Entre o Amor&Preconceito.

Capítulo 33

Allie

Hoje será mais um dia que meu coração se alegra em acordar e pensar. " Hoje irei ver minha pretinha, Eloísa". Que saudade daquela menina sapeca e vitoriosa.

Quando converso com ela, não sei, eu sinto dor na fala dela, principalmente quando tocamos no assunto de quem irá adota-la. Se Edu quisesse poderíamos, mais com nossa vida complicada tudo fica mais difícil, quem ficaria com ela em casa? Quem lhe daria banho? Sei que pra tudo se dá um jeito, quando se quer, mais na minha situação não da mesmo. Mais eu conheço uma amiga de São Paulo que queria adotar uma criança deficiente, pois já tem 3 meninos e seu sonho é ter uma menina, então aqui estou eu na frente da filha de Karol. Minha amiga da faculdade, sim ela teve filhos cedo, quando entrei na faculdade de advocacia, ela tinha ingravidado pela primeira vez. Depois veio a segunda. A terceira gravidez, todos meninos, e pra não tentar novamente e talvez vim um menino, ela estava a procura de uma menina, que dependesse do cuidado dela, que tivesse deficiência, e que fosse amorosa. E aqui está Eloísa, a futura filhota de Karol. Se Deus quiser.

Andando pelo shopping. Entro numa loja e vejo um conjunto de roupas lindas e floridas para menina. Na hora lembro de Elô, será que ela irá gostar?

Decido comprar, Edu adorou e disse ser a cada de Elô. Voltando pro apartamento, ouço um miado agudo, desesperado, imediatamente mando Edu parar o táxi, desço desesperada, olhando pelo chão e numa árvore um pouca baixa encontro um filhotinho de gato, listrado, parece uma oncinha peluda e fofa. Será que na comunidade eles aceitam gato? Acho que sim.
Fomos a um veterinário vacina-lo, e compramos uma cela pequena e enfiamos ele lá. Só parou de miar que nem um louco depois que comeu ração de filhote.

Falamos com a supervisora e a mesma disse se encarregar de cuidar e da aos intervalos a Elô, fiquei super Feliz por saber que ela ama gatos e cuidará dele.

As 14:00 Elô saiu da fisioterapia e veio sorridente rodando a roda da sua cadeira de rodas animada e quando viu o filhotinho em minhas mãos, gritou:

- WILL... Ela gritou.

- Ãn, por que Will amor? Pergunto a Elô.

- Por que ele tem cara de Will. Ela diz e sorrir.

- Então, está certo. Will. Repito e entrego a ela, que manina e deixa ele deitadinho no seu colo.

- Então, o que você fez hoje Eloísa? Pergunto e ela ainda fascinada com o gatinho me dá atenção só pra responder.

- Ah foi o de sempre, brincadeiras, exercício na fisioterapia. Ela diz e manina do gatinho que se aconchega no colo de Elô e tenta dormir.

A supervisora viu a cena e levou ele dela. Ficou tristonha mais compreendeu que ele seria bem cuidado.

- Tia Allie? Elô me chama.

- Oi querida. O que foi?

- Por que eu tenho o cabelo enrolado e você é loira? Ela me pergunta curiosa atenta no meu cabelo.

- Ah minha flor, a titia usa um produto no cabelo que fica loiro. Digo e ela fica confusa.

- Eu posso usar também?

- Não minha flor, só quando crescer mais. Por que você quer ficar loira? Pergunto intrigada.

- Por que eu não gosto dos meus cachinhos, as crianças brancas riem de mim. Ela diz e faz beicinho.

- Pois não ligue flor, você é linda, linda e linda. Dou cosquinha nela que se contorce gargalhando.

- Amanhã a Tia Carla vai cortar meu cabelo! Ela diz.

- Por quê?

- Por que tia Carla disse que eu estou doentinha e se eu cortar vou ficar boa. Ela diz feliz.

Fico um pouco assustada pois já tenho uma noção do que seja essa doença. Ai meu Deus!

Câncer!

- Titia vai falar com a tia Carla e você vai pro quarto ta bom? Ela assente e vai rodando a roda da sua cadeira até o corredor e some de minha vista.

Saio desesperada atrás da tal Carla e a encontro na recepção.

Uma mulher morena, dos olhos verdes e alta, um pouco gordinha.

- Dona Carla? A chamo e a mesma se vira.

- Sim, pois não? Ela me olha e franze a testa.

- O que a Menina Eloísa tem por gentileza? Vou logo ao ponto e a mesma de assusta e me aponta para acompanha-la até uma sala reservada.

A sigo e entramos na sala fria e o assunto que será abordado não é fácil, estou aflita e com medo por Elô.

- Senhorita Allie...

- Por favor sem cordialidade, me diga o que Eloísa tem? É grave?

Vejo sua expressão mudar de sorridente a desconcerto.

Ela gagueja, respira fundo e me olha com medo refletido nos olhos verdes claros dela.

- Eloísa tem...descobrimos recentemente que ela está no começo de um câncer benigno, mais com uma consequência bem pequena, ela terá que tomar remédios fortes e fazer quimioterapia. E a consequência será cortar os cabelos no zero. Ela diz e me olha apreensiva.

Perdir o chão, não sei o que dizer, o que pensar. Só penso no quanto preciso está do lado dela nesse momento.

Me vem lembranças dela sorridente, gargalhando, perde-la assim sem nem ao menos conhece-la direito me deixará uma cicatriz drástica. Ah Elô!

Meu peito está doendo, eu preciso ser forte por ela, preciso cuidar dessa menininha que me deu a luz, que iluminou minha vontade de ser mãe, só de conhece-la.

Assinto a Carla que também não sabe o que me dizer a não ser um típico. "Eu sinto muito".

Ando praticamente me arrastando para fora daquela sala onde recebi um notícia que me tirou a alegria e no lugar dela ficou a tristeza e a inconsolável vontade de chorar.

Lágrimas rolam por meu rosto e quando chego na recepção não consigo mais controlar o pavor e o medo de perder Elô. Não Senhor, minha pretinha Elô não! Eu pretendia lhe dar e lhe apresentar a Karol. Como será possível agora?

Saio pela porta da comunidade e Edu está a minha espera na porta de um táxi. Quando o vejo algo dentro de mim me avisa que não aguento mais essa dor no meu peito, preciso chorar, lágrimas rolam sem parar e sou amparada por meu esposo protetor e por seus carinhos até dentro do carro. Ele fecha a porta e fecho os meus olhos com seus braços ao meu redor, ele não me pergunta nada, só me diz que tudo ficará bem. E me derramo aos prantos, desolada.