Diário do Aluno#15 Inverno

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 Voltei

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Voltei... — exclamou ela se sentando ao meu lado e me deixando muito surpreso, — voltei pra casa, estava sentindo saudade daqui, queria logo poder ver minha família e principalmente resolver algumas coisas inacabadas.
— Quando você voltou?
— Ontem de manhã, estive na casa da minha mãe e ela está bem e viva — afirmou Amy enquanto o brilho do sol ultrapassava os poucos espaços de seu cabelo loiro.
— Nossa, mas afinal, como me achou aqui, estava me seguindo? — pergunto meio confuso achando que é um sonho.
— Eu passei no seu antigo dormitório, queria fazer uma surpresa, mas não te encontrei lá, porém seu colega de quarto disse que você foi até o parque da ponte, então decidi te encontrar aqui já que é caminho para a casa da minha mãe.
—Ah, o Mike. Mas como está aqui, está faltando as aulas?
— Não, estou de férias, na Inglaterra as férias começam mais cedo, mas pelo menos posso aproveitar... com você.
— Aproveitar? Você sumiu, eu procurei por você e a única coisa que achei foi uma sombra sua que nunca alcançaria — revelo em tom meio ansioso, pois demostrava o que sentia.
— Eu sei, é difícil de explicar... sei que deixei isso acontecer, acabei deixando nossa amizade se desintegrar, pois eu te a... sei lá, sou uma tola. E acontecia tanta coisa comigo, tantas maravilhas que não sabia o que queria. E do nada queria tudo o que não me pertence, amizades que não me mereciam, pessoas que não mereciam, e foi quando abri meus olhos percebi que era uma tola e que não dei valor realmente para as pessoas que verdadeiramente merecem, como você. Acho que virei uma sufocadora. Me perdoe se eu sufoquei você — desculpou-se ela, dizendo tantas palavras que deixaram com pena, e me refletirão daqui pra frente.
—... durante um tempo, também queria tudo o que não me pertence, mas nós não somos o certo. E estava tão iludido com a ideia de ser um novo David, e busquei, me esforcei tanto que acabei percebendo que também sou tolo, mas foi uma pena ter percebido isso quando estava na escuridão, e encontrei os meus verdadeiros fundamentos, percebi que sou um sufocador também — digo também me relacionando com o que ela disse.
— Às vezes é preciso cair no fundo do poço para se erguer mais alto do que nunca — refletiu ela olhando para horizonte.
— É... a vida é estranha— digo com pouco de humor, — mas afinal, você vai ficar onde, na casa da sua mãe?
— Não, ela vai vender a casa em breve pois vai se mudar para Inglaterra, então vou ficar sem casa, mas vou alugar um apartamento, ou ficar dormindo no meu quarto...
— Agora eu estou morando sozinho em um apartamento aqui perto, próxima a universidade, e tem espaço para você caso queira, e não precisa se preocupar, não cobrarei nada — ofereço com entusiasmo.
— Nossa, imagino que deva está uma bagunça...
— Ah, com você lá as coisas vão ficar bem melhores, e além do mais você sempre quis morar em um apartamento.
— Tudo bem, só peço a você para ter paciência em relação ao banheiro — pediu ela sorrindo.
— Ah que coisa, porque só tem um banheiro.
Contudo, finalmente estávamos juntos, e não acreditei nisso, não achei que ela fosse retornar depois de tudo, achei que fosse continuar na terra dos encantos em Oxford, mas voltou pra cá, e além disso para mim. Eu fiquei muito, mas muito feliz e queria dar um forte abraço nela, mas tinha medo que com a minha força poderia quebrar seus ossos do poder da saudade.
O que me impressionou foi que Amy agora dirige, na Inglaterra ela fez sua carteira de habilitação, e inclusive alugou um carro para andar por aí, e não vou precisar pagar por um Uber adiante. Então com nosso reencontro, retornamos para meu apartamento onde apresentei pra ela o lugar onde ficaremos e pensei na questão da cama, pois só há uma cama e é de casal,  então escolhi dormir no sofá e ela ficaria na cama, pois é, que cavalheirismo, mas Amy não se incomodou e enfim aceitou, mas ficou meio chateada pois só há um banheiro e vai ser difícil dividir, mas então bolamos um plano para o banheiro. Cada um vai ter dez minutos para usar, mais do que isso haverá um julgamento, mas Amy ainda não bolou um plano para saber qual será a pena, portanto dei a ideia de quem usar mais do que isso terá que lavar a louça ou coisa pior, então aceitamos.
Seu carro ficou estacionado numa vaga em frente ao prédio e começamos a levar suas malas para o nosso apartamento e eram duas malas grandes com diversas roupas e uma caixa com seus livros e alguns objetos pessoais para decorar. Então separei uma parte do meu armário para ela e então ajudei a colocar as roupas no cabide e nas gavetas, também coloquei os livros dela nas prateleiras, depois aproveitei para arrumar o apartamento, como varrer e molhar as plantas pequenas que trouxe da minha antiga casa e as deixei nos parapeitos das janelas. São plantas ornamentais e como virá a primavera logo depois do inverno, elas vão ficar bonitas.
Assim que havia feito minhas tarefas, decidi descansar um pouco e ver televisão, portanto me sentei no sofá e já coloquei minhas pernas sob a mesa de centro e estive assistindo o jornal novamente falando sobre como o inverno está prejudicando o trânsito nas ruas e também sobre o réveillon na Times Square, e me lembrei das provas finais para o próximo ano e devo admitir, passou bem rápido. Então ouvi passos atrás de mim que provavelmente são de Amy, a chamei para sentar ao meu lado e ver televisão, contudo ela aceitou e perguntou:
— Onde vai passar o ano novo? — perguntou ela se sentando ao meu lado e já estava com seu pijama por causa ao frio.
— Não sei, não pensei ainda, tenho ainda minhas provas finais e estou com muita pressão, mas provavelmente com meu pai em casa — afirmo me virando para ela.
— Poxa, nem vai se reunir com amigos?
— Quem dera, mas você?
— Bom, minha mãe ainda não viajou, então usaremos a casa para comemorar e também vocês estão convidados para ir lá — convidou Amy.
— Tudo bem, falando na sua casa, estou até com saudade dela, faz tanto tempo já — exclamo dos bons momentos que passamos durante o Ensino Médio.
— É, eu também. David você está sentindo frio?
— Estou, mesmo com a janela fechada ainda está frio.
— Então vamos ficar abraçados, assim o frio não nos atingirá.
Amy se aproximou mais ainda de mim e apoiou sua cabeça em meu ombro esquerdo e me abraçou bem forte devido ao meu moletom cheio de bolinhas do acúmulo de pelos, também a abracei envolvendo meu braço esquerdo sobre ela para aproximá-la mais de mim. Fiquei feliz por nossa união, a presença dela mudou tudo e finalmente não estou mais sozinho.

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