Capítulo 3

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       Lá estava eu, sendo impossibilitada de passar por causa de seis covardes. O que será que desejavam? Não havia nada para lhes oferecer. Gritei por ajuda, mas antes que alguém pudesse me ouvir, todos eles me encurralaram na parede. Senti-me fraca. Fraca por não conseguir escapar e não dar um jeito nisso. De repente, dois deles seguraram meus braços para cima, enquanto todos os outros vasculhavam meus bolsos e minha mochila. Jogaram todos os meus materiais no chão e pegaram apenas o que era de valor... Um colar de ouro que havia ganho de minha avó, mãe de meu pai.

     Não pude acreditar, eles não poderiam levar. Era muito importante para nós, era muito importante para ele. Que ficaria furioso... Os assaltantes observaram a joia e logo um sorriso maléfico invadiu seus rostos. Tentei me soltar de seus braços imundos, mas eram fortes, fortes ao ponto de se irritarem e começarem a me chutar sem pena. Neste momento me senti pressionada a reagir, então fiz um esforço e consegui pegar um spray de pimenta que estava em meu bolso. Partindo para cima, e espirando aquele líquido nos olhos de cada um.

     Eles começaram a rodar, tampando seus olhos e dizendo xingamentos dos quais não faço questão em repetir. Aproveitando, deixei meus pertences ali mesmo e tentei correr o mais rápido que pude. De repente, um carro preto parou em minha frente, e com o impacto, acabei debruçando-me sobre ele. As janelas eram escuras, apenas conseguia ver duas silhuetas.

     Observei atentamente a porta do veículo que se abria. E dali desceu uma senhora muito bem vestida, que logo começou a dizer:

-Deixem a garota! Ou ligo para polícia! -Ameaçou.

     Eles assustaram-se. Porém, isso não fez com que parassem de vasculhar minhas coisas. Um barulho chamou-nos a atenção. Era a porta de trás do carro, no qual abria-se lentamente. Automaticamente pensei em como seria bom caso dali descesse o garoto dos meus sonhos, que me salvaria daquele pesadelo. Mas tudo era apenas um pensamento, pois quando a porta se abriu, dali desceu uma garota.

     Sua pele era levemente parda. Seus cabelos castanhos batiam um pouco mais para baixo do ombro. Havia um par de olhos verdes, que brilhavam. Usava uma jaqueta de couro, uma calça jeans bem justa que valorizava suas curvas. E por fim calçava uma bota de cano curto. Era muito... Diferente!

     A senhora que havia descido antes, ao ver a menina ao lado de fora, levou um baita susto e rapidamente pediu:

-Entre agora, filha!

    Porém, ficou sem resposta, pois a jovem estava concentrada demais observando a situação. E então atreveu-se:

-Deixem-na em paz, covardes! -Ela gritou.

    Inesperadamente, correu em suas direções, chutando-os e empurrando-os. Tanto que eles não conseguiam nem defender-se. Em uma nova tentativa de escapar, acabei escorregando em uma poça de lama enorme e caindo sobre ela. E por conta de minhas pernas estarem bambas, não consegui me levantar.

     A garota colocou-os para correr em questão de instantes, era inacreditável a tua coragem:

-É bom correr! Idiotas! –Gritou a garota, em um ar vitorioso. Limpando suas mãos em seguida.

     Sua suposta "mãe" aproximou-se e ergueu suas mãos, ajudando-me a levantar. Após já conseguir ficar em pé, e ainda assustada com que acabara de ocorrer, a garota murmurou:

-Foi muito cruel o que fizeram com você.

Balancei a cabeça negativamente e respondi:

-Não, foi mais cruel o que eu pensei em fazer com eles.

Doce Menina MáOnde histórias criam vida. Descubra agora