A placenta se rasga
Uma voz calma, clara, cristalina
Vem de repente
Esperando há muito tempo
Lhe trazer para o outro lado do rio
Para o outro lado do manto azul
Mãos brancas chacoalham o menino
Acorda que já é hora
Velha mariposa, linda mariposa
Escuridão e silêncio
Faz tempo que vivemos no passado
E o futuro, quando vai chegar?
Tem que mastigar concreto
Tem que caminhar por sobre cacos de vidro
Tem que aplaudir ao fim do número
Abra bem os olhos
Atente-se ao som que vem de fora
Abraçe a sua anormalidade
Cabeças ornamentadas vêm
Longos cabelos vêm
Pés descalços vêm
Homens retintos veem
Feridas se abrem como rosas em botão
O balanço do barco
É o mar te pondo pra dormir
Dentro da noite misteriosa.-Bruno Freire
Arte por Nadia Sarwar
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Dentro da Noite Silenciosa
PoetryPoesias que escrevo no ímpeto, sob uma necessidade vital.