Duas semanas de castigo, eu não aguentava mais lavar pratos e sorrateiramente ser arrastada para o terraço para cantar com Vincent, ele adorava fazer isso, às vezes iam algumas pessoas, mas outras vezes ficava apenas eu e ele lá em cima. Claro que ficamos muito menos tempo do que da primeira vez e isso era um alivio para mim, afinal, eu não quero ficar mais tempo com ele sozinha do que o necessário.
Mas de alguma forma era bom estar lá, eu não me sentia irritada de estar com ele. E aos poucos os outro também não me deixam mais tão irritada, eles parecem mesmo querer ser meus amigos e "mudar" algo em mim pelo meu bem.
Eu continuei procurando o garoto que minha irmã descreveu para mim, mas eu não achava ninguém completamente igual à sua descrição, eu sabia que ele praticava basquete, mas eu havia falado com todos do time e nada de ser o cara que eu estava procurando. Em algum momento me convenci que o Vincent não podia ser o cara que eu estava procurando, mas o amigo dele era suspeito, cada dia com uma menina diferente.
E mesmo sem Vincent estar totalmente no meu radar, eu ainda tinha que tomar cuidado com ele, pois apesar dele se intitular servo de Deus e eu não o ver com nenhuma garota – Além da Barbie que vive perseguindo-o por aí – ele ainda é amigo do Leonard.
Sempre que eu tentava me aproximar de Leo ele se esquivava e escorregava para longe de mim, Vincent sempre estava me dando sermões e continua a me chamar de egoísta assim como Amanda. Sim, Amanda descobriu o que vim fazer aqui. De tanto insistir acabei contando, mas isso acabou nos aproximando.
Apesar de ser alguns dias ela já me passava confiança não era cem por cento, mas dava para contar pelo menos o necessário. Ela fala no meu ouvido todos os dias e a vejo sempre orando por mim, alto para que eu possa ouvir. As pessoas daqui são realmente intrometidas o quanto dá na telha.
Sinceramente, acho que a proximidade que tenho tido com eles se dá pelo meu cansaço mental de tentar afastá-los. Nunca vi gente mais insistente. Agora até me deixo ser arrastada para seu clube.
As coisas com a Elise continuavam na mesma, ela seguia infernizando os que taxava de mais fraco e só ficava na dela as vistas do irmão e da Shara, os dois pareciam ser o único empecilho dela fazer o que quer realmente. A menina má vira santa enquanto está na frente dos parentes.
Visitar meus pais não foi como eu esperava, foi entediante, eu não tinha nada para fazer em casa, quando estava lá apenas pensava na maldita escola. Mas eu matei saudade dos meus pais, fui mimada e aquilo era o suficiente.
Estar com eles me fazia bem, mesmo tendo que ouvir as pregações do meu pai sobre como perdoar é importante e minha mãe mostrar as fotos de quando Anna era viva, o que acabava comigo. É sempre assim: Sorrir quando estou em decadência por dentro apenas para não fazer os que estão a minha volta sofrerem.
— Angelina! – Vitória berrou no meu ouvido, fazendo-me acordar dos meus pensamentos.
— Que foi? Precisa gritar? – Passei a mão no ouvido, como se fosse passar a dor momentânea com tal movimento.
— Estou te chamando a mais de uma hora, caramba! – Bufou. — No que tanto você pensa?
— Em várias coisas – Respondi, voltando meus olhos para cima. — Não estou conseguindo fazer o que eu quero aqui. – Arfei.
— Senhorita vingadora, você precisa esquecer isso, a alma da sua irmã nunca ficará em paz se ficar remexendo no passado – Passou a mão rapidamente no meu cabelo.
Vitória acabou descobrindo o que eu vim fazer, ouvindo uma conversa. Eu fiquei bastante irritada de início, mas nada surpresa pela intromissão deles.
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UMA CARTA PARA MIM
EspiritualAngelina Forbes é uma jovem com personalidade forte, cheia de energia e marcas. Depois de perder sua irmã mais nova, após ela ter começado a namorar um rapaz misterioso, Angelina decide ir atrás do que seria o motivo do suicídio da irmã. Cheia de ó...