Assim que Fabiula saiu do banheiro, ela se sentou e me olhou sem julgamentos.
- Vamos lá, conte qual o problema? - Perguntou.
- Sério mesmo? Eu contei tudo que aconteceu, porque eu teria problemas? - Ironizei.
- Ah que isso! Você simplesmente fez a loucura de colocar um anúncio para se casar, que problema pode haver ai? - continuou ironizando e sorrindo.
- Vamos por parte. Eu coloquei o anúncio, sei que foi desespero, mas você sempre soube que eu queria mais que encontros casuais. Quero casar, ter filhos, ter uma família. Não sou como você, que se contenta com sexo, para tentar esquecer Ivan - disse sem pensar e me arrependendo automaticamente - Desculpe prima, não quis tocar nesse assunto.
- Tudo bem, você está certa. Acho que eu nunca vou conseguir me desligar do Ivan, mas não pense que isso é fácil para mim, porque não é - respondeu triste.
- Ja pedi desculpa.
- Eu sei, só estou explicando que não sou um ser desprezível - explicou - Mas vamos focar, não fique se martirizando por algo que nem aconteceu ainda. Tenha calma, deixe as coisas fluírem, . A merda já está feita.
- Quer saber? Você tem toda razão. Ficar sofrendo por antecedência é besteira, é só um encontro e se eu não gostar do cara, simplesmente dou o fora de lá, não é mesmo? - Disse decidida.
Ficamos mais algum tempo conversando e logo depois a Fabiula foi embora.
Tentei aproveitar o resto do domingo, assistindo filmes no Intercine, acabei engatando um filme em outro e quando dei por mim, ja passavam das dez da noite. Tomei um banho gelado e fui dormir.
Sonhei a noite toda que conhecia um velho, que sorria sem dentes para mim. Acordei assustada e com nojo, mas mesmo assim, coloquei a roupa e sai rapidamente para dar aula.
O dia passou lentamente, cheguei em casa perto da uma da tarde. Olhei o guarda roupa, escolhendo um vestido vermelho para encontrar Igor. Ao observar o vestido, cheguei a corar, ele além de decotado nos seios, ainda era curto, mas era o único que tinha para usar. Mesmo que eu estivesse tentada a experimentá-lo, decidi deixar para depois. Deitei na cama e tirei um longo cochilo, acordando mais de seis da tarde, tomei um banho e voltei a olhá-lo no guarda roupas.
Assim que o vesti, olhei para o espelho e me perguntei - Será que meu desespero pode ficar ainda mais evidente? Esse vestido está gritando " Me come".
Coloquei os sapatos e fui para o esperado encontro.
Entrei no carro, configurei o GPS com o endereço enviado por ele e saí.
Dirigia tentando imaginar como ele seria e mesmo assim não conseguia formar uma imagem clara.
Assim que cheguei no Burbom, parei o carro estacionando quase em frente e entrei sendo observada por algumas pessoas que ja estavam sentadas no interior do café e de repente alguém chamou pelo meu apelido virtual bem baixinho e fechei os olhos implorando aos céus " Que não seja um velho babão, que não seja um velho babão". Abri os olhos e quando o vi, quase desmaiei, ele estava de pé bem atrás de mim, muito alto, bonito, moreno claro, olhos negros e penetrantes, lábios carnudos e bem desenhados, usava cavanhaque, o que o deixava ainda mais sensual, se é que isso podia ser possível.
- Senhorita, como vai? - Perguntou estendendo-me a mão. - Fernanda, meu nome é Fernanda - respondi apertando-lhe a mão.
- Bonito nome, sente-se, por favor - sorriu apontando a cadeira.
Sentei-me e vi que ele me observava calado.
- Desculpe, não sei o que dizer. Pensei que seria mais fácil conversar sobre meu anúncio - disse desconcertada com a beleza daquele homem sentado a minha frente.
- Comece me dizendo porque está tão desesperada para se casar. É uma mulher bonita, interessante, não acho que precisasse recorrer a um anúncio - falou olhando o decote no meu seio.
- Vamos dizer que tentei muito e se eu quiser ter filhos, preciso agir, mulheres tendem a envelhecer mais rápido que homem e quanto mais demoramos para ter filhos, menos probabilidades de tê-los - expliquei o fazendo sorrir. "Que sorriso". Senti minhas pernas tremerem. Fiquei imaginando esse homem nu.
- Compreendo. Alguns de nós, realmente não tem sorte no tal "amor" - relatou entristecido. " Se um homem desses não tem sorte o que sobra para alguém como eu". - Pensei.- Namorei algumas vezes, mas não tive sorte. Sempre termino sozinha. - Confessei.
- E a que retribui isso? Você ja parou para pensar sobre isso? Alguém ja apontou seus defeitos quando terminam? - Perguntou abertamente, como se pudesse prever minha resposta.
- Nunca disseram-me nada do tipo, uns dizem que não estão prontos para casar, outros que o problema é eles, não eu e alguns nem terminam, só se afastam e me deixam entender que terminou - expliquei.
- Você ja entra na relação cobrando uma continuidade, homens normalmente tem medo de se sentirem presos com o casamento. Você deve deixar isso evidente mesmo sem dizer nada - falou me fazendo pensar.
- Isso aqui está parecendo terapia - conclui o fazendo sorrir novamente.
- Tem razão. Você ja foi ao médico? Pode ter filhos? - Perguntou ficando sério.
- Sim, não tenho nenhum problema - respondi olhando sua boca.
- Perfeito. Preciso me casar o mais rápido possível, mas tenho algumas exigências que saberá em nosso próximo encontro, se aceitar. Meu avô teve dois filhos, meu pai e meu tio Lorival, que morreu ha dez anos. Ele teve um filho, Felipe que é gay e se casou com outro homem, meu avô ficou contrariado com isso, mesmo sabendo que não poderia deserda-lo, resolveu colocar em seu testamento que só conseguiria a presidência das empresas quem desse a ele um bisneto legítimo com um casamento normal, homem-mulher. Como também sou filho único, preciso casar e ter um filho. Por isso, resolvi responder seu anúncio, você quer ter uma família e se casar e eu quero a herança, então podemos nos ajudar. Se eu não fizer o que meu avô estipulou a presidência das empresas de nossa família fica com algum diretor em tempo vitalicio e isso não deixarei acontecer. - explicou me fazendo entender que ele é bem prático e só estava interessado em poder e não em amor, mas assim que coloquei o anúncio de alguma maneira dei a entender que amor não vem em primeiro lugar nem para mim mesma.
- Entendi.
- Se você aceitar esse acordo, podemos ir para o próximo passo, pois nos conhecer melhor, só convivendo e como não tenho tempo para isso, achei que você só me ajudou a querer me casar. O que acha?
- Concordo. Qual o próximo passo?
- Podemos nos ver amanhã em minha casa, meu advogado estará presente e poderemos repassar para ele nossas exigências para que ele monte o pré-nupcial, você leva seus documentos e com isso ele pode dar entrada nos papéis para casarmos logo - explicou friamente.
Ficava imaginando estar casada com aquele homem, seria maravilhoso. Lindo, inteligente, rico e articulado. Quem sabe ele pudesse se apaixonar por mim.
- Por mim, está tudo de acordo. Você pode me enviar o endereço depois, posso levar minha advogada? - Perguntei o fazendo me encarar.
- Não tem necessidade, ja tenho um - respondeu contrariado.
- Falou certo, você tem um, mas esse acordo não se trata apenas de você e suas exigências, não acha? - Perguntei o fazendo me olhar com raiva.
- Tem razão - respondeu chamando o garçom - Preciso ir embora.
- Pois não senhor - disse o garçom ao se aproximar dele.
- Por favor, a conta - respondeu.
Percebi que não tinha bebido e nem comido nada, então chamei o garçom de volta.
- O senhor pode me trazer o menu? - Pedi ao garçom que olhou confuso.
- Então não precisam da conta? - Perguntou olhando para Igor, que só acenou com a cabeça.
- O senhor pode trazer a conta do cavalheiro e para mim o menu, entendeu? - Disse de maneira educada.
Ele saiu e Igor me encarou.
- O que foi? - Perguntei.
- Por que não pediu nada antes, esperou que eu quisesse ir embora para pedir algo? - Perguntou.
- Na verdade, não pedi nada, porque estávamos conversando, mas não estou com a pressa que você está e quero comer, estou com fome. Mesmo que eu tenha que comer sozinha, o farei - expliquei.
- Não vou deixá-la sozinha aqui.
- Não se preocupe Igor, estou acostumada a comer sozinha e ser deixada em restaurantes e bares - respondi com um nó na garganta.
- Isso foi antes, se vai casar comigo, isso não irá mais acontecer. Pode ser que nosso casamento seja diferente, mas seremos parceiros, companheiros - disse me fazendo sentir alívio.
O garçom voltou com a conta dele e com o menu.
Escolhi o que queria e fiz o pedido. Igor olhou para o garçom e disse querer o mesmo.
Ficamos ali comendo e conversando sobre preferências, como filmes e livros.
Ja passava das nove quando nos despedimos. Cada um entrou em seu carro e foi embora.
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Casamento Planejado
ChickLitFernanda, passou a vida toda desejando se casar, mas todos os seus ex namorados terminavam com ela antes de pensarem em casamento, então ela fez uma loucura. Colocou um anuncio no jornal e decidiu arriscar-se em um casamento sem amor, só para ter o...