Paralisada

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Eu sabia que a minha situação não estava nada boa. Eu não conseguia mais me mexer e não sei quando, mas alguém colocou-me na cama juntamente ao meu corpo.

Acordei hoje e não podia mais me mover, não podia mais falar, eu apenas via e ouvia o que acontecia ao meu redor.

Uma enfermeira entrou no quarto e apenas olhou para mim, até aí não era novidade, mas o que vi em seguida me deu vontade de chorar, meus pais finalmente vieram me visitar. Dessa vez estavam sem o Albert. Eu queria poder levantar e abraçá-los, mesmo que eles não pudessem me ver. Eu queria muito poder tocá-los, mas apenas o que posso fazer é olhar para os seus rostos tristes.

— Senhor e senhora Willians, fiquem à vontade. O doutor Gabriel já virá — A enfermeira disse ao sair do quarto como se algo a incomodasse profundamente neste lugar.

— Dan, eu não posso mais ver a nossa filha desse jeito. A culpa é minha, fui eu quem matou a nossa filha — A minha mãe chorava e soluçava nos braços do papai.

— Você não teve culpa meu amor, quantas vezes vamos ter essa conversa? Olhe para ela! Ela não está morta, pelo menos não ainda. Como aquele garoto disse, precisamos lutar por ela.

— Não posso mais viver com isso Dan! Vamos mesmo ver a Camille morrer aos poucos?

— Não se eu puder impedir — O doutor Gabriel finalmente apareceu na porta do quarto — Vocês precisam ter fé, eu tenho certeza absoluta que ela acordará logo. Eu não posso explicar como eu sei, mas eu sei.

— O senhor fala isso todas as vezes doutor, eu já não sei o que pensar — A minha mãe sentou-se no sofá e colocou as mãos no rosto enquanto chorava.

Enquanto um silêncio sobrenatural tomava conta do ambiente meu pai aproximou-se de mim e me olhou, eu gelei, não sabia se ele podia me ver. Eu tive esperanças por um breve momento, até ele beijar a minha testa e virar de costas— Doutor, agora está nas mãos de Deus. Já fizemos tudo o que podíamos. Eu não quero abandonar a minha filha, mas não posso deixá-la sofrer por tanto tempo. Essa não é a vida que queríamos para ela.

— Eu lamento ouvir isso de vocês. Podem me acompanhar por favor?

— Acabamos de chegar, você não pode... — minha mãe tentou intervir.

— Só por um momento.

Vi meus pais saírem e depois de alguns minutos voltarem com os semblantes totalmente diferentes, não estavam mais tristes, mas chocados, Eles me olharam de longe por uns segundos antes de irem embora.

Em seguida o doutor Gabriel sentou-se ao meu lado na cama — Eu sei que você está aí Camille, eu não vou medir esforços em te ajudar. Os seus pais só estão confusos, eles batalharam todos esses anos, ficaram sem dinheiro, mas eles não quiseram falar as coisas que falaram aqui hoje. Não perca a esperança, tenha fé.

Nesse momento alguém apareceu na porta chamando odoutor para uma emergência qualquer e logo em seguida a Bia entrou no quarto,ela olhava-me com curiosidade, como se perguntasse se eu ainda estava ali. Eusabia que ela não gostava muito de mim, mas nesse momento era como se ela sentissepena.    

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