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   Daryl parou sua moto em frente a uma base dos Salvadores conhecida pelo grupo de Rick. A base que invadiram tempos atrás, mataram inúmeros do outro grupo e um dos fatores que atiçou Negan. Aparentemente estava inativa, eles não haviam voltado para lá. Mas Daryl estava com algo em mente: Precisava de pistas.
   Abriu o portão enferrujado e olhou ao redor com cuidado, com sua besta a postos. Havia sangue pelos corredores e o cheiro habitual de morte. Ele tomou o cuidado de olhar todos os cômodos antes de começar sua pesquisa, e realmente não havia ninguém. Assim como também não havia nada. Nenhuma pista, não deixaram nada para trás, e Daryl suspirou em decepção antes de fazer seu caminho de volta para a saída. Tinha em mente que talvez - só talvez - Carol poderia ter lhe deixado rastros. Ela era esperta, ele sabia disso. Sempre em situações complicadas como essa, ela dava um jeito de deixar alguma coisa para trás e ser encontrada, mesmo sempre sobrevivendo sozinha no fim do dia. Era uma característica dela, mas ao mesmo tempo queria ser encontrada.
   Não dessa vez.
   Dessa vez, Carol não queria que ninguém a encontrasse, queria apenas deixar o resto do grupo de fora de seu problema, para Rick conseguir virar o jogo a tempo e salvar a todos.
   Daryl engoliu seco ao pensar sobre isso, e sabia que seria ainda mais difícil de resgatá-la. Ou pior ainda, conseguir encontrá-la, porém sem vida. As possibilidades negativas eram muito maiores que as positivas e isso o fazia sentir medo pela primeira vez.
   Medo.
   Era algo que todos achavam que Daryl Dixon era incapaz de sentir, inclusive ele mesmo. E esse sentimento era completamente novo para ele naquele momento, tanto que era até estranho. Pela primeira vez, Daryl sentia medo. Medo de perder Carol, medo de falhar com ela. Foi nesse instante que ele confirmou ainda mais para si que ela era a pessoa que importava. Era ela e mais ninguém, nem mesmo si próprio. E talvez isso o fizesse descobrir um outro novo sentimento para ele; amor.
   Balançou a cabeça para deixar pensamentos confusos de lado e finalmente saiu do local. Subiu em sua moto parando por um instante para pensar no que faria naquele momento.
   Sem ideias.
   Foi então que uma pessoa em específico surgiu em sua mente, o que o fez avermelhar em ódio. Porém, tinha de ser feito. Era a vida de Carol que estava em jogo, e teria que tomar decisões que iam contra seus próprios princípios.
   Girou a chave e deu partida na moto, indo em direção à um grande problema.

                                                                  ***

   - Tic-tac tic-tac tic-tac...

   Carol ouviu a onomatopeia do relógio vindo da boca de alguém se aproximando. Era um som infantil vindo de alguém muito mais velho.

   - Tic-tac tic-tac tic-tac...

   A porta se abriu e um homem careca de dentes podres adentrou. Ele se aproximou de Carol e ela pôde sentir o cheiro do homem que se assemelhava a sua saúde bucal. Ele olhou fixo em seus olhos e deu um largo sorriso, ficando em silêncio por alguns segundos.

   - Tic-tac, Carol Peletier.

   Ele então gargalhou alto e se afastou da mulher, que o olhava com o cenho franzido. O homem então abriu a bolsa que segurava e que tinha passado despercebida por Carol por um instante e a colocou no chão, puxando um objeto retangular preto. Colocou-o em cima da bancada próximo de onde Carol estava com os braços presos e fechou a bolsa.

   - Tic-tac tic-tac tic-tac - ele diz antes de apertar um botão em cima do objeto e revelar o número 72:00:00 em vermelho. O número então decresceu para 71:59:59 e continuou a decrescer a cada segundo. Carol então percebeu que se tratava de um timer.

   - Tic-tac tic-tac tic-tac - e o homem voltou a gargalhar enquanto saía da sala.

   71 horas, 59 minutos, 52 segundos.
   71 horas, 59 minutos, 51 segundos.
   71 horas, 59 minutos, 50 segundos.

   Tic-tac.
   Tic-tac.
   Tic-tac.

Last Day on Earth?Onde histórias criam vida. Descubra agora