De volta na estrada.
O carro que havia deixado Daryl já estava distante, enquanto ele fora deixado no meio da pista com sua bolsa e, surpreendentemente, sua besta. Não sabia o porquê de terem lhe deixado o pertence, mas não poderia mentir, estava esperançoso. Tinha muito planos em mente para o que fazer. Voltar para Rick e seu grupo definitivamente não era uma opção, tendo em vista que o tempo era precioso e ele precisava resgatar Carol. Como ela estava naquele momento?
Machucada?
Inconsciente?
Morta?Daryl tentou afastar os pensamentos que o amedrontavam. Salvá-la o mais rápido possível era seu foco para evitar que algo aconteça com a mulher, o que ele não podia nem cogitar a ideia. Seu objetivo era trazê-la sã e salva.
Ele pega sua moto que permanecia parada no mesmo lugar e define um destino; tinha alguém em mente para ajudá-lo, mas não saberia ao certo se essa pessoa concordaria. De qualquer forma, era a única opção presente.***
Adentrou impaciente a casa de Aaron e Eric, não se sentindo confortável em estar ali. Pessoas nunca foram o ponto forte de Daryl, mas vivendo agora em sociedade, não havia outra escolha. Tinha de socializar.
Foi recebido calorosamente pelo casal que o chamara para jantar outra vez. Queriam mesmo conhecer Daryl, ainda mais agora que ele seria parceiro de Aaron para recrutar novos habitantes para Alexandria.- Pode se sentar, Daryl - Eric diz com um sorriso, não conseguindo conter uma leve risada com o quão desajeitado Daryl estava.
Ele hesitou por um instante, mas logo sentou à mesa com os dois. O silêncio tomou conta por alguns segundos enquanto todos começavam a jantar.
- Então Daryl, eu percebi que está se sentindo mais confortável agora aqui em Alexandria. Eu fico feliz que isso esteja acontecendo - Aaron quebra o gelo da conversa.
Daryl balança a cabeça e os olha, mas continua a comer.
- Você... Você já conheceu alguém? - Eric questiona vagamente.
Aaron o olhou abismado, sabia o que ele estava tentando dizer e achou um pouco desrespeitoso.
- Como assim? - Daryl o olhava intrigado.
Mesmo com o olhar mortal de Aaron, Eric prosseguiu - Alguém pra se estabilizar, sabe? Eu sei que isso é uma coisa que não parece do seu perfil mas... Se você quiser compartilhar sobre alguém, estamos a ouvidos.
Daryl parou por um momento o que estava fazendo e os encarou fixamente. Tentou analisar ainda o que o homem do outro lado da mesa estava supondo, e quando se deu conta, olhou para o prato pegando os talheres e fazendo "Pff" com a boca.
- Você só pode estar de sacanagem - responde sem delicadeza.
- Desculpe - Eric diz contendo a risada novamente. Ele olha para Aaron que permanecia indignado e então se levanta, comunicando - Eu vou buscar mais suco.
Agora só restava à mesa Aaron e Daryl que comiam silenciosamente.
- Me perdoe, Eric se intromete demais às vezes.
Daryl não diz nada. Aaron parece pensativo, e mesmo contrariado consigo mesmo, decide perguntar.
- Você e Carol... Vocês têm alguma coisa? Eu não... Eu não estou insinuando nada, é só que eu os observo de vez em quando e... Me parecem tão próximos.
Daryl sentiu o coração acelerar, mas se manteve sério. A menção daquele nome direcionado para ele sempre o deixava agitado. Olhou para Aaron com o olhar gélido.
- Eu não acho que esse seja o momento pra se estabilizar com ninguém - ele diz sem se importar se estava criticando o relacionamento também de Aaron e Eric - Eu acho que estamos na merda e isso não vai mudar tão cedo. Provavelmente nunca vai mudar. Então eu não vou perder meu tempo me preocupando com isso.
Eric agora já havia voltado, e Daryl esperou que ficassem ofendidos de alguma maneira. Não ficaram, e até acharam que Daryl estava vagueando.
- Daryl, eu não quis te deixar assim. Como eu disse, não tive intenção de insinuar nada, só foi uma simples pergunta baseada nas minhas observações. Se você gosta del... Se você gosta de alguém, você pode falar. Não precisa se prender a nada na sua cabeça.
Daryl queria sair dali. Estavam tocando em sua ferida, era a única coisa que ele temia. Sua relação com Carol. E ele temia porque era a única coisa desconhecida por ele naquele momento.
Seus sentimentos por ela.
Ele nunca havia sentido nada antes, e por isso era tão estranho, tão misterioso, tão inexplorado.- Eu não estou me prendendo a nada - respondeu simplesmente.
Mas ele queria entender, queria entender o que estava sentindo.
Por que, quando a olhava, queria abraçá-la?
Ou beijá-la?
Ou tocá-la?
Mas jamais diria aquilo. Nem em mil anos.***
Carol começava a tentar partir a fita que prendia seus pulsos. Era um processo lento e que a deixava ansiosa, mas tinha de ser feito com cuidado.
Ouviu passos se aproximarem da sala, e tremeu da cabeça aos pés. Alguém estava vindo, e precisava disfarçar o que estava fazendo. Escondeu a lâmina nas palmas unidas de suas mãos e as fechou com força.
A porta abriu.
- Mas que porra aconteceu aqui? - o homem pergunta vendo o sangue no chão.- Eu cortei minha mão com a lata.
O homem pareceu desconfiado. Analisou a lata e Carol respirou fundo para ele não notar o que faltava. Mas ele notou.
- Ei, o que você está escondendo aí?
- Nada.
- O que você está escondendo aí?!
Ele se aproximou, e sentiu o sangue fervendo escorrer pelo seu pescoço. Carol cortara sua garganta em um piscar de olhos.
A mulher tratou de pegar a chave da corrente que prendia seus pés no homem e se soltar, levantando-se e logo sentindo a dormência enfraquecer suas pernas. Se manteu firme, e tratou de arranjar algo que cortasse as malditas fitas.
Estava confiante que sairia dali.Tic-Tac, tic-tac, tic-tac. O timer não parava.
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Last Day on Earth?
FanfictionSejam gentis uns com os outros, como você disse - como se fosse seu Último Dia na Terra.