Capítulo 7

95 7 15
                                    

     O garoto fez aquilo só parar se livrar da situação, incriminando-me justo no momento errado. Logo sumiu de vista, então só sobrara eu, junto a uma lata de spray e uma parede inteiramente pichada. Tentei soltar a lata ao alto e correr o mais rápido possível, mas minhas curtas pernas me impediram de fazê-lo:

-Ei, garota! Não adianta fugir! –Gritou o policial, que já estava mais perto do que eu pensei.

     Desesperada e com o coração a mil, pensei em formas eficientes de escapatória, mas aquilo só me fez perder tempo:

-Me acompanhe! –Ordenou.

-Eu não fiz nada. Juro. –Murmurei. Quase para ter um desmaio.

-É difícil tentar defender-se enquanto tudo ao redor aponta o dedo para você. –Referiu-se a lata em minhas mãos, juntamente a parede ao lado.

Senti na pele a sensação de ser culpada por algo que não fiz:

-Por favor, tente entender meu lado. Não posso ser punida por algo que não planejei! –Continuei com meus poucos argumentos.

-Sem delongas. Acompanhe-me! -Ele ordenou novamente. Notei que não haveria como contraria-lo. Só desejei MATAR Henrique.

     Mesmo sendo contra minha vontade, o acompanhei. Nenhum argumento que eu tentasse usar faria sentido para ele. Então decidi esperar. Esperar para ver uma desgraça ainda maior. O trajeto resumiu-se em eu ligando aos meus pais. Eu levando sermão por três pessoas ao mesmo tempo.

     Ao chegarmos ao departamento policial, aguardamos a chegada deles para que pudessem prosseguir. Era completamente injusto. Depois de um tempo balançando as pernas e olhando através da janela, apenas desejando estar do lado de fora dela, meus pais finalmente chegaram.

     Foram solicitados para que sentassem em duas cadeiras de frente para sua mesa cheia de pastas e documentos. Ambos não dirigiram-se a mim. Olhares julgadores eram apenas um meio de demonstrar que estavam desapontados sem nem ao menos saber sobre a história.

     Fiquei apenas esperando em uma cadeira no fundo da sala, escutando-os falar sobre minha pessoa. Não é uma experiência nada agradável. E não havia nada para me proteger, o que tornaria tudo mais fácil:

-Não acredito que eduquei uma filha, para no futuro tornar-se uma pichadora! –Reclamou meu pai. Aquilo me chateou. Porém responder não era uma boa opção, não se eu não quisesse criar problema.

-Acalme-se! Não temos certeza. A única que tenho é a de que nossa filha nunca faria uma coisa dessas. –Murmurou minha mãe, virando-se e dando um leve sorriso para mim. O que me aliviou, nem que se fosse um pouquinho.

-Como a garota é de menor e cometeu um erro muito grande, e ainda estava sem a supervisão de um adulto, serão obrigados a pagar uma multa. –Exigiu o policial.

-Mas, a nossa filha já têm certa idade e precisa saber como lidar sozinha. E além do mais, nós trabalhamos. Não temos todo tempo. –Tentou explicar-se, meu pai.

-Caso não queiram ter problemas ainda maiores, é bom terminarmos por aqui.
A multa é de R$300,00. –Alertou o policial. Neste momento pude perceber que meus pais ficaram incrédulos.

-Nós não temos essa quantia toda disponível no momento. –Murmurou minha mãe. –Podemos fazer um acordo e, pagarmos um pouco semanalmente? –Pediu.

-Não será possível. Precisará ser resolvido agora. –Balançou a cabeça em forma negativa, o policial.

     Vendo que não haveria saída, meu pai, com as mãos trêmulas, o entregou as notas de dinheiro. O policial contou e verificou-as após já telas em mãos. Repreendendo-nos em seguida:

Doce Menina MáOnde histórias criam vida. Descubra agora