Capítulo 4

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A semana passou rapidamente, Igor me ligava todos os dias, ficavamos por horas no telefone. Conversávamos sobre tudo. Sentia-me bem com ele.
Todos os dias perguntava se eu ja tinha conversado com a diretoria da escola e avisado que iria parar de trabalhar, mas não tinha coragem para isso. Queria que tudo estivesse resolvido antes, vai que ele desista e eu fico sem trabalho e sem marido, estaria lascada com minhas contas.
Estava fazendo café, eram mais de duas da tarde. Estava vestindo uma camiseta e calcinha, o som estava alto, tocando Beyoncé.
Quando uma das músicas terminou, ouvi a campainha tocar, com certeza era minha prima Fabiula, corri para atender.
Assim que abri a porta, eu o vi, todo lindo parado e me olhando de cima a baixo.
- Não vai me convidar para entrar? - Perguntou tirando os óculos de sol e sorrindo.
- Claro. Desculpe. Pode entrar - respondi deixando o entrar.
- Estou aqui na porta a uns cinco minutos, estava ouvindo você cantar, me senti dentro do filme das branquelas com as irmãs Wilson - disse colocando as mãos no bolso. Corei na hora de vergonha e coloquei a mão no rosto.
- Estou fazendo café, você aceita? - Perguntei sorrindo e mudando de assunto, ja que não podia socar a cabeça em um buraco.
- Aceito. Vamos ver se está pronta para casar - disse brincando.
- Engraçadinho - retruquei sorrindo.
Ele sentou-se na cadeira e fui coar o café. Fiquei na ponta do pé para alcançar as xícaras e sem perceber a camiseta subiu, mostrando minha calcinha fio dental.
- Você costuma se vestir assim dentro de casa? - Perguntou encarando minhas pernas.
- Meu Deus! Desculpe, nem percebi que estava assim. Sempre fico a vontade dentro de casa e nunca recebo visitas masculinas. Espera ai, ja volto - disse saindo envergonhada.
Coloquei um short e voltei.
- Não recriminei você, por mim pode ficar até nua, mas la em casa, precisa ser diferente, até porque temos seis empregados. Não vou gostar de ver o mordomo e o motorista desejando minha mulher - explicou franzindo a testa.
- Eu sei onde posso fazer isso. Aqui em minha casa, estou sempre sozinha - respondi colocando café em sua xícara.
- Obrigado - agradeceu.
- O que você faz aqui? - Perguntei curiosa.
- Vim por dois motivos, um deles é buscar você. Precisamos ir comprar um vestido. Hoje a noite vai me acompanhar em um jantar beneficente, precisamos ser fotografados juntos - disse tomando o café.
- Entendi, para todos os efeitos namoramos ha mais de um ano e não queríamos tornar isso público até ter certeza que daria certo - disse o que combinamos em nossos telefonemas diários.
- Exato. Nos conhecemos ano passado quando eu quase a atropelei de frente a escola que da aula - concluiu para que eu não esquecesse.
- Sim senhor - brinquei.
- Seu café é delicioso. Lembro-me da infância, minha mãe fazia café doce também, eu adorava. Está pronta para casar comigo - brincou.
- Que bom! - sorri contente.
- Ja conversou com a diretora? - Insistiu na pergunta de todos os dias.
- Não. Tenho medo de você desistir do casamento e eu ficar sem emprego - disse sincera.
- Podemos resolver isso. A gente passa no banco e a coloco em uma conta conjunta e pode esquecer disso - falou como se resolvesse a questão.
- Isso não resolve nada. Pode me tirar da conta quando quiser - respondi.
- Se você não falar com a diretoria, eu falarei, entendeu? - disse decidido.
- Você é impossível, prometo que falarei esta semana, pode aguardar? - Perguntei séria.
- Tudo bem. Se não fizer eu farei. Está avisada.
Agora vá se trocar, temos que comprar um vestido para que possa estar linda hoje ao meu lado - sorriu.
Fui no quarto escolhi uma calça jeans e uma batinha amarela, coloquei uma sapatilha e fui escovar os dentes. Peguei meu óculos de sol e o encontrei na sala. Ele me olhou e sorriu.
- Está parecendo uma menininha com essa blusinha - disse sorrindo divertido.
- Para com isso. Vamos logo - respondi pegando a bolsa e as chaves de casa.
Saímos e ele abriu a porta do carro dele, uma SW branca. Entrei e fomos na Oscar Freire, entramos em uma loja que nunca tive coragem de entrar, toda chique e cheia de frescuras.
A vendedora se aproximou e sorrindo ao vê-lo, veio atendê-lo.
- Senhor Igor, quanto tempo! No que posso ajudá-lo? - Perguntou se desmanchando para ele.
- Olivia viemos escolher um vestido para minha noiva. Temos um jantar hoje, pode mostrar a ela alguns? - Disse fazendo-a ficar séria e desconcertada.
- Claro senhor - respondeu forçando um sorriso.
Ele se sentou em um uma poltrona confortável e foi servido com champanhe e Olivia me levou para o provador entregando-me alguns vestidos. Experimentei cinco vestidos e a cada um eu saía e mostrava para ele, que os recusou.
Ele então chamou Olivia e disse:
- Olivia querida, quero algo sexy e exclusivo. Entendeu? - Disse a deixando sem graça.
- Sinto muito senhor, mas não temos muitos modelos com números acima do 40 aqui na loja, vou ver o que posso fazer.

- Preste muita atenção. Se não tiver o numero dela, me avise, posso ir em algum lugar que um estilista costure algo extraordinário para ela. - Igor não poupou caras e bocas.

- Senhor, desculpe. Vou fazer meu melhor. - Ela respondeu saindo e voltou após alguns minutos com um vestido nude, com uma fenda nas pernas e um decote profundo nas costas e frente única.

Experimentei e fui mostrar a ele. Amei o vestido, aparentei mais magra.
Ele sorriu e confirmou com a cabeça.
Retirei o vestido e ele foi pagar, quando ouvi o preço quase cai para trás, eram quase três meses do meu salário mensal.
Entramos no carro e ele ficou me observando quieta.
- O que você tem? Não gostou do vestido? - Perguntou.
- Amei o vestido, mas nunca pensei que fosse tão caro - expliquei.
- Tem vestidos muito mais caros que este naquela loja. É um Dolce & Gabanna exclusivo - falou como se eu soubesse o que significasse.
- São quase três salários que ganho mensalmente - falei o fazendo sorrir.
- Para você ver que ganha pouco demais. Depois que casar-se comigo, isso será normal. Não poderá ser vista comprando vestidos baratos - falou me assustando.
- Não sei se me acostumarei com isso - respondi.
- Se acostumar com pouco dinheiro é difícil, quando você tem dinheiro é fácil se acostumar com o luxo, daqui a seis meses você me conta, se não acostumou - disse sorrindo.
- Precisamos passar em mais um lugar? - Perguntei vendo que ele não estava indo para minha casa.
- Sim. Vamos passar em outras duas lojas, de lingerie e de sapatos - explicou.
- Eu tenho lingerie - respondi contrariada.
- Para esse tipo de vestido, precisamos de algo diferente, não acha? - Perguntou.
- Não sei. Nunca vesti algo assim - respondi confusa.
- Fique tranquila.
Paramos em uma outra loja e a vendedora me ajudou a escolher uma lingerie que não marcasse o vestido, depois fomos a uma loja e ele escolheu o sapatos tão caro quanto o vestido. Não estava nenhum pouco confortável com tudo aquilo.
Reparei que ele continuava dirigindo em direção ao bairro Jardins.
- Onde estamos indo? - Perguntei vendo que ja eram quase seis e meia da tarde.
- Vou deixá-la no salão para fazer o cabelo e maquiagem e ja sairá pronta de la, depois vou tomar banho e me arrumar.
- Mas eu não tomei banho - respondi.
- Não se preocupe, você tomará banho la e eles colocam em você um roupão e fazem seu cabelo e maquiagem - explicou.
- Está bem - concordei surpresa com tudo que estava vivendo.
Chegamos em um salão imenso e sofisticado. Ele conversou com a gerente e foi se despedir de mim.
- Você está em ótimas mãos, deixei tudo explicado, não precisará se preocupar com nada. É só sentar e curtir. Volto daqui a três horas para te buscar - disse beijando meus lábios na frente de todos e pegando-me de surpresa.
Ele saiu sorrindo e uma moça loira se aproximou.
- Senhorita Fernanda, me acompanhe.
- Sim - respondi.
- Meu nome é Leandra, vou recepcioná-la. Vamos ao banheiro, preparamos um banho de banheira relaxante com pétalas de rosas, assim que terminar, vestirá este roupão e irá para uma sala reservada, onde a cabeleireira cuidará de seu penteado - explicou.
Entrei na banheira e fiquei ali, curtindo um momento de princesa.


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