C. 22° O casal já escolheu?

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Segurei o ar, estava prestes a debater. No entanto, Théo me obstrui fazendo um gesto pra que eu ficasse calada.

     — Vai fazer birra por isso? Só quero te comprar um  presente!
    Permaneci calada, segundos depois o olhei constrangida.
      — Obrigado — suspirei.
      — Às ordens. — sorriu.

    Após a compra do quadro, eu e Théo seguimos de carro para um novo restaurante requintado. Tínhamos reserva para 9hrs, por sorte chegamos bem na hora.

     — Por aqui senhor e senhora, por favor! — um funcionário do restaurante nos levou até a nossa mesa. Théo puxou a cadeira pra mim, sentei, em seguida ele também.

   — Aqui está o menu — o funcionário nos entregou o mesmo e saiu. Olhamos cada um o menu em silêncio.

    — O que irá pedir? — perguntou.

    — Acho que Camarão ao Themior e você?

    —  E o que é ao Themior ? — fez uma cara pensativa.

    — É  um molho, muito gostoso, aliás— ri.

    — Se a senhorita diz, é porque é! Piscou.

    — Parece que eles tem um prato como atração essa noite, quer experimentar? — olhei o meu.
    Seria divertido provar algo novo com o Théo!!

    — Se você experimentar eu experimento — piscou.

    — Então tá — retribui a piscada.

    — Irei pedir um desse, para nós dois! — Théo estendeu a mão convocando o garçom que em questão de segundos chegou a nossa mesa.

    — Boa noite, o casal já escolheu? — o garçom sorriu, pegou um bloco, caneta e nos olhou concentrado.

    — Boa noite — dissemos juntos.

    — Um Risoto de Codorna e trufas negras frescas para mim e para essa linda moça! — me olhou.  

    — Ok, iram pedir algo para beber?
 
  — Um vinho tinto espanhol de 1995 e já pode trazer a garrafa!

    — Certo, com licença — se retirou.
Olhamos um para o outro, sorri.

    — E como vai lá na empresa com o meu pai?

    — Digamos que eu sou o xodó dele — riu — brincadeira, mas estou adorando trabalhar lá, os cálculos passaram a ser minha terceira paixão.

    — Terceira? — franzi a testa.

    — A primeira está na minha frente — olhei no mesmo momento pra trás rindo — é você mesmo — esboçou um sorriso encantador.
    — E a segunda? — passei a mão no cabelo.
    — Com certeza, a arte. Sou apaixonado por cada estilo, é do mais antigo ao mais moderno — os olhos dele brilharam.
   O garçom chegou com o vinho, nos serviu e se retirou.

    — E porque ficou com os cálculos? — Disse após balaçar a taça com vinho e beber um bocado.
    — Não vejo muito sucesso no meu trabalho, não daria certo. — analisou a taça pensativo, balançou e bebeu.

    — O rascunho do meu rosto ficou ótimo. Acho que você faria sim, muito sucesso!

    — Falando em rascunho — sorriu malicioso — ainda pretendo te desenhar nua — ri sarcástica.  

    — Lamentável eu não aceitar.

    — É mesmo muito lamentável, já estive pensando que também ficaria nú após desenhar cada traço do seu corpo — pegou minha mao e acariciou com o dedão, mordendo seu lábio inferior. Sua voz soou sexy. Pera, isso foi excitante!! Bebi mais um bocado do vinho.

     — Você deveria parar de imaginar tanto, está se tornando um cara perverso — sussurrei.

     — Quero correr esse risco, aliás, você não iria suspirar como aquela noite se eu não fosse um cara perverso— riu sarcástico, corei.

    — Eu queria saber porque não me lembro dessa noite tão marcante pra você — me aproximei apoiando o cotovelo na mesa.

    — Te faço lembrar essa noite, amor.

    Comecei a idealizar o que havia acabado de ouvir. Não seria uma má idéia!!
— Certo.
abri um sorriso perverso.

    — Então você aceita?
O olhei pensativa.
    — Aceito.
Disse por fim, o garçom chegou com os nossos pratos, nos serviu e se retirou  — Um bom apetite para nós dois — disse olhando aquele prato que aliás, aparentava estar uma delícia. Logo após provamos juntos da comida. Pera aí, um minuto de silêncio!
Théo me olhava sem jeito, mastigava com e esforço e com muito mais esforço, engoliu.
   — Está boa?
Perguntei olhando para o prato. Só tem beleza mesmo, pensei.

  — É.. diferente — olhou para o prato levando sua mão até o cabelo. Aquilo me fez rir.

    Tava na cara que Theo havia detestado aquela comida!

  O silêncio tomou conta de nós, só se escutava os talheres batendo no prato.
    — E você gostou?
    — Gostei, é.. é como você disse, diferente.
    — Ah é? Então porque até agora você só deu uma garfada?

  Levantei minha sobrancelha.
— Você não está nem um pouco diferente de mim!
   
  — Um instante meu amor! — pegou minha mão, beijou e saiu. Théo demorou no mínimo 5 minutos e voltou. Apanhou duas taças e a garrafa de vinho — Vem, vamos dar o fora daqui!

  Não me mexi, fiquei lá paralisada o olhando sem entender absolutamente nada — Assim, do nada? — Consentiu com a cabeça.
     — Vem — Me estendeu a mão olhando nos meus olhos. Segurei a sua mão e saímos daquele ambiente em um instante.

 

Presa ao fimOnde histórias criam vida. Descubra agora