Legado - Kithari e Ribertör

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Em suas viagens pelo multiverso libertando escravos e lutando contra opressores, Kithari chegou a um mundo sem magia onde a tecnologia movida a vapor predominava.
O mundo fumacento, cheio do barulho de máquinas e vozes de pessoas estressadas o incomodou pois passou os últimos 100 anos vivendo em Liberta, o mundo que descobriu quando salvou seu povo e tornou se lar dos trael.

O bruxo se viu sem poder neste mundo de máquinas e vapor, limitado ao mana de seu corpo, mas ainda assim tentou cumprir sua missão.
Ele soube que a cidade voadora que nada nas nuvens tempestuosas do planeta era mantido funcionando pelas pessoas pobres, que não podiam pagar por locais melhores da cidade, então trabalhavam horas para se manter nas favelas ou eram mandadas para trabalhar até morrer como punição por não pagar as taxas e impostos da cidade.
As pessoas deste mundo eram humanóides de pela cinzenta, olhos pequenos e possuíam um par de antenas voltadas para trás em suas testas para sentir cheiro, a boca minúscula estava sempre tampada por panos ou máquinas purificadores de ar e todos usavam calçados de sola grossa pra andar no chão quente.
Os pés de pele grossa e a resistência ao calor e fogo, características naturais dos trael, foram muito úteis pois o viajante não levava dinheiro.

Nas partes mais baixas da cidade voadora, em meio a engrenagens e fumaça tóxica, marcados de cortes e queimaduras, desidratadas de tanto suar e anémicos pela falta de alimento, sua pele tinha manchas escuras que aqueles da parte rica sequer tinham noção da existência.

Kithari usou sua magia pra curar a doença, mas atrapalhar o trabalho deles chamou atenção do dono da cidade voadora.
O humanóide enorme desceu as escadas da torre, ele não era da mesma espécie dos outros, sua pele era azul escuro com tons esverdeados com placas ósseas pelo corpo, presas salientes e um nariz achatado e grande que respirou o ar poluído de carbono, enchendo seus pulmões e liberando pelos buracos entre as costelas como guelras.

O trael viajante olhou nos olhos da criatura humanóide e sentiu a fúria fever seu sangue, o humanóide era da mesma raça que escravizou seu povo.
Com apenas mais uma magia, ele contou com a sua capacidade física decorrente de anos de escravidão e caçando com seu povo em Liberta.

Kithari correu e pulou por cima da cabeça do brutamontes, mas este reagiu pegando a perna do trael e o atirando no chão.
Ambos conhecem os pontos fracos do gigante de placas ósseas, as partes macias que Kithari aprendeu das antigas escravas que banhavam seus mestres e dos cadáveres dos guardas trazidos a Liberta.

Kithari então sacou a adaga da cintura e golpeou no tornozelo fazendo o grandão cair, mas ele reage com um golpe mas acertou o chão vazio.
Confuso ele olhou pra cima quando sentiu o peso nas suas costas do trael, Kithari havia se teleportado!

Porém quando Kithari golpeou, ele não contava com duas coisas: o gigante também era um viajante e não estava sozinho.
Ele acertou o chão e foi atacado por um felino negro com manchas roxas, penas brilhantes na cabeça, mesmo que estejam sujas e maltratadas ainda eram belas, e uma coleira com correntes fortes.

O brutamontes reapareceu sorrindo e pegou a corrente do animal e ordenou que atacasse, mas quando a criatura se recusou e ele a chutou.
Kithari sente ódio e nojo deste ser, ele teleporta novamente dessa vez usando sua última magia pra arrancar a mão do inimigo com uma estaca de gelo!
Urrando de dor, o inimigo se viu diante do olhar vingativo de Kithari e a pantera udraniana.
Ele calterizou o corte com o chão quente segurando o grito de dor em um pensamento de pura fúria, então ele correu de peito aberto confiando na sua resistência para defende-lo.
A pantera udraniana saltou pra cima dele, mas Kithari segurou sua corrente quente queimando as mãos de pele mais delicada que os pés.
A criatura sentiu se ameaçada, mas então notou algo nos olhos do Trael.
Apesar de ser um animal, a fera era dotada de magia e inteligente suficiente para usar, ela notou os olhos afiados de um bruxo e recuou para seu lado.
O brutamontes tenta golpear os dois e erra quando ambos desviam, sua mão queima com o chão quente e o racharam o piso fazendo ele cair no motor.
Em seu último ato em vida, ele tentou atravessar pra outro mundo ou dimensão, mas falhou tendo seu corpo desintegrado e sua consciência presa em um limbo de eterno desespero vagando gritante pelo multiverso, se tornou um grupo de criaturas energéticas conhecidas como Atormentados.

O trael concentrou todo seu poder para levar a cidade voadora de volta a um dos mundos gêmeos onde nasceu, pois acreditava que mesmo dentro dessa espécie tão desprezível que escraviza outros como ele, haviam inocentes e talvez alguém que pudesse libertar todo seu povo um dia.

Horas depois, o trael havia terminado de levar os humanóides que libertou para seu mundo natal e ía devolver o felino a Undra, seu mundo de origem e onde Kithari já estivera antes para conhecer um dos viajantes mais antigos, Mestre Yur-Kei, de uma antiga raça de duas cabeças, corpos esguios e pescoços muito longos.

Ele extende sua mão para toca lá e garantir que irá consigo, a pantera então se curva abaixando as penas da cabeça e em sua mente Kithari escuta uma voz.
A voz vêm da mente do animal mágico, a criatura pede para que Kithari seja seu mestre e o trael aceita, colocando a palma da mão na cabeça do animal.
Este foi o início de uma amizade eterna entre homem e fera, o bruxo fugitivo trael e sua pantera udraniana, Kithari e Ribertör.

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