Papel em branco
Mente em branco
Fito a tela do computador
Nada fluiCafé, whisky ou fanta uva?
Essa blusa não é sua?
Quando vou te ver de novo?
Promete que liga?O pescoço doí
Giro-o pra ver se passa
Me levanto e caminho pelo quarto
Desço a escada
Saio pro quintal
Noite de lua cheia
Um místico poderia dizer com veemência
que era o momento propício para dedicar-se à criação
Besteira
Nada fluiTem dores que se combinam
Tem choros que se entrelaçam
Tem risos que se rimam
E tem corações que se perdem no escuro do mundoMais uma vez sento em frente ao computador
Quer saber de uma coisa? Foda-se
Poemas não se forçam, eles vêm conforme a sua egoísta vontadeToca o telefone
Será ela?
Apenas esquecei o seu BukowskiMeia hora depois entra pela minha porta
Me aproximo
Acaricio a sua nuca
Ela se afasta
Dou uma mordidinha em sua orelha
Parece baixar um pouco a guarda
Lhe abraço por trás
Nos beijamos
O cômodo se inflama
Arranco seu vestidoE lá estamos nós, mais uma vez
Nus
Deitados na minha camaPergunto do que ela tem medo
Me encara
Desvia o olhar
Seguro sua cabeça e faço ela continuar me encarandoMe dá essa chance, prometo não ser igual ao outros
Minha espera pesa o ar em todo ambiente
Um minuto, 60 longos segundos me olhando
Então vem um sorriso e um simAgora eu me sento em frente à tela
E tudo flui,
Jorra de mim
Palavras em cascata
Uma fonte que parece que nunca vai secar
E olha que lá fora nem tem lua.-Bruno Freire
Arte por Nadia Sarwar
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Dentro da Noite Silenciosa
PuisiPoesias que escrevo no ímpeto, sob uma necessidade vital.