Capítulo 9

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-Ficarei fora uns dias. Vou comprar livros. Julius vai dar uma força na loja e Ava passará aqui toda noite – disse Sarah na segunda de manhã.
Quando Marcus era bebê, mamãe nunca me deixou tomar conta dele por mais de duas horas. E enquanto estivesse fora, ligava a cada cinco minutos para saber se estava tudo bem. E ali estava Sarah dizendo que ia ficar alguns dias fora, mesmo
com o telefone cortado. Fiquei chocada.
Mas ela não era totalmente irresponsável: deixou o endereço do veterinário para o caso de Tallulah precisar. Também deixou comida na geladeira. Acho que eu deveria me sentir agradecida.
Julius estava muito ativo quando cheguei à loja:
- É ótimo voltar a direção desta casa – disse ele, antes de afundar em sua poltrona e me passar o comando.
- Sebos dão dinheiro? – perguntei.
- Você pode ficar rica se descobrir um livro raro. A esperança é a última que morre.
- E os discos de vinil? – perguntei, empurrando com os pés a caixa de discos de Kai.
Julius fez um sinal positivo:
- A mesma regra se aplica, desde que os discos sejam raros, procurados e
estejam em boas condições.
E me passou algumas revistas especializadas:
- Leia e sonhe!
A falta de televisão devia estar me deixando lelé, porque me vi interessada! O dinheiro que se podia ganhar com a venda de livros raros era espantoso. Eu estava sonhando acordada com a descoberta de um livro raro quando Aurora chegou.
- Sem doughnuts, por favor – levantei as mãos fingindo-me horrorizada.
Ela riu:
- Passei para vê-la. Agora que as aulas acabaram, você vai cansar de me ver. Meu irmão, que faz faculdade em Londres, também veio passar algum tempo em casa. Ele sempre vem comprar livros.
Aurora ficou um tempão falando de sua barraca, do dinheiro que ganhara, de quantos doughnuts teve de comer para demonstrar experiência, da barraca que ia montar no Festival Netherby.... Não parava nem para respirar. Eu já não ouvia
mais nada, quando ela disse:
- Vá tomar chá comigo amanhã.
- Tem lugar pra mim na sua casa da árvore? Curio vai querer dividir espaço?
Aurora riu:
- Não é nada disso. Mamãe vai preparar um lanche para nós. Encontro com você às três a tarde na minha àrvore.
A idéia de lanchar numa casa de árvore com Aurora não era exatamente o que eu queria, mas era ao menos uma oportunidade de comer bem. E eu ainda
economizaria o dinheiro que Sarah me deixara.
- Combinado – falei. – Acho que Julius não vai se incomodar de tomar conta da loja.
Foi quando a campainha da loja tocou e Aurora disse:
- Gabriel!! O que o trouxe tão longe ? Acabei de convidar Jenna pra um chá.
- Ela deve estar torrando sua paciência – respondeu ele, rindo.
Então o nome dele é Gabriel!
- Ela é incapaz de aceitar um “não” como resposta.
Apoiou o corpo no balcão, olhou para as minhas revistas e perguntou:
-Você também gosta de livros?
Demorei a responder, tentando achar uma resposta interessante. Mas ele
respondeu por mim:
- Que pergunta mais idiota! Afinal, você trabalha aqui!
- estou só ajudando Sarah – respondi. Ooops! Porque minha voz estava saindo tão doce?
Aurora pulou para cima do balcão, colocando-se entre nós dois:
- Sshh! Vocês vão acordar Julius. Quando será que ele vai terminar de ler aquele livro?
Julius adormecera com o livro caído sobre o peito.
- Ele está lendo esse livro há séculos – disse Gabriel, rindo.
Depois, ele deu uma olhada pela loja e viu a caixa de discos de Kai:
- Quer dizer que Kai ainda não voltou?
- Não se sabe se voltará -resmunguei.
- Ele volta! Ele não se mandaria sem levar sua preciosa coleção de discos. Posso dar uma olhada?
Gabriel saltou o balcão e foi direto para a caixa de discos. Pensei que toda aquela agilidade se devia ao fato de ele viver numa árvore. Ele se agachou e começou a examinar a coleção.
- O que você acha de Kai? – perguntei. Estava interessada em saber a opinião dele.
Aurora se intrometeu e disse:
- Mamãe diz que ele é um espírito livre com uma profunda alma poética.
Gabriel fechou a cara:
- ela não disse nada disso!
- Disse sim! Ouvi mamãe dizendo que ele precisava se livrar daquele fardo.
Fiquei irritada. Como alguém podia descrever Sarah como um fardo? Só uma pessoa muito inconseqüente poderia referir-se a ela desse jeito.
Gabriel cutucou Aurora e olhou pra mim dizendo:
- Jenna não está a fim de ouvir bobagens, Aurora. Kai é um cara legal. Às vezes, me empresta alguns de seus discos. Toco numa banda, e ele ajuda na passagem de som.
Ele disse meu nome como se me conhecesse há séculos!

Logo logo posto a continuação. Quase q não posto pq o PDF estava com defeito e veio algumas páginas faltando mas já resolvi. ❤
Fiquem com Deus.
Colar de beijos 😘😘😘😘❤❤❤❤

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