Capítulo 6

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Juntei o cap 6 e 7 já que o 6 estava meio pequeno de mais. O 8 e enorme, e é péssimo pra revisar mas eu logo logo posto.

POR FAVOR COMENTEM ESSA JOSSA, NAO QUERO SENTIR QUE MEU TRABALHO E EM VÃO. OBRIGADO FOFAS (O).

Depois que Charlie e Freddie voltara para dentro da casa, deitei-me na relva macia do jardim e fechei os olhos. O sol poente acariciava meu rosto e eu disse a mim mesma que estava absorvendo vitamina D e tentei não pensar em câncer de pele ou envelhecimento. Mia se cuidava muito bem contra o envelhecimento da pele. Nunca saía de casa sem se lambuzar de protetor solar fator 50 e protetor labial. Era Mia quem decidia de quem não íamos mais gostar, ou com que iríamos aprontar alguma. Ela escolhia os professores que devíamos impressionar, mas também aqueles cujas vidas iríamos infernizar. Foi ela quem me mandou abandonar o coral no último semestre, porque "era careta". Não foi fácil, porque eu
gostava de cantar, mas fiquei feliz em concordar com ela. Quando você conhece alguém como Mia, passa a ser fiel. As antenas dela para saber o que era careta ou não estavam sempre ligadas. O fato de ter ficado conhecida como amiga de Mia facilitou minha vida na escola. Mia sempre achou que tinha direito automático a tudo, enquanto eu sempre acreditei que não era uma pessoa boa suficiente. Essa era a grande diferença entre nós. Na maior parte do tempo, era engraçado observar Mia correr todos os riscos. Eu já sou o tipo de pessoa que se sai melhor quando atua "nos bastidores". Mia ate me disse, certa vez:
- Quando eu for famosa, você será minha assistente.
Mas com Jackson, as coisas não correram conforme ela planejou.
Quanto mais tentava impressiona-lo, pior ficava a situação. Ela vivia pedindo a Jackson que lhe ensinasse gírias jamaicanas, até que um dia ele disse:
- Por que você fica me pedindo isso? Minha mãe é nigeriana e meu pai, londrino!
Depois veio a festa de fim de semestre. Eu entrei em êxtase quando Jackson me tirou para a última dança e me beijou. Depois, ele me levou para casa e disse:
- A gente se vê.
Onde ele estaria agora? Treinando futebol e sendo perseguido por garotas. Eu, pelo menos, nunca corri atrás dele. Quem me tirou pra dança foi ele. Foi a mim que ele beijou no fim da festa. Se eu soubesse como aquela noite seria complicada, jamais teria ido à festa. Foram tantas conseqüências...
Meu rosto ardia, e eu não sabia se era por causa do sol ou pela força daquelas lembranças.

CAPÍTULO 7

- Vamos fechar a loja mais cedo para ir à festa de verão no solar Netherby -anunciou Sarah. - Começa às duas horas.
- Eeeeba - falei. Uma mudança de ares, pelo menos.
A semana fora bem difícil. Quase não aparecem visitantes. Compradores então...
Houve um dia em que a única visita além de Julius, foi Tallulah interessada apenas em se lamber nas partes embaraçosas e cochilar na almofada. Incrível como o fato de se estar morrendo de tédio pode ser motivador. Limpei cada centímetro do balcão, e, para dar impressão de sofisticação, deixei um clássico semi-aberto no balcão. Também descobri um livro de poemas e estava gostando de quebrar a cabeça, tentando entende-los. E assim as coisas iam rolando naquele mar de tédio. O pior era que todas as vezes em que eu me sentia linda e pronta para vê-lo, o Garoto Sarado não dava as caras. Mas aquela manhã de sábado passou rápido, até porque apareceram alguns clientes. Quando os atendia, Sarah virava outra pessoa: mais confiante. Ela conhecia muito bem livros antigos. Dona MacLean, da farmácia, estava no sétimo céu porque Sarah conseguira para ela um livro que já estava esgotado fazia tempo. Sarah só não se lembrava de comer. Por volta do meio-dia, falei que ia sair para almoçar. A lanchonete era clara e arejada. Pedi um café e algum tempo de Internet. A garçonete usava um penteado ultra-moderno e poderia trabalhar em Londres de tão antipática que era. De início, sorri, mas logo parei e fechei a cara. A frieza dela era um alívio. Sorrir e cumprimentar gente desconhecida é um saco. Além disso, eu queria um tempo só pra mim.
Enviei um e-mail a mamãe dizendo que estava bem, que Sarah logo religaria o telefone e que eu esperava que ela estivesse tendo férias maravilhosas. Disse que não se preocupasse comigo, que andava bem ocupada, trabalhando na loja, cozinhando e limpando a casa. Quem sabe essas informações não me renderiam um presentinho...
Fiquei bem mais tempo escrevendo o e-mail de Mia. Contei que estava dividindo um chalé com minha tia Sarah e trabalhando com ela e que estava sendo tratada como uma adulta. Que Netherby era um lugar incrível, que tinha seu próprio
festival. Também falei do garoto misterioso que eu estava paquerando. Afirmei que esperava que sua mãe não estivesse pegando pesado e que seu pai voltasse logo de sua viagem de negócios para que ela pudesse arcar sua parte de responsabilidade naquilo que fizemos. Charlie e Freddie entraram na lanchonete quando eu estava terminando de escrever para Mia. Usavam bonés iguais, e Freddie desfilava uns óculos escuros pavorosos. Quando ele me viu, ele ergueu o punho e disse:
- Essa é minha amiga Jenna!
Em seguida, esparramou-se ao meu lado, onde ficou numa pose bem afetada. Quando viu que Charlie comprara um pedaço de bolo, reclamou, quase choramingando:
- Compro só pra você? E pra mim?
Charlie deu um sorriso irônico e perguntou se eu aceitava algo. Fiz que não.
Freddie disse:
- Que tal mais um café? Vou buscar pra você - levantou-se e foi fazer o pedido.
- Quanto tempo vai durar essa fase hip-hop? - perguntei a Charlie.
- Muito - disse ele, rindo - O pior é que, como ele é mais alto do que eu, as pessoas pensam que também é mais velho. Mas eu tenho dezessete anos, e ele é dois anos mais novo.
- Não deve ser fácil. Meu irmão, Marcus, tem só oito anos. Não tenho esse problema - respondi.
- Às vezes, ele me deixa louco - disse Charlie. - Outras, me faz rir. O barato é que é um grande guitarrista. Se tranca no quarto e estuda por horas e horas, o que é muito bom para a banda. O que não é legal é ter de ligar para mamãe toda noite para dizer que ele está bem.
A Garota Gelada trouxe meu café, quase todo entornado no pires.
- e aí , Cleo, já conhece Jenna? - perguntou Charlie.
Ela fez que sim e mal abriu os lábios pra resmungar "Olá".
- Ela está na casa de Sarah - explicou Freddie, comendo um pedaço do bolo de Charlie.
- estou trabalhando na livraria - acrescetei. Não sei bem por que, mas parte de mim desejava impressiona-la. Cleo me mediu como se eu tivesse saído do esgoto e disse:
- Não compro livros usados.
- Encontrei um livro incrível sobre críquete lá... - começou Freddie, mas logo parou e voltou ao seu estilo gângster:
- É! Livro usado é sujeira.
Irritada, retruquei que gostava muito de trabalhar na livraria e tomei meu café num só gole.
Justo nesse momento, outra voz se fez ouvir:
- Sebos são lugares incríveis. A gente nunca sabe o que pode encontrar.

Meu pensamento voltou feito um raio a imagem de um peito nu e engasguei. Charlie só fez piorar as coisas: querendo ser gentil, começou a me dar tapas nas costas. Ao ver o Garoto Sarado, Cleo se garota Gelada em Gatinha Empolgada. Seus olhos brilharam, ela o agarrou e lhe deu um abraço de quebrar os ossos. Depois cochichou em seu ouvido e não desgrudou mais dele. E nada disso parecia incomodá-lo, ela o arrastou para mostrar uma coisa "importantíssima" no outro
extremo da lanchonete. Só me restava observá-lo de longe. Terminei de tomar meu café e fiquei olhando para o infinito enquanto meu cérebro permanecia emperrado no Garoto Sarado. Ele era mais ou menos da minha altura, tinha um corpo musculoso e um cabelo necessitado de corte. Sua camisa era bem apertada, seus tênis estavam gastos. Tinha nariz afilado e engraçado. A boca parecia imensa naquele rosto, e ele a contorcia demais quando falava.
O efeito total era deee-vas-ta-dor!

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