A Alfarrabista

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Vento de maresia
Canto de viola
Te vi assim, no meio das estantes abarrotadas
Tua cabeça por trás
Teu cabelo posto de lado sobre o ombro
Eu vi,
juro que vi!
Imediatamente quis te surpreender
Te ofereci minha cara,
meu nome,
meu sorriso
A barra da tua saia se movimentava
Nas oscilações de um fado
Por entre folhas amareladas,
páginas costuradas
lombadas com letras douradas
passavas tu,
deixando para trás a tua luz
aquietando todo o grito calado
dos livros desesperados
e ofuscando todo o breu do ambiente mau iluminado
Fitei teu rosto com ar de mistério
Tuas pestanas meio cerradas como quem diz:
Desvenda-me!
Percebi que tu cheiravas a café
Singularidade dos leitores insaciáveis
Quero descobrir os tesouros que tu guardas
Eu, nobre escafrandista das palavras
Me juntei a tu, honrada alfarrabista apaixonada.

-Bruno Freire

Arte por Natalie Foss

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