Treze

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O movimento ainda não é intenso, o que nos favorece em partes, mas, ainda assim, há uma grande quantidade de pessoas por todos os lados.  Algumas dessas pessoas parecem estar ali há horas, talvez dias, e ao menos percebem. As maquinas engolem seu dinheiro  a medida que eles jogam querendo cada vez mais e mais. Outras, bebem em suas taças, esbanjando suas roupas caras e extravagantes, apostando suas fichas em números; umas comemoram, outras não, mas todas tem algo em comum: a confiança no dinheiro e sua possível sorte.

                Tudo aqui se resume a isso. Perder todo o dinheiro enquanto tenta, incansavelmente ganhar um terço do que tinha em jogos retóricos e viciantes.

                Harry, a minha frente, fala com o segurança que abre a porta para nós, revelando-nos um corredor. Passamos pela muralha que é o cara uniformizado e ele apenas nos cumprimenta com um aceno de cabeça, antes de fechar a porta. As luzes acendem.  Há um imenso carpete vermelho por todo o corredor, contrastando com o tom amarronzado das paredes amadeiradas, dando um ar rústico a tudo. Atravessamos o corredor no mesmo silêncio que predominou entre nós desde que saímos do trem.

                Não consegui responder nada a ele, por falta de coragem e ele, não pareceu se importar. Então, não trocamos uma única palavra desde então.

                O cabeludo para frente da terceira porta e digita a senha na fechadura, girando a maçaneta em seguida. De repente, sinto-me em casa outra vez. Alguns pares de olhos são direcionados a nós, sou atingida pelo calor do aquecedor.

                - Olha só, eles chegaram vivos. – William diz em tom brincalhão e ele e Matthew comemoram, nos convidando a sentar.

                Um sorriso invade meu rosto, e, finalmente, relaxo meu corpo, sentindo-me completamente a vontade.

                - Vivos sim, mas inteiros... – Matthew comenta sem desgrudar os olhos do computador.

                Sempre me perguntei como ele consegue ter a capacidade de ver tudo a sua volta sem tirar os olhos desse computador.

                - O importante, é que estamos aqui. – Harry diz, pegando duas taças na mesa. – Tivemos apenas um pequeno imprevisto no caminho.

                - Pequeno? – Will gargalha.

                - Quanta modéstia. – Matt completa e reviro os olhos.

                - Quietos. Estávamos apenas fazendo uma entrada triunfal.  – Comento e todos riem.

                - Foram muito bem sucedidos. – William pisca para mim e muda de assunto.

                Sento-me no sofá e ele entrega-me uma taça, servindo-me champanhe. Estico-me até a mesinha e pego alguns petiscos. MacMillan senta-se ao meu lado, rindo de alguma piada que William fez. Isacc chega pouco depois de nós e comemoramos também. Olho ao redor e não encontro Niall, deduzo que ele deve chegar em breve. Conversamos sobre coisas totalmente irrelevantes, e, pela primeira vez em muito tempo, sinto-me realmente em casa, sinto-me realmente feliz.

                Por vezes, pego Harry olhando para mim sorrindo, e pergunto-me o que se passa em sua mente.

                Aos poucos a calma vai me invadindo e a adrenalina em meu corpo vai sumindo. Em uma mesa no canto da sala, avisto alguns doces. Levanto-me e tudo a minha volta fica meio turvo. Por instantes, penso que acabei bebendo mais champanhe do que deveria, mas a medida que caminho em direção a mesa, tenho a certeza de que não é bem isso. Não ouço mais nada a minha volta, meu corpo fraqueja. Tento dizer qualquer coisa, mas não consigo, até que tudo a minha volta simplesmente escurece.

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