Capítulo 9

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     Nossa fixa ainda não havia caído. Em algum lugar, deveria existir pelo menos alguma saída reserva para casos de emergência (como agora), ou algo do tipo. A saída onde os vendedores saíram, da qual não era a principal. Enquanto pensávamos em formas coerentes de sair dali, um vulto passou correndo entre as árvores. Foi tudo muito depressa, e devido à escuridão, não pudemos ver seu rosto.

     Poderia ser homem ou mulher, nunca saberíamos.

     A única coisa em que havíamos certeza é que, não estávamos sozinhas...

     Aquilo nos derrubou. Era inaceitável estar correndo perigo outra vez em menos de duas semanas. Como se mesmo em companhia, estivesse desprotegida por completo. Sem pensar duas vezes, liguei à minha mãe. Sua voz parecia tranquila e animada ao atender, chegara até a perguntar se estava aproveitando. Minhas mãos tremiam, o silêncio tomou conta por alguns segundos, percebendo algo estranho, minha mãe perguntou:

-O quê houve, Julie?

-Mãe... Estamos presas no parque! -Esclareci.

Um suspiro preocupante foi ouvido:

-Quem está com você?

-Uma colega, Lauren. O parque fechou e não têm como pular o portão ou abrir. Ele é muito alto e está trancado com correntes e cadeados. –Expliquei.

-Como deixaram isso acontecer? –Aumentou seu tom de voz. –Você só se mete em encrencas! –Repreendeu.

-Mãe, por favor, agora não. –Pedi. Já evitando uma futura discussão.

-Seu pai irá chegar daqui a pouco. Como explicarei isto? –Perguntou-me. Bufei.

-Sério que essa é a sua maior preocupação? Estamos correndo risco! Existe alguém entre nós do qual não conhecemos e não sabemos de suas intenções! –Vomitei as palavras, sem pausas.

-O quê? Por que não contou antes? Continuem onde estão. Tentem não se movimentar ou chamar atenção, pode ser perigoso. Irei dar um jeito! –Respondeu depressa, desligando a chamada.

     Para piorar a situação, uma tempestade começou a nos molhar da cabeça aos pés. Em menos de dez segundos, o barro começou a se dissolver formando um rio de lama. Não havia como ficarmos ali. Entre saltos, tentávamos desviar das poças em nosso caminho e das árvores, já que trovejava bastante:

-Melhor pararmos por aqui, sua mãe talvez venha lhe buscar, não podemos nos afastar da saída. -Lauren aconselhou, em meio da correria.

-Está louca? Quer ficar aqui do lado de fora esperando que um raio nos atinja? -Me exaltei, deixando a garota sem palavras.

     Dentre alguns minutos, estávamos mais afastadas do que deveríamos. A vista do portão de entrada não estava mais nítida, e é quando começo a ficar preocupada. Vamos indo para o fundo do parque quando ainda um pouco distante, notamos um celeiro logo à frente.

     Não desistimos até chegarmos até ele. Devagar, empurramos a porta de entrada, e demos alguns passos à frente. Não há luz e nenhum rastro de alguém. Não há exatamente nada, apenas uma pá, capim e mais capim cobrindo o solo no qual pisamos.

     O lugar soa antigo, as paredes são amareladas e há um aroma de ferrugem nada agradável:

-Têm certeza de que vamos ficar aqui? -Lauren perguntou, enquanto espirrava em sequência.

-É claro, pelo menos aqui estamos cobertas! –Exclamei. Ela concordou com a cabeça.

-Poderia me emprestar seu celular para tentar falar com minha mãe? -Ela pediu, com olhar assustado.

Doce Menina MáOnde histórias criam vida. Descubra agora