No início da manhã, finalmente tivemos um café da manhã decente, fomos até uma lanchonete ao lado da pousada e pedimos panquecas com mel e café. Com todos sentados naquela mesa de ferro ao lado da janela com a visão da estrada, estivemos comendo e conversando sobre a viagem e como ela está nos ajudando, também falamos sobre a faculdade, e sobre a surpresa de todos ao saber que Amy estuda em Oxford. Mais precisávamos colocar as malas na minivan para então partimos até o nosso próximo destino, pois será o famoso Monte Rushmore, com as cabeças esculpidas dos principais presidentes, e levaria algumas horas para chegar, então decidi ir logo me apressar. Eu já tinha terminado de comer e inclusive Mike, mas os outros ainda estavam terminando tomando o café da manhã, então eu e ele fomos fazer essa tarefa.
Eu e Mike fomos pegar as malas dos outros em seus quartos, primeiramente levei as minhas e de Amy, já Mike tentou carregar algumas, mas eram bem pesadas então fomos revezando aos poucos. Já na minivan, abri a mala do carro para enfim guardar, mas Mike aproveitou este instante para conversar:
— Posso perguntar... como Jane era? — perguntou Mike me ajudando a guardar as malas.
— Ela era diferente... eu até achava que ela era encarnação da felicidade, sempre entusiasmada, feliz com um feito, fazia piadas e era facilmente amada, na verdade ela era depressiva, solitária, mas mesmo era corajosa, entusiasmada em fazer tudo — revelo deixando Mike impressionado.
— Então percebo o quanto a amaria, está fazendo isso por ela... — exclamou Mike.
— Você também a amaria caso estivesse em meu lugar — comento deixando ele curioso, — posso perguntar também, por que aceitou ir nessa aventura?
— Sei lá cara, aceitei sem pensar, e também queria uma aventura, precisava de emoção na minha vida, sabe... a gente fica só estudando e estudando, no fim do dia aí ficamos sentado no sofá ou na cama fazendo nada só usando o celular. Queria algo mais além disso e também de amigos.
— Ah, eu estava passando por isso, queria emoção, mas estava sofrendo para ter alguma emoção na minha vida também...
— Então somos dois... Mas por curiosidade, como Jane era, tipo cabelo, altura?
— Ela nasceu em Nova Iorque, sua mãe era ruiva natural e ela herdou isso dela, mas Jane sempre exclamou isso pintando seus cabelos com ruivos mais escuros. O pai dela era o Senhor Phillips do programa de televisão Aventuramos, ele era mochileiro e o adorava, portanto ela também herdou isso, mas ela sem sombra de dúvidas superou ele.
— Nossa, caramba, eu conheço, via com minha mãe, ela achava ele um gato... — riu ele por um instante, — então ela era rica né, filha de um mochileiro famoso.
— Era, mas ela não gostava disso, chamavam ela de filhinha de papai, e isso afastou as amizades, e Jane viveu a partir daí solitária. Mas para esvaziar disso fazia aventuras por aí.
— E Jane era bonita, ou tipo gata demais para seu caminhão de areia? — perguntou Mike me deixando meio intrigado.
— É... quer dizer, gata demais... tinha paixão por ruivas por causa das sardas, apesar dela não ter quase nada, mas também mal a vi usando maquiagem.
— Agora fiquei curioso para conhecê-la.
Com a nossa conversa em dia, finalmente conseguimos colocar as coisas na mala e poder descansar depois de levar tantas coisas pesadas. Retornamos até a lanchonete para chamar os outros e fomos embora, já eu e Amy pagamos a diária daquela noite que saiu barato por assim dizer, e que sorte, vai ajudar no combustível. Retornamos para a estrada, desta vez estava mais animado, disposto a fazer várias coisas, acho que a boa noite de sono me deu mais energia. Amy voltou a dirigir em direção ao oeste para o estado da Dakota do Sul onde está o nosso próximo destino. Era novamente o copiloto de Amy e os outros já dormiram, pois infelizmente não tiveram sorte em ter uma boa noite de sono, então esteve eu e Amy estávamos conversando, e no meio de nossos assuntos quis comentar sobre a Inglaterra:
— Amy, alguma vez você já saiu da cidade de Oxônia enquanto esteve na Inglaterra?
— Já, eu andei por Oxônia aliás, e é bem bonita, mas já viajei até Londres com alguns amigos e devo admitir é muito lindo, mas infelizmente não pude ir a outros lugares — comentou Amy bem alegre.
— Que ótimo que você andou por ali, mas sente falta de alguma coisa lá? — pergunto me virando para ela.
— Acho que não, tento não me lembrar muito dos detalhes — revelou Amy prestando atenção na estrada.
— Detalhes? Por quê, aconteceu algo?
— É que... Como disse pra você naquele parque, me tornei alguém que não era, uma sufocadora.
— Eu entendo... mas quem foi sufocado por você?
— Antes, na universidade Oxford, conheci um jovem chamado Thomas, ele é bem gentil e cavaleiro, bem britânico como achava, você podia se inspirar nele, no cavalheirismo dele — sugeriu Amy me deixando com ciúmes.
— Como assim, eu não conheço esse Thomas, como ele é?
— Ele se apaixonou por mim pra início de conversa. E claro me apaixonei, até pensei que poderíamos nos casar um dia. Mas o que acontece é que havia outra pessoa, não queria decepcionar, mas mesmo assim fui guiada pelo meu coração — comentou Amy se referindo a mim, — "coração traiçoeiro à primeira vista se corrompeu. Foi pela emoção, não quis ver a razão..." ele era uma boa pessoa por fora, mas por dentro escondia algo desconhecido por mim e fiquei com medo do que se tornaria, como uma frustração, tinha medo de estar tão imersa, planejar tantas coisas e no final ser decepcionada.
— Que tipo de pessoa ele era?
— Sei lá... demostrava bastante orgulho, fechado sobre muita coisa, mas ao mesmo tempo fofo... por assim dizer, por que pergunta?
— Bem, porque parece que tive um vislumbre de Orgulho e Preconceito, ele seria o Senhor Darcy e você a Elizabeth — brinco fazendo ela sorrir um pouco.
— Talvez sim... mas o tempo juntos foi bom, me deixou feliz naquele inferno vazio... — disse Amy porém foi interrompida por mim.
— Espera... ele foi o primeiro? ... não foi? — foram umas das diversas perguntas que fiz.
— Sim, achei que tivesse presumido isso, mas qual é o problema? Você também teve sua vez com Jane, e eu com Thomas — argumentou Amy mudando o tom.
— Mas isso era inevitável, claro que iria rolar alguma coisa naquela aventura com Jane.
— Exato, também era inevitável isso acontecer em Oxford com Thomas — rebateu Amy me deixando com mais ciúme ainda, — mas já que está tão a fim de saber sobre minha vida sexual, e como foi a sua na universidade? Afinal encontrou alguém durante esse tempo em Nova Iorque?
— Encontrei sim, ela é perfeita, deixa eu mostrar. — Digo tirando minha mão direita do bolso do casaco e estendendo para revelar a Amy, — olha ela aqui.
— Bela mulher, super companheira, parece que não larga nunca — elogiou ela rindo muito.
— Não larga mesmo, sempre está quando mais preciso — respondo observando minha mão.
Depois de nossa conversa cheia de ciúmes de ambas as partes, ficamos calados e fiquei me perguntando como é esse tal de Thomas, e o que ele tem o que não tenho? Talvez a beleza, mas eu sou carismático e consegui a amizade de Amy no seu pior momento.
Estávamos cada vez mais próximos do nosso destino, Monte Roshmore, e nestas duas horas de viagem finalmente fomos recompensados, chegamos em uma cidade pequena à beira da estrada, e era bem influenciada pelo turismo do monte, usamos o GPS para encontrar o caminho, mas o monte ficava em um parque nacional e era bem próximo da cidade. Ficamos rodeando a cidade para conhecer ou achar quem uma pousada, mas era contra essa ideia, queria fazer a moda antiga, acampar, mas aparentemente sou o antiquado. Amy encontrou dirigindo até os confins daquela cidade uma visão bastante interessante. Ao fundo do horizonte, onde a nossa vista podia alcançar e ver estava o monte. Com pouco de ansiedade, eu acordei o pessoal e os fiz verem a aquela vista no horizonte.
O monte Roshmore ficava no meio de uma grande planície e era como uma montanha solitária, mas havia umas colinas ao redor não muito altas, e nesta planície está quilômetros de florestas e um clima bem quente, diferente de Nova Iorque. Pra entrar no parque teríamos que pagar, segundo as informações que achei, o preço era bem alto para ver o monte, e era quase o preço de uma passagem de avião, então tive uma ideia. Como Jane diria, isso não é ilegal, apenas um caminho alternativo. Pensei como ela, e ao redor do parque possuí trilhas conectadas as entradas permitidas no parque e eram como pedágios, mas havia a floresta densa da qual podíamos entrar e passar.
Deixamos o carro estacionado em um acostamento em uma das ruas principais da cidade e a partir daí continuamos a andar até o monte junto com várias pessoas numa estrada de terra que ia até a bilheteria para o pagamento, mas tomamos uma surpresa. Encontramos uma longa fila para pagar a entrada, mas ao lado havia um muro de cerca com grades de ferro que protegiam a entrada, claro que poderíamos pular, porém havia em cima arame farpado. Estive pensando em como pular aquela cerca. Dylan com sua habilidade de atleta, encontrou um galho de uma árvore do outro lado do cercado e suas folhas passavam por dentro dos buracos entre as grades inclusive alguns galhos, mas havia um grande o suficiente onde poderíamos nos segurar e pular. Entretanto, Dylan escalou a cerca e quando chegou até o topo próximo ao arame esticou seu corpo para alcançar o galho estendido para fora da cerca, e então saltou e se segurou até que finalmente conseguiu, saltando para o outro lado da cerca.
Foi como malabarismo, fiquei impressionado, se fizesse isso com certeza iria ficar com as costas doendo, como estou ficando velho. Nós aplaudimos o feito dele, foi impressionante e tentamos repetir. Fui o segundo a repetir, lentamente escalava o tronco daquela arvore, e devo admiti, foi o exercício mais complicado da minha vida, mas quase me machuquei ao pular do outro lado da cerca, por mais que foi um trabalho danado consegui e inspirou os outros a fazer o mesmo.
Em seguida, cada um de nós foi pulando a cerca até enfim encontrar o caminho alternativo e finalmente ter o espírito de Jane. Caminhamos dentro da floresta para encontrar o caminho da trilha onde os turistas vão para ver o monte de perto. Mas estive me lembrando de uns momentos onde eu e Jane fizemos o caminho alternativo em um famoso vulcão na Islândia, apesar de temos sofrido com a neve fofa do qual fazia nossos pés afundarem, conseguimos passar. E me lembro do entusiasmo dela e seu esforço em como me impactou e cativou até aqui. Com minha motivação lá no alto, chegamos à trilha e tentamos nos infiltrar no meio daquelas pessoas para encontrar o monte. Anteriormente só tinha visto o monte através de imagens e fotos nos livros e na internet, nunca pessoalmente, mas sempre tive o desejo de ver, mas agora isso se superou, além do mais vou estar com a pessoa que amo e de novos amigos.
Chegamos até um mirante um pouco elevado do chão para ver o ponto turístico, mas também ao redor havia várias barracas de comidas típicas da região e como estava próximo do meio dia comprei alguns doces para não ficar de estômago vazio. No entanto, o resto do grupo esteve a observar os rostos dos presidentes e também tiraram fotos para registar. Mas enfim Amy se aproximou de mim a fim de tomar uns dos meus doces, desviei dela e com certeza ela não gostou nada, mas com a minha compaixão entreguei meio pedaço, demostrando meu amor e perguntei:
— Se lembra de uma vez onde fizemos um trabalho juntos sobre o monte Rushmore e seus presidentes, e estivemos procurando algumas fotos, mas todas eram limitadas porque tinham que ser pagas, então você sugeriu que fôssemos juntos até aqui para tirar algumas fotos e incluir no trabalho — relembro.
— Nossa, faz um tempão isso. Mas realmente você queria ir?
— Sim, por que não. Seria um momento ótimo para nós dois, quer dizer para nossa amizade se preferir — respondo deixando-a com um sorriso no rosto.
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Os Segredos Da Amizade
AdventureO Segundo Livro da Trilogia Os Segredos da Felicidade Se dedicando a iniciar uma nova vida influenciada por Jane, David começa a conhecer um novo período na faculdade, mas apesar da morte dela, sua vida começa a se rodear sob um fato escondido até...