Procurando por Respostas

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Sinto um barulho estranho, como o de alguém cortando metal ao meu redor... Todo o meu corpo doía e o Mundo estava girando... Ouvi os gritos de minha mãe, ela estava me chamando... Agora sim, podia sentir suas mãos sobre as minhas. Eram tão quentes!... Sinto algo estranho e minha visão começa a ficar escura novamente... Sinto como se uma descarga elétrica percorresse todo o meu corpo...


Acordo assustada! Seria mais um pesadelo ou uma lembrança? Era tão real e ao mesmo tempo tão confuso! Sento-me na cama, pego um copo com água e tomo aquele comprimido estranho, agora eu sei, sem sabor. Nada fazia sentido naquilo tudo. Não importa quantas vezes eu tente, não consigo compreender como aquele médico entrou no quarto e evitou que eu caísse sem que eu pudesse notá-lo.

Porque a porta estava trancada? Porque, se me sinto tão bem, ainda preciso tomar esse remédio? Parando para pensar, também não entendo como depois de seis anos em coma eu apenas acordei e me levantei. Não teriam seqüelas? Não entendo bem o que acontece com pessoas que saem de um coma longo desses, mas não devem pular da cama como eu fiz. Precisava muito encontrar aquele médico novamente.

Fui em direção à porta, coloquei a mão sobre a maçaneta como se estivesse prestes a cometer um crime, fiquei um tempo tentando escutar se havia alguém do lado de fora. Abro silenciosamente e espiono. Tudo livre, tanto para um lado quanto para o outro se estendia um grande corredor com inúmeros quartos. O que está bem em frente ao meu é o quinhentos e treze, logo minha curiosidade faz-me afastar um pouco para olhar o número do meu também, nesse momento sinto um esbarrão em minhas costas.

— Ei! Isso doeu! — Falei enquanto tentava achar a pessoa que quase me derrubou. Eu praticamente congelei, era o mesmo rapaz que gritava algo quando eu estava na janela. Ele era mais alto do que eu, moreno, cabelo preto e seus olhos eram os verdes mais lindos que já tinha visto. Me senti um pouco tonta e quase caí novamente.

— Me desculpe! — Ele segurava meu braço enquanto nos olhávamos por alguns segundos, eu conseguia sentir o meu coração batendo mais forte, não sabia explicar o porquê — Você...

— Você era aquele que estava gritando naquele dia. Não era?

— E você era a garota na janela tentando se matar. Prazer, meu nome é John! Ainda bem que você me ouviu gritando e desistiu de pular.

— Sou eu mesma! Prazer, Camille. Eu não estava tentando pular, só queria ter uma vista melhor do parque — Menti descaradamente - Me diz uma coisa. De onde você veio? Como esbarrou em mim?

— Eu iria te perguntar o mesmo, eu estava visitando meu avô, abri a porta e não tinha ninguém, quando saí acabei esbarrando em você.

— Então seu avô está no quarto em frente ao meu? Eu estou neste aqui. Quinhentos e doze.

— Camille, me desculpe? Foi um imenso prazerem conhecê-la, mas lembrei-me que estou atrasado na verdade. Conversamos depois?

— Espere! — Falei enquanto segurava sua mão, impedindo sua ida.

— Sim! — Ele voltou-se para mim, mas não faço ideia porque o chamei.

— Até mais! — Dei um beijo em seu rosto e vi ele ficando vermelho e sem graça.

Até mais! — Disse-me sorrindo enquanto saia. Algo em mim queria muito vê-lo novamente, mas eu não sabia explicar essas emoções. Fiquei alguns segundos olhando, como se ele fosse voltar naquele instante.

Quando voltei à realidade, percebi que ainda não tinha dado um passo no sentido de achar as minhas respostas e já estava colecionando mais dúvidas. Percebi algo estranho, a princípio pensei que meus olhos estavam me pregando uma peça, mas olhei com mais calma, havia uma sombra aproximando-se lentamente, ela parava a cada dois segundos e continuava. Comecei a ficar com medo, não tive coragem de sair do lugar, somente torcia para aquilo sumir. Eu abria e fechava os olhos, mas a coisa ainda estava lá e aproximando-se. Parou ao meu lado como se prestasse atenção em mim e depois entrou no quarto do avô do John. Eu vi aquela sombra passar por todos os orifícios da porta como uma fumaça. Senti-me livre do medo e só queria correr dali o mais rápido que pudesse, porém algo me tentava a entrar, não podia deixar o que quer que fosse aquilo fazer mal ao avô do John.

Abri a porta com força para evitar qualquer arrependimento e vi um homem já com seus setenta e poucos anos no chão, parecia estar morrendo. Aquela sombra estava sobre ele. Comecei a tacar qualquer objeto que estivesse ao meu alcance naquele monstro, de alguma forma ele distraiu-se o suficiente para que o homem voltasse a respirar. Fui em sua direção, a sombra parecia ter medo de mim, quando cheguei mais perto ela fugiu do quarto em uma velocidade extraordinária. Nada que eu conhecesse poderia se mover daquela forma!

Voltei minha atenção ao homem caído no chão.

— O senhor está bem? — Perguntei apreensiva.

— Estou sim minha filha! Quem é você? Um anjo?

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