O bem e o mal

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" O mal e o bem, o bom e o mau, andam sempre misturados. Nunca se é completamente bom ou completamente mau."

José Saramago - (Clarabóia)


Assim que falou comigo ele fechou seus olhos...

...Meu coração veio à boca, segurei seu rosto gritando para ele acordar, o desespero foi tomando conta de mim a cada segundo em que ele passava desacordado. Gritei por socorro ainda dentro do quarto e não satisfeita corri pelo corredor tentando achar qualquer um que pudesse me ajudar. Uma enfermeira, eu tinha acabado de ver uma no final do corredor.

— Ei! Socorro! Socorro! — Eu gritava a plenos pulmões e ela nem olhava para mim. O que estava acontecendo? Ela devia estar a uns quinze metros no máximo. Comecei a correr em sua direção até que me deparo com o doutor Gabriel.

— Ei calma! — Ele disse enquanto segurava meus braços — Porque está correndo por aí Camille?

— Precisa me ajudar agora mesmo doutor! — O arrastei até o quarto daquele senhor — Acho que ele está morrendo.

Fiquei na porta vendo a análise médica, não me atrevia a dar nem mais um passo, aquele silêncio estava acabando comigo.

— Ele ficará bem! Apenas desmaiou — Ele me olhou com uma cara estranha — Agora vamos tratar de você Camille.

— Eu estou bem! Não precisa se preocupar — Falei, mas foi em vão, acabei sendo escoltada de volta ao meu quarto.

— O que aconteceu Camille? Posso ver algo diferente em seus olhos.

— Você vai achar que sou louca! Eu vi uma sombra escura invadir o quarto e atacar aquele senhor — Eu me sentia mais aliviada botando isso para fora.

Gabriel foi em direção à janela e observou por alguns segundos a paisagem, parecia preocupado.

— Quantos você já viu? — Ele perguntou ao se virar.

— Apenas um! Existe mais de um daquilo?

— Eu também posso vê-los, na verdade os vejo com mais detalhes do que você. O que você viu Camille era um vampiro.

— Como o Drácula?

— Não! Deixe-me explicar. Entre o mundo dos vivos e dos mortos existem diversos seres, uns pacíficos e outros não. O que estava atacando aquele homem era uma espécie de vampiro demônio, eles se alimentam da energia vital das pessoas, entre outras coisas. Preferem atacar as pessoas mais fracas ou doentes.

— Ele fugiu de mim. Foi assim que consegui afastá-lo.

— Não pense que você tenha algum poder sobre eles, provavelmente da mesma forma que você não consegue vê-los claramente eles também não possam vê-la. Você tem a mente de uma criança ingênua, quase sem maldade. Acredito que a criatura tenha visto uma luz bem forte quando olhou para você.

— O que eu faço se vir um deles novamente?

— Apenas o ignore. Acredito que não a atacará. Lembre-se que você ainda precisa de tratamento, não está forte o suficiente para ficar zanzando por aí.

— Isso tudo parece muito estranho para mim! — Confessei.

— Eu sei que pode sentir-se confusa, mas precisa acalmar-se. Logo receberá a visita de seus pais novamente.

— Novamente? Quando eles vieram?

— No início não saíam do seu lado, mas com o passar dos anos vieram cada vez em espaços de tempo maiores.

Antes de AcordarOnde histórias criam vida. Descubra agora