Presley Rock Club

A entrevista

É óbvio que eu não acreditei quando o Fernando disse que queria me entrevistar para poder escrever a história do Presley. Afinal de contas, ninguém de fora do bairro conhecia aquele lugar e eu era apenas uma garçonete. Por que ele viria falar logo comigo?

Só resolvi dar corda pro cara porque sabia que seu rosto era conhecido. Ele me contou que esteve no show dos Lumberjacks e que tinha escrito uma matéria sobre a banda, mas precisou voltar para o bar porque ficou encantado com o ambiente.

- Você mente muito para ser jornalista. Tem certeza que está na profissão certa? – Perguntei em tom de brincadeira.

Fernando me contou que nunca havia se imaginado como jornalista, mas percebeu que aquela profissão seria o meio mais fácil de entrar em contato com o mundo do rock. Me surpreendi e expliquei que aquele foi o mesmo motivo que me levou a trabalhar no Presley.

O tempo foi passando sem que eu percebesse, pena que eu estava em horário de trabalho e não demorou muito para o meu chefe aparecer me mandando levar as cervejas para a galera da mesa 7.

- É com esse cara que você precisa conversar. – Disse para o jornalista enquanto equilibrava os canecões na bandeja – Ele que fundou este bar em que você está tão interessado.

Ele disse que preferia mesmo começar a história com o meu ponto de vista e pediu para me ver no meu próximo dia de folga. Combinamos que tomaríamos um café em algum lugar tranquilo, onde ele pudesse me entrevistar, e depois iríamos até um sebo que ele conhecia para podermos dar uma olhada nos discos de vinil.

Eu tinha quase certeza que o pentelho nem se importava tanto com aquela entrevista,mas aceitei o convite porque me identifiquei quando ele me contou sua história. Além disso, eu precisava mesmo comprar uns discos diferentes para aumentar minha coleção.