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Carol não achava que o que ela era antes era quem ela realmente é. Ela achava que o agora, é Carol Peletier. A solitária, triste e emotiva mulher. Aquilo era realmente ela.
A mordaça parecia rasgar sua pele estando há tanto tempo ali forçando sua mandíbula. A cada poucos segundos mais lágrimas desciam. Carol não conseguia entender o porquê, mas tinha uma ideia. O silêncio do ambiente, acompanhado da solidão, do tempo passando lentamente e do peso na consciência. Tudo aquilo junto a forçava a pensar em tudo que havia feito, todos os erros que cometera, todas as dores que causara. Mesmo sabendo que era necessário, pensar em todas as pessoas que havia matado a destroçava em pedaços. E era por isso que as lágrimas não paravam de descer. Não existia nenhuma distração que a livrasse de seu próprio julgamento.

***

- Você disse que eu não sou mais quem eu era... Quem eu era? - Daryl questiona.

- Você era uma criança. Agora é um homem.

- E quanto a você?

- Eu e Sophia permanecemos naquele abrigo por um dia e meio antes de eu ir correndo de volta pro Ed. Eu fui pra casa, fui espancada, a vida continuou e eu só orava pra algo acontecer. Mas eu não fazia nada. Absolutamente nada pra mudar isso - Carol suspira - A pessoa que eu era quando estava com ele se transformou em cinzas. E eu estava feliz com isso. Não feliz mas... Na prisão eu fui quem eu achava que deveria ter sido. Quem eu deveria ter sido todo aquele tempo. E então ela se transformou em cinzas. Tudo agora... Só consome você.

Daryl a encarava fixo - Não somos cinzas.

Carol queria acreditar naquilo, mas não sabia se conseguiria. Para ela, a tendência era só se consumir, definhar até não haver mais nada. Mas ela queria acreditar, principalmente porque vinha de alguém que importava tanto para ela.

***

Tudo se dissipou por um momento da mente de Carol. Suas lágrimas pararam de descer, e ela refletiu sobre sua última memória.
Daryl.
Ela o conhecia, mais que qualquer pessoa. Ele abriria mão dela como o resto do grupo abriu? Por um momento pensou que sim, mas de qualquer forma, Rick não deixaria com que ele se arriscasse sozinho por ela.
Voltou a acreditar que eram apenas pensamentos ridículos, e novamente outra lágrima desceu.

Last Day on Earth?Onde histórias criam vida. Descubra agora