Capítulo 9 - Você não está sozinha ❤

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Um mês sendo torturada com tanta conversa fiada de Vincent. Eu não o aguentava falar de Deus e afins. Eu não estava com saco para ele mais. Não era a pior companhia, afinal, se eu for comparar ter que ficar um mês ajudando a Barbie a fazer alguma coisa prefiro mil vezes aturar o Vincent.

Ontem o clima não estava tão pesado, mas ainda tenho minhas desconfianças quanto a ele e seu amigo. Os dois escondem algo e eu sei que tem haver com a minha irmã, se não, o Leo não estaria fugindo de mim como se fosse um louco e ele não mudaria de assunto sempre que eu falo sobre.

A noite estava começando a aparecer, o que significava que eu teria de ir ao meu castigo em breve. Porém, hoje especialmente eu estava feliz de ficar longe da Amanda e das outras, só sabem falar dos garotos dessa escola. Eu já me acostumei pelo fato do Vincent ser bem popular, realmente, ele não era nada mal, mas não é isso tudo.

Depois que acabou a hora da janta, o refeitório estava vazio, olhei em volta e nem sinal do Vincent, eu esperei mais alguns minutos e nada dele chegar.

Eu já havia notado que a chefe da cozinha estava rodeando para que eu fosse limpar as coisas, eu tentei ignorar, mas não deu certo por mais muito tempo. Desisti de esperá-lo e fui para a cozinha e comecei a limpar.

O que eu estava pensando? Claro que ele me deixaria na mão.

Passou-se cerca de dez minutos e eu não estava nem na metade dos pratos, ouvi a porta ranger e se abrir, revelando Vincent ofegante, espremi os olhos em sua direção e cruzei meus braços. Como minhas mãos estavam cheias de sabão, sujei meu uniforme.

— Devia pôr luvas... E avental. – Ele sugeriu, cínico como de costume. Ele ainda estava ofegante, era obvio que ele havia vindo às pressas para cá.

— Você está atrasado! – Resmunguei — Mais de uma hora atrasado – Alterei a voz e ele ergueu as mãos em forma de inocência.

— Desculpa. Eu estava no treino de basquete e perdi a hora. – Apenas joguei a luva em cima dele, ignorando sua explicação.

Vi que ele trazia um violão e ele estava apoiado na porta; ele mentiu, quem leva violão para um treino de basquete?

Parei de lavar a louça e cruzei meus braços a frente do peito, encarei-o ferozmente e ele olhou de soslaio para mim e parou o que estava fazendo.

— Você leva violão para um jogo de basquete? – Perguntei irônica.

Ele jogou a cabeça para trás e começou a gargalhar então salpicou um pouco da água em suas mãos e em seguida no meu rosto, eu continuei com a expressão de raiva. Odeio mentiras.

— Você me pegou, mas... – Ele abriu para mostrar-me o uniforme dele — Eu fui mesmo treinar, peguei o violão para ir no terraço depois – Ele continuou explicando. — E... - Ele colocou sua roupa de volta dentro do bolso menor da capa do violão — Quero que vá comigo. Fiquei sabendo que tem uma linda voz e eu não tenho – Convidou-me, fiquei tentada a aceitar, mas neguei com a cabeça.

— Nem pensar, amanhã tem aula – Respondi.

— Até parece que a vingadora se importa com isso – Ele deu um sorriso de lado, se aproximou de mim e colocou uma mexa dos meus cabelos ruivos atrás da orelha. —Não aceito não como resposta.

Tirei sua mão de mim e ri com deboche.

Aquela cozinha estava pequena e cada vez... menor. E quente também, eu comecei a soar feito uma porca instantaneamente. Lancei meus olhos de volta para a pilha de louça suja que me aguardava, tentando disfarçar meu súbito nervosismo com tal proximidade.

UMA CARTA PARA MIMOnde histórias criam vida. Descubra agora