Segurei o ar, estava prestes a debater. No entanto, Théo me obstrui fazendo um gesto pra que eu ficasse calada.
— Vai fazer birra por isso? Só quero te comprar um presente!
Permaneci calada, segundos depois o olhei constrangida.
— Obrigado — suspirei.
— Às ordens. — sorriu.Após a compra do quadro, eu e Théo seguimos de carro para um novo restaurante requintado. Tínhamos reserva para 9hrs, por sorte chegamos bem na hora.
— Por aqui senhor e senhora, por favor! — um funcionário do restaurante nos levou até a nossa mesa. Théo puxou a cadeira pra mim, sentei, em seguida ele também.
— Aqui está o menu — o funcionário nos entregou o mesmo e saiu. Olhamos cada um o menu em silêncio.
— O que irá pedir? — perguntou.
— Acho que Camarão ao Themior e você?
— E o que é ao Themior ? — fez uma cara pensativa.
— É um molho, muito gostoso, aliás— ri.
— Se a senhorita diz, é porque é! Piscou.
— Parece que eles tem um prato como atração essa noite, quer experimentar? — olhei o meu.
Seria divertido provar algo novo com o Théo!!— Se você experimentar eu experimento — piscou.
— Então tá — retribui a piscada.
— Irei pedir um desse, para nós dois! — Théo estendeu a mão convocando o garçom que em questão de segundos chegou a nossa mesa.
— Boa noite, o casal já escolheu? — o garçom sorriu, pegou um bloco, caneta e nos olhou concentrado.
— Boa noite — dissemos juntos.
— Um Risoto de Codorna e trufas negras frescas para mim e para essa linda moça! — me olhou.
— Ok, iram pedir algo para beber?
— Um vinho tinto espanhol de 1995 e já pode trazer a garrafa!— Certo, com licença — se retirou.
Olhamos um para o outro, sorri.— E como vai lá na empresa com o meu pai?
— Digamos que eu sou o xodó dele — riu — brincadeira, mas estou adorando trabalhar lá, os cálculos passaram a ser minha terceira paixão.
— Terceira? — franzi a testa.
— A primeira está na minha frente — olhei no mesmo momento pra trás rindo — é você mesmo — esboçou um sorriso encantador.
— E a segunda? — passei a mão no cabelo.
— Com certeza, a arte. Sou apaixonado por cada estilo, é do mais antigo ao mais moderno — os olhos dele brilharam.
O garçom chegou com o vinho, nos serviu e se retirou.— E porque ficou com os cálculos? — Disse após balaçar a taça com vinho e beber um bocado.
— Não vejo muito sucesso no meu trabalho, não daria certo. — analisou a taça pensativo, balançou e bebeu.— O rascunho do meu rosto ficou ótimo. Acho que você faria sim, muito sucesso!
— Falando em rascunho — sorriu malicioso — ainda pretendo te desenhar nua — ri sarcástica.
— Lamentável eu não aceitar.
— É mesmo muito lamentável, já estive pensando que também ficaria nú após desenhar cada traço do seu corpo — pegou minha mao e acariciou com o dedão, mordendo seu lábio inferior. Sua voz soou sexy. Pera, isso foi excitante!! Bebi mais um bocado do vinho.
— Você deveria parar de imaginar tanto, está se tornando um cara perverso — sussurrei.
— Quero correr esse risco, aliás, você não iria suspirar como aquela noite se eu não fosse um cara perverso— riu sarcástico, corei.
— Eu queria saber porque não me lembro dessa noite tão marcante pra você — me aproximei apoiando o cotovelo na mesa.
— Te faço lembrar essa noite, amor.
Comecei a idealizar o que havia acabado de ouvir. Não seria uma má idéia!!
— Certo.
abri um sorriso perverso.— Então você aceita?
O olhei pensativa.
— Aceito.
Disse por fim, o garçom chegou com os nossos pratos, nos serviu e se retirou — Um bom apetite para nós dois — disse olhando aquele prato que aliás, aparentava estar uma delícia. Logo após provamos juntos da comida. Pera aí, um minuto de silêncio!
Théo me olhava sem jeito, mastigava com e esforço e com muito mais esforço, engoliu.
— Está boa?
Perguntei olhando para o prato. Só tem beleza mesmo, pensei.— É.. diferente — olhou para o prato levando sua mão até o cabelo. Aquilo me fez rir.
Tava na cara que Theo havia detestado aquela comida!
O silêncio tomou conta de nós, só se escutava os talheres batendo no prato.
— E você gostou?
— Gostei, é.. é como você disse, diferente.
— Ah é? Então porque até agora você só deu uma garfada?Levantei minha sobrancelha.
— Você não está nem um pouco diferente de mim!
— Um instante meu amor! — pegou minha mão, beijou e saiu. Théo demorou no mínimo 5 minutos e voltou. Apanhou duas taças e a garrafa de vinho — Vem, vamos dar o fora daqui!Não me mexi, fiquei lá paralisada o olhando sem entender absolutamente nada — Assim, do nada? — Consentiu com a cabeça.
— Vem — Me estendeu a mão olhando nos meus olhos. Segurei a sua mão e saímos daquele ambiente em um instante.
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Presa ao fim
RomansaNeste exato momento me encontro no hospital "Santa fé" do Rio de Janeiro, com um diagnóstico de câncer de cólon em mãos. O pior é que o câncer já se espalhou e são 99% de chances de eu não permanecer viva. Minha mãe está ao meu lado soluçando de tan...