Diário do Aluno#4 Primavera

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 O dia começou bem corrido, acordei cedo, fiz minhas tarefas matinais como tomar café da manhã, arrumar a minha cama e encontrar meu quarto sem o meu colega de quarto que mal aparece, ele parece até um fantasma, creio que ele não gosta d...

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O dia começou bem corrido, acordei cedo, fiz minhas tarefas matinais como tomar café da manhã, arrumar a minha cama e encontrar meu quarto sem o meu colega de quarto que mal aparece, ele parece até um fantasma, creio que ele não gosta de mim, acho que falei demais com ele das últimas vezes que vi, porém mal tenho tempo para procurá-lo ou conversar, pois a partir de hoje começaram minhas aulas sobre gestões e matemática avançada e como sempre tudo se acumulou, elas encheram minha cabeça como em uma lata de lixo e isso me deixou estressado por um tempo.
Hoje o dia amanheceu ensolarado, e como sempre tento estar entusiasmado para as tarefas, porém é muito cansativo. No meio dia, o sinal tocou para o almoço e o professor que estava lecionando nos deixou por mais um tempo até que conseguisse explicar toda matéria e muitos ficaram com tédio, pois queriam ir logo almoçar, e eu também queria, estava com a barriga vazia.
Minutos depois, o professor liberou e caminhei até o grande refeitório com o restaurante universitário integrado a ele. Havia uma fila imensa para pegar o prato com a refeição, a fila tinha vários universitários e professores, e ela se estendia para fora do refeitório, portanto, não tinha muitas escolhas mesmo, pois também não quero gastar dinheiro com lanches e outras coisas, então encarei a fila.

E nestes minutos tediosos, finalmente chegou minha vez e peguei um prato de porcelana branca e andei até os balcões de salf-service. Logo em seguida, com meu almoço em mãos e ter passado por várias pessoas, veio outro problema, onde iriei me sentar?
Procurei um lugar naquele refeitório imenso e bem largo, mas era todo coberto por altas janelas de vidro com a vista da avenida ao lado do prédio da universidade. Todos os lugares estavam vagos, mas nas mesas reservadas haviam lugares únicos para sentar, mas tive vergonha em me sentar ao lado de estranhos, mas apareceu uma sorte no meio disso:
— Oi David... que coincidência hein... — disse Candece me abraçando e também tentando segurar sua bandeja com seu prato e uma caixa de suco de uva com uma mão, — está procurando um lugar para sentar?
— Sim, estou, o lugar inteiro está lotado — respondo olhando ao meu redor enquanto seguro com as duas mãos na minha bandeja com meu prato, colheres de plástico e uma caixa de suco de uva que também me ofereceram.
— Ótimo, então vem comigo, vamos sentar com o pessoal, eles tão lá no final — afirmou Candece começando a andar para frente.
— No final?
— Sim, chegamos mais cedo hoje para pegar os melhores lugares do refeitório...
Em seguida, apenas segui Candece até o final do refeitório onde estava as altas janelas e lá ficavam as mesas redondas, diferentes das mesas comuns do refeitório que eram quadradas e pequenas.
Candece como sempre estava vestindo uma roupa bem hipster, com uma toca amarela e vários acessórios em seu pulso. Também ela vestia um short jeans curto ciano meio rasgado, uma camisa com vários desenhos e uma jaqueta jeans azul com as mangas arregaladas. Observando Candece, não consegui tirar da minha cabeça Amy, talvez seja minha paixão por ambas, mas Candece me lembrava ela, porém era mais alta, não tão magra e não tinha um leve sotaque britânico.
Chegamos até as mesas redondas que estavam ao lado das janelas com uma vista bonita, certamente era o melhor lugar do refeitório. Encontrei todo o resto do grupo, Pedro, Ryan e Nethalie juntos e ao lado deles nas cadeiras estavam suas mochilas.
Ao me aproximar, sento-me ao lado de Candece à minha esquerda, enquanto estava Pedro à minha direita, e deram boa tarde para mim e retribuí, todos estavam almoçando e conversando e estar naquele meio dentre eles foi tão bom. Então entrei na conversa deles, e falavam sobre os colégios onde estudaram. Estava meio de fora, pois não entrei na conversa sobre esse assunto em particular e Candece começou a rir com os comentários de Ryan sobre ser uns dos melhores em seu colégio, mas não quero me gabar, pois fui o melhor da turma no Ensino Médio. Enfim, Pedro percebeu que estava de fora da conversa deles e então me puxou na conversa:
— Ei David, onde estudou antes de vir pra cá? — perguntou Pedro com seu sotaque latino.
— Eu estudei numa escola pública no Queens, creio que não devem conhecer... — respondo com todos colocando atenção em mim, — mas em minha turma era o melhor, fui quatro vezes seguida o melhor da turma nos semestres.
— Nossa, impressionante, deve ser muito bom, temos que valorizar isso, pois tirar notas ruins se tornou um paradigma juvenil — respondeu Pedro soltando um pouco das risadas do resto do grupo — e o que está achando daqui?
— Eu acho esse lugar bonito e estranho, mas é uma questão de tempo até me acostumar... — respondo imaginando em tudo o que aconteceu até agora.
— É já está gostando de alguém daqui? Olha, tem muita diversidade — perguntou Pedro meio ousado.
— Eu não estou ligando muito em namorar agora, mal tenho tempo, e além do mais a última garota com quem me relacionei se foi, então... — menciono Jane.
— Ah, sinto muito, sei como é isso, elas deixam a gente e faz a gente sofrer, é uma merda... — consolou Ryan se aproximando mais de mim.
— Bem que podia ir com a gente numa festa? — convidou Candece.
— Festa, não estou sabendo de nenhuma festa — respondo.
— Uma fraternidade daqui vai fazer uma festa grande na casa deles, na cobertura pra iniciar as atividades e outras ações deste ano, ela vai começar às onze da noite... você pode ir? — enclareou Candece para mim.
— Ótimo então, eu vou...
— Tudo bem, eu mando as informações por mensagem já que tenho seu número.
Com o convite de Candece, fiquei bem animado com tudo isso, será minha primeira festa nesta universidade e estou ansioso para me divertir e esfriar a cabeça. Ao ter esse convite, animou meu dia que começou estressante.
Com o passar do tempo o grupo de Candece teve que ir embora para suas aulas e infelizmente não faço parte da turma deles. Com o fim do almoço, joguei fora o lixo e depois guardei a bandeja junto com as outras num balcão no meio do refeitório para recolher as bandejas sujas. Com a barriga cheia, andei até o banheiro, queria escovar os dentes, mas o banheiro masculino estava cheio, então tive que esperar para ter um lugar. Mesmo esperando, minha vez chegou e escovei os dentes, fiz minhas necessidades para não precisar fazer depois da aula, e corri com o tempo apertado para  a minha próxima sala para a aula que teria.
Chegando na porta da sala da qual terá a aula, tentei abrir, porém ela esteva fechada por enquanto, então resolvi esperar uns dos professores chegar. Sinto então meu celular vidrar em meu bolso da calça e percebo que era uma notificação. Então pego meu celular para ver o que era, entretanto era uma mensagem de Candece com as informações para a festa da fraternidade, e o endereço dava próximo de umas das pontes de Manhattan, mas é distante da universidade, então usarei um Uber que vai facilitar minha vida. Procurando o prédio onde acontecerá a festa no mapa digital, acabo tendo uma surpresa:
— Oi David, como vai cara? — perguntou um jovem que não conhecia, ele tinha a minha altura, e usava umas roupas casuais como as minhas, porém seu porte física era maior, certamente ele faz musculação. Ele tinha cabelos escuros, peles tons de café, e com um corte de topete que ajudava seu rosto oval.
— Oi... — respondo timidamente tentando reconhecê-lo, mas não consegui, — e quem é você?
— Ah, me desculpe, achei que me reconheceria, sou Dylan, Jane falava bastante sobre você — respondeu Dylan dando um aperto de mão em mim.
— Espera aí, você é o Dylan, o primeiro namorado de Jane que foi com ela na Carolina do Norte — tento relembrar.
— Sim, sou eu. Achei que ela tivesse me contado sobre mim para você...
— Sim, ela contou, mas acabei esquecendo, quer dizer, muita coisa sobre ela deste que se foi — respondo imaginando em meu luto
— Pois é, e não foi fácil superar. Jane era uma pessoa cheia de vida, porém ao mesmo tempo sem.
— Eu tentei entendê-la, seu sofrimento e o que ela passava, mas o tempo passou e era tarde demais.
— Pois é... — concordou ele, — mas é aí, está nessa turma?
— Sim, estou faz um tempo e ainda estou tentando me adaptar, e você, conseguiu?
— Consegui, fiz amizades, estou partindo pra outra agora com uma garota, assim consigo esquecer Jane... mas é uma pena que conhecemos assim. O luto é a pior parte, seguir com ele faz seu coração despedaçar... mas então, vou ir falar com a minha galera. Espero que consiga seguir em frente — despediu ele dando outro aperto de mão.
Após ele ter se despedido, o observei ir até um grupo de três garotos próximos à porta dupla da sala e percebi que Dylan já se adaptou bem aqui. Ele é simpático, e achava que seria um cara bem descolado, que fazia parte da dimensão dos jovens, diferente do que imaginava e Jane teve grande sorte ao estar com ele. Dylan éramos da mesma escola anteriormente, fazia parte do clube dos descolados anteriormente, e era popular pelos belos prêmios que garantiu ao colégio. Na época não gostava dele, simplesmente porquê quem estava ao seu lado era Jane.. Devo admitir, quando reconheci fiquei com um pouco de ciúme, ele teve mais sorte em tê-la mais do que a mim, e ainda mais por sido o primeiro cara que namorou e que teve uma relação duradora. Ele era meu adversário, mas agora espero que meu ciúme não me subpõe.
No entanto, a aula começou e a minha turma entrou lotando toda a sala, e tivemos nossa aula bem exaustiva até o meio da tarde e enquanto isso observei Dylan e em alguns momentos ele estava sentando ao lado de seus amigos, mas no meio da aula, uma garota caucasiana se aproximou dele e logo se beijaram, em seguida, se assentou ao lado dele e dos amigos. Percebi como Dylan conseguiu superar o luto dele, já como Jane havia dito que após o termino do namoro, os dois se tornaram amigos.
Eu ainda sinto falta dela, mesmo depois de tudo o que fiz e do que me aconteceu, sinto falta de sua ironia e seu jeito meigo, e nossa, pensar nela doí bastante, às vezes choro só de pensar.


Com o fim da tarde, finalmente fui liberado e retornei para casa a fim de descansar pois todo o meu dia foi desgastante

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Com o fim da tarde, finalmente fui liberado e retornei para casa a fim de descansar pois todo o meu dia foi desgastante. Andei até o meu quarto e assim que cheguei até a porta de madeira, procurei a chave em meu bolso, busquei por cada canto dos meus bolsos, mas foi um alívio ao achá-lo. Tinha que fazer igual ao meu pai, deixava a chave debaixo do tapete da porta. Pego a chave e tento destravar o trinco, porém percebo que tranquei a porta, então pensei — será que esqueci de trancar a porta? —, então destranquei a porta e entrei na Sala-Quarto, achei que tivesse algum intruso ou alguém que arrombou a porta, ainda bem que não pois fiquei com medo, mas por sorte quem estava no meu quarto era o meu colega de quarto o Michael, ele estava sentado em sua cama colocando seu tênis, aparentemente ele se preparava para sair. Michael é negro, um pouco magro, porém estava usando roupas casuais, e também tinha um corte de cabelo meio black power assim como Nathalie, porém não era tão grande, pode se dizer que era curto.
Eu logo disse bem animado assim que o vi e me aproximei para cumprimentá-lo:
— Oi... sou David, você é bem sumido, agora que vejo você por aqui... 
— Ah, eu não venho muito aqui, só de vez enquanto quando quero me esconder do pessoal — disse ele sem virar seu rosto para mim com uma voz neutra.
— Como assim, tem fugido de pessoas ruins? — pergunto querendo ajudar tirando minha bolsa.
— Não é da sua conta — respondeu ele finalizando a conversa assim que se levantou depressa e andou para fora do quarto e foi embora.
Sinceramente, não achei que minha primeira visita com ele seria assim, mas aparentemente ele tem um temperamento bem exorbitante, mas é uma pena ter acontecido isso, queria pelo menos ter uma amizade boa nesta universidade.

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