Dezesseis

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-Tudo que sua mãe fazia sempre era maravilhoso – Marcos fala sorrindo.

-E se a gente fosse à Galaxy's hoje de noite? – Digo sorrindo. – É preciso uma festa para curar os efeitos de outra, não é o que dizem?

-Ninguém diz isso, Thomás. – Aline diz rindo.

-Bom, acho que eu digo a partir de agora.

Depois que o caminhão nos deixa em frente á loja de esportes radicais andamos juntos até a praça e lá Aline e Marcos se despedem de nós.

-Você quer apostar uma corrida até lá em casa? – Digo sorrindo para João. – Valendo um pedaço enorme de bolo de cenoura com calda de chocolate.

-Claro que eu quero! – Ele diz rindo.

-Então no "já" nós vamos. – Digo ficando parado ao seu lado.

Um. Estico a perna direita para frente para dar a partida e ele faz o mesmo.

Dois. Olho para frente me focando no caminho.

Três. Começo á puxar o ar pelo nariz e soltar pela boca.

Já! Começamos á correr.

Vamos indo por cima da calçada para não corrermos o risco de sermos atropelados por um carro no meio da rua, desviamos das pessoas que estão andando no caminho contrário e um cachorro de um garoto começa á correr atrás de nós e ao tentar segurá-lo ele acaba tomando uma queda.

-A gente não vai ajudar? – João grita para mim ainda correndo.

-Se você quiser ser gentil. – Grito rindo.

-Ah não, ele já se levantou – ele grita e eu olho para trás e vejo o garoto limpando sua camiseta com uma mão e segurando a guia do cachorro com a outra.

Então eu percebo que ao olhar para trás acabo diminuindo meu ritmo. Olho para frente e vejo que João está a uma considerável distância de mim.

-Eu não acredito nisso! – Grito tentando correr mais depressa, mas quando consigo me aproximar dele chegamos ao portão de casa e ele ganha. – Vocês são iguais, essa corrida não valeu! – Digo ofegando ao me lembrar da corrida que tive com Laura, a garota que eu passei a última semana; ela me enganou e acabou ganhando a corrida, assim como João.

-Primeiro: no amor e na guerra, ou nas apostas, valem tudo – ele diz também ofegante. – Segundo: eu sou igual a quem?

-Não interessa – digo abrindo o portão. – Vamos entrar, eu vou fazer seu bolo.

-Você é meio estranho ás vezes, sabia?

-É que eu não sou um garoto normal. – Repito o que ele disse no dia em que nos conhecemos e ele ri.

Vamos para a cozinha e eu pego os ingredientes para fazer o bolo, e enquanto misturo tudo João fala um pouco sobre Luma, sua namorada.

-Ela gosta dos mesmos livros que eu – ele diz por cima do barulho da batedeira. – Sempre que nós brigamos escrevemos uma carta do futuro um para o outro e no fim acabamos bem novamente; ás vezes nós somos muito melosos, mas que casal não é?

-O que é uma carta do futuro? – Pergunto ao desligar a batedeira e provar a massa.

-Eu aprendi com "Perdão, Leonard Peacock", meu livro favorito – ele começa a explicar. – É uma carta que você escreve como se fosse uma pessoa do seu futuro que tivesse escrito para você, contando como vão ser as coisas para você.

A Inútil Capacidade de Ser ReceosoOnde histórias criam vida. Descubra agora