão da mesa e pulo. Posso ver Dakota fazer o mesmo em direção a Theo, do outro lado das letras. Caio perfeitamente no colo de Ryan. Uma de minhas pernas o rodeia, enquanto, a outra, desliza até o chão. Suas mãos seguram as minhas descem para minha cintura, me erguem no ar e depois me juntam a seu corpo. Empurro-o e dou a volta em mim mesma, ele me puxa para si , enquanto estou de costas. Por um instante, o ar me falta. Ryan vira-me para si. Ambos abaixamos, nos desvencilhamos e quando levantamos, todos os dançarinos são o foco. Há três em cada mesa, das que estão próximas as iniciais, e ao redor delas, eles a cercam.