UMA CARTA PARA MIM

Capítulo 24 - Revelações ❤

Angelina narrando

Eu não estava entendendo absolutamente nada, fui empurrada bruscamente pelo Leonard e do nada uma balde caiu na sua cabeça, uma coisa eu tinha certeza, era para eu ser acertada com aquilo e Leonard sabia disso, mas parecia se arrepender disso por isso tomou essa atitude. Mas porque ele faria isso por mim? Nós nunca trocamos muitas palavras. Provavelmente foi peso na consciência por ser amigo do Vince, mas eu queria saber do porque assim mesmo. Levantei-me do chão com ajuda do Bernardo e fui para trás do palco.

Todos me olhavam com pena então lhes lancei um olhar mortífero para que saíssem de cima de mim. Amanda e Kathy vieram até mim, mas eu não respondi nenhuma de suas muitas perguntas, fiquei procurando Vincent e Leonard com os olhos que haviam sumido depois de todo o acontecimento naquela noite. Eu saio de perto deles sem mais nem menos para procurá-los, se eles haviam me chamado eu não ouvi. Aquilo estava muito estranho.

Procurei os dois por todo o colégio, que graças a Deus estava vazio já que todos estavam lá no auditório ouvindo as mil desculpas do diretor. Decidi me arriscar e sair, mas chegando à porta sou cegada por tantos flashes então fecho a porta novamente e decido dar a volta e ver se eles estão lá no jardim. Passo por alguns lugares e chego ao jardim e nada deles, mas vejo a porta de um quartinho de limpeza meio aberto e a luz acesa, e tinta preta no chão. Eles estavam ali, certeza.

Chego perto e eu ia entrar, mas eles me chamam atenção dizendo o nome de Anna. O que ela tinha haver com isso tudo? Eu me aproximo mais para poder ouvi-los, mas faço barulho derrubando uma pá, mas eles não saem e eu me escondo atrás da porta.

— Eu que fiz a irmã dela se matar e ela nunca vai me perdoar por isso! – Ouço a Vincent dizer, e meu coração diminui, ele se esmaga. Eu só podia estar ouvindo errado.

Eu não precisava ouvir mais nada, sai correndo dali, então foi ele. Ele mentiu para mim por todo esse tempo, eu bato no banco machuco meu pé, paro de andar e tiro meu tênis que já estava me incomodando, tiro a jaqueta e a jogo para qualquer lugar, há alguns minutos atrás eu estava cheia de amores com ele! E ele iludiu minha irmã, como eu pude ser tão burra meu Deus?! E eu ainda cheguei a culpar o Leonard, com certeza estava tentando proteger ele esse tempo todo, por isso se esquivava de mim e ele teve a cara de pau de se aproximar e dizer que me ama! Me ama? E eu me apaixonei por ele como uma boba, eu fui tão idiota.

Ele estava fazendo comigo o mesmo que com a minha irmã. E eu não vou perdoar, nunca.

Sinto gotas de chuva caindo do céu, e fito o firmamento, estava bem nublado e frio, mas eu não estava nem aí. Acabei de descobrir quem fez a cova da minha irmã, quem destruiu ela e agora fez o mesmo comigo, me iludiu fazendo eu me apaixonar e me deixar levar pelo seu rosto bonito e sorriso meigo. Falando de Deus, hipócrita! Eu estou com tanta raiva dele, e de mim mesma, eu o odeio. Ele matou minha irmã, acabou comigo.

Todas as palavras que saíram da boca dele foram mentira. Tudo. Ele me fez confiar nele e me quebrou, me partiu em dois, me amarrou em suas teias de mentiras. Será que ele tem prazer em ferir meninas jovens? Eu quero sumir, quero não ter ouvido isso, quero não ter saído do palco, quero não ter vindo pra essa escola e quero nunca ter conhecido ninguém daqui. Quero uma maquina do tempo pra não me deixar cair nessa, e ser tão fraca, eu cedi tão rápido.

A chuva continuava a cair e eu andava de um lado para o outro, apesar de estar ensopada eu sentia as lágrimas quentes descendo pelo meu rosto. Meus olhos estavam ardendo como nunca antes, eu fui enganada! Não! Eu me deixei enganar. Fui estúpida de me envolver e de acreditar nesse sentimento de conto de fadas, deixei as borboletas na minha barriga me dominarem. Continuo ali em pé sem fazer nada, apenas chorando e implorando a Deus para me tirar dali milagrosamente, porque meu corpo não queria sair dali.