Capitulo 11

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Ele me mediu de alto abaixo e assoviou:
- Jenna, como você cresceu depressa!
"Pena que o mesmo não tenha acontecido com você", pensei.
- Sarah não está? - algo na voz de Kai me fazia pensar que ele sabia que Sarah não estava, ele trazia uma mochila enorme.
Ava acordou e disse:
- Kai, meu amor, você voltou! Sarah vai adorar!
- Passei para pegar algumas coisinhas. Depois iremos para um festival em
Cornwall - disse, enquanto beijava Ava.
Eu apostava que a outra parte do "nós" era jovem e do sexo feminino.
- Sarah não me disse que você ia aparecer - falei.
Kai me deu um sorriso meio forçado e perguntou:
- Para onde ela foi?
- Viajou para comprar livros - respondeu Ava.
- Provavelmente se esqueceu de dizer que eu viria.
Sarah dissera que não sabia por onde ele andava. Ava com certeza sabia que ele estava enrolando.
- Ava, você está linda como sempre. A cor de seu cabelo é nova? - Ele beliscou-lhe a bochecha e ela se derreteu toda.
Tentei outra tática:
- Vou ajuda-lo, Kai.
- Não precisa, a não ser que você queira fuçar na minha gaveta de cuecas.
Quer dizer que aquela mochila enorme era só para pegar cuecas? Eu disse:
- Pensei que você não usasse esse tipo de coisa.
Dessa vez quem ficou vermelho foi Kai. Ele se aproximou, segurou o meu rosto com uma das mãos:
- Atrevidinha a senhora, não? - disse ele, e nos encaramos.
Um carro buzinou lá fora. Kai foi até a janela e acenou. De relance, vi uma jovem ao volante. Parecia preocupada.
- Adoraria ficar e matar as saudades, mas estou com muita pressa - Kai disse isso e subiu. As tábuas do piso de segundo andar rangiam enquanto ele andava para lá e para cá, abrindo e fechando gavetas e amários. Peguei-o na porta da frente.
- Algum recado para Sarah? - perguntei.
- Sarah e eu não precisamos de formalidades, mas diga a ela que estarei de volta para o Festival de Netherby - antes de sair de vez, ele me deu um beijo.
Deixei Ava com suas fotos e fui tomar um pouco de ar fresco. A noite estava quente e agradável. Já fazia quase três semanas que eu saíra de casa. Estendi os braços e girei, desenhando um grande círculo. O ar estava quente e havia um grande esvoaçar de insetos. Sentia-me um pouco agitada e, perturbada pela mistura de emoções que giravam em turbilhão dentro de mim. Algo em Kai me dava calafrios. Algo em Gabriel fazia com que eu me sentisse esquesita e insegura.
No caso de Gabriel, o que seria? Ele não era o garoto mais bonito que já vira. Jackson era muito mais bonito que ele, mas toda vez que eu via Gabriel, era um choque. Eu ficava desconfortável dentro de meu próprio corpo. Era difícil lidar com
esses sentimentos justamente num momento em que Mia podia comunicar-se comigo a qualquer momento.
Como ainda eram apenas oito e meia e eu não estava disposta a passar a noite com Ava, remoendo a visita de Kai, resolvi sair para conhecer o tal clube da juventude.
- Por favor, leve a caixa de pompons – pediu Ava, entregando-me a caixa. – Vou ver se algum dos garotos, Charlie ou Freddie, está em casa para ir com você – disse e saiu para o quintal, onde se pôs a berrar por eles.
Quer dizer... além de ter de entrar num lugar cheio de estranhos carregando uma caixa de pompons, eu também precisava de escolta. Por sorte, Freddie não estava. Quem apareceu foi Charlie.
- Não traga Jenna de volta muito tarde – gritou Ava quando já estávamos na rua.
- Não sei quem ela pensa que é para ficar dando ordens assim. Não ligue para ela – comentei, irritada.
Charlie deu de ombros:
- Ava é legal. Só não a deixe se aproximar do seu cabelo. Quem entra naquele salão sai de lá com o mesmo penteado horrível.
- Eu vi Muriel e Gina – respondi, rindo.
- Você teve sorte de me pegar em casa. Era pra eu ter saído a uns vinte minutos. Nossa banda vai tocar no clube esta noite.
- Musica anti-folk? – falei, tentando parecer antenada.
- De que tipo de musica você gosta, Jenna? – perguntou Charlie.
Era uma daquelas perguntas capciosas que os garotos vivem fazendo. Por sorte, eu tinha uma resposta na ponta da língua.
-Meu gosto musical é eclético.
Charlie não era de discutir:
- Tudo bem... mas qual foi o ultimo CD que comprou?
- Howling Wolf – respondi. Eu dera esse CD de presente de aniversario a meu avô.
Charlie parou de repente e aprovou.
- É muito legal! – disse.
Chegamos ao salão da cidade. Era um edifício de tijolos vermelhos com vigas pintadas de branco e preto na parte da frente, imitando o estilo Tudor. A data, 1902, estava entalhada acima da entrada, e um grupo de garotos circulava.
- Qual é o nome da sua banda? – perguntei.
- Goats in a Spin – respondeu Charlie, enquanto a porta de uma van se abria e a fã número um, Cleo, saltava e fazia cara feia para mim. A porta do lado do motorista abriu-se, ficando entre nós duas, e por ela desceu um par de tênis surrados e calças jeans desbotadas.
Gabriel!!!
- Olá, Gabe – disse Charlie. – Acho que você já conhece Jenna.
Ele olhou para mim e sorriu por um segundo. Depois fechou a cara e disse:
- Vamos lá, Charlie, temos quinze minutos para nos preparar. – Era como se ele não tivesse tempo a perder comigo.
Quer dizer que os amigos o chamavam de “Gabe”. Gabriel talvez soasse angelical demais...
- Gabe faz a percussão, Cleo canta de vez em quando – explicou Charlie. Fiz a maior cara de desinteresse possível.
Cleo aproximou-se e disse:
- Ainda trabalhando no sebo da chata da Sarah?
- Sarah é minha tia – respondi, esperando deixá-la sem jeito.
- Azar o seu – respondeu ela. – Parentes costumam pagar uma merreca.
De propósito, Gabe (como eu já me referia a ele em pensamento) esbarrou nela com um amplificador que carregava.
- Cale a boca, Cleo – disse, sem olhar para mim.
Ela riu como se ele tivesse dito uma piada e ajeitou os cabelos dele de um jeito que só quem é muito intimo pode fazer.
Peguei a caixa de pompons e disse:
- É melhor entrar e entregar isso.
- Eu a ajudo – disse Charlie, tentando pegar a caixa.
Puxei-a e disse a ele que não precisava. Mas ele puxou a caixa e seguiu em frente.
- Cleo é famosa por sua língua afiada – disse ele. – A gente se acostuma depois de algum tempo.
Nem me dei ao trabalho de responder. Mia poria Cleo em seu lugar com um
simples olhar. Minha estratégia era não me deixar levar por nenhum deles. Além de Charlie, ninguém ali mostrava interesse em mim, por que eu iria me preocupar com aquela gente e aquela bandinha de quinta? Eu não os considerava meus
amigos. E, no momento, não queria saber de garoto algum. Comprei um pacote de salgadinhos e fui sentar bem no fundo do salão, o mais
longe possível da banda. Depois de muita confusão com fios, cabos e passagens de som, finalmente tocavam guitarra, Gabe fazia percussão. Cleo fazia os vocais.
A garotada foi para a frente da banda. Não cedi a tentação e continuei lá atrás, ouvindo. Freddie saía do ritmo, mas havia algo de interessante no grupo. As letras também não eram ruins. Todos cantavam. Charlie tinha uma voz expressiva e suave.
Tentei não ficar olhando para Gabe, mas sempre que olhava ele estava tocando com uma incrível energia. Seu peito se contraía e ele fazia percussão com braços tão contraídos que pareciam movimentar-se ao acaso. Ele suava. De olhos
fechados, estava totalmente ligado na musica. Depois de algumas canções, meus ouvidos se habituaram ao som. Meu corpo começou a acompanhar o ritmo, e as letras passaram a me emocionar. Goats in a Spin era uma boa banda. Parte de mim queria ir lá para frente e gritar com os
outros jovens, mas outra parte se sentia sem jeito, tímida. Preferi ficar ali mesmo.
No fim do show, Charlie me ofereceu suco de laranja, desses que já vêm prontos em copos de plástico. Odeio suco pré-pronto, mas, como não queria ofendê-lo, tomei um gole e esforcei-me para não fazer careta.
- Não gosta desse suco? Prefere uma coca? – perguntou Charlie, meio chateado com minha reação.
Respirei fundo e ia dizer : “Vocês estavam ótimos”, quando Freddie se aproximou.
- Não, aposto como madame prefere Cristal.
- O que é Cristal? – perguntei, soando mais agressiva do que eu queria.
- Ahn...ahn... Uma bebida muito cara – disse Gabriel, tentando encontrar as
palavras certas.
Foi o que também fiz ao tentar novamente dizer: “Vocês estavam ótimos”, mas outras voz se impôs:
- É champanhe – explicou Gabe. – Provavelmente Freddie bebe Cristal todo dia na casa dele!
Charlie virou-se para mim e disse:
- Se você esperar até a gente arrumar tudo, podemos lhe dar uma carona até sua casa, comeremos algo.
Agradeci.
- Podemos pegar alguns doughnuts para você – disse Gabriel, e todos começaram a rir.
Cleo, imitando Aurora, começou a dizer:
- Vai, Jenna, vai!
Todos riram mais ainda. Meu rosto queimava de constrangimento.
- Não, obrigada. Tenho coisas a fazer em casa... trocar a areia da gata.
Saí quase correndo. Eles não iriam rir de mim nem mais um segundo.

Vou começar a atualizar todos os livros. Até 15hrs acho que todos estarão atualizados, não aguento mais msg d vcs pergunta se desisti do livro kkkkkkk
Só não atualizei antes pq estava estudando mt pro enem é o trabalho acabou cmg durante esses meses, agr estou em semana de provas e são minhas últimas pra terminar a escola (não queremos que tia PRI fique de dependência né) me perdoem. De noite quando chegar do ballet posto outro cão desse pra compensar. ❤

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