Me movimento pelo precipício
Tenho consciência de que estou sonhando
Percebo que as árvores no mundo dormido
São muito maiores que no mundo acordadoOlho para os meus pés e percebo que estou descalça
Posso sentir a terra úmida entre meus dedos
As pedrinhas que compõe o soloLogo atrás uma enorme ravina
Um caminho que me tira de onde estou
E me leva para o antro das criaturas noturnasMulheres nuas de mãos dadas
Cantam e dançam ao redor do fogo
Que crepitando afogenta as agulhas do frio que furam meus ossosMesmo nem todas sendo parecidas
Sei que todas são mulheres
Não há um homem sequerDe algumas delas escorre a vida em rubro
Que embebeda a terra de fecundação
E que usam para marcar suas têmporas de uma ponta à outraO som das suas vozes faz meu corpo todo se arrepiar
Vou me deixando levar por aquilo
Deparo-me mergulhada em um estado de êxtaseEstou ali, enserida na primeira das horas
Ouvindo a sinfonia da criação
Unida às minhas irmãs, tornamo-nos uma só
Acolhida nos braços da Mãe.-Bruno Freire
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Dentro da Noite Silenciosa
PoetryPoesias que escrevo no ímpeto, sob uma necessidade vital.