Capítulo 8

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Uma nova escola...

Um trabalho...

Um caderno...

Uma lata de spray...

     Nunca imaginei que coisas tão simples fossem desmoronar e me prejudicar tanto a esse ponto. Alice fingiu ser culpada para livrar a classe do castigo, mas está me pressionando até o impossível para eu contar toda a verdade, mesmo sendo a vítima de tudo isso.

     Ela está pagando por isso. Todos os dias fica sem intervalo, além de ficar até mais tarde no colégio, fazendo trabalhos extras. A diretora comunicou à sua mãe, comentou sobre o ocorrido, e isso resultou em um castigo em casa também. E essas são as consequências de querer bancar a protetora!

     Henrique literalmente desapareceu. Nunca mais foi às aulas, e ninguém sabe-se de seu paradeiro. Rebecca também nunca mais deu as caras. O clima é um tanto perturbador. Em casa, continuo ajudando em que posso para tentar recuperar minha confiança.

     Tudo está cada vez mais complicado...

     Hoje é sábado, e haverá um festival em um parque próximo daqui. Todos os anos têm, porém, a última vez que fui foi acompanhada de meus pais aos 8 anos de idade. Mesmo sabendo que levaria um "não" estampado na testa, pensei que desta vez poderia ter chance por conta de estar quase completando meus 15 anos e já ser um pouco grandinha.

     Fui surpreendida de todas as maneiras possíveis. Minha mãe havia concordado após o pedido. E mesmo para alguns significando pouco, valia muito para mim. Precisava sair, espairecer, e acho que até ela percebeu isso. Caso esteja se perguntando onde meteu-se meu castigo, irei explicar... Minha mãe sabe o começo ao fim da real história. Sabe a partir do momento em que acompanhei Henrique até a casa. Claro, destorci algumas coisas, como o colar. Ela nem imagina.

     Eu dei sorte, justo hoje meu pai foi fazer um bico em alguma empresa do qual não me recordo. Isso é maravilhoso. Finalmente terei à tarde por qual passei meses aguardando.

     Até se passou pela minha cabeça convidar as meninas, mas, com pouco tempo de convivência pude sentir que são daquelas que demoram décadas para se arrumar. Deixei quieto. Ia com a melhor companhia possível, eu mesma.

     São 15:00 em ponto, e é claro, caso eu quiser me manter viva, terei de estar em casa ás 20:30, horário em que meu pai está retornando. Rapidamente, corro em direção ao guarda-roupa, escancarando-o para ter melhor visão. Ah, eu não tenho roupas!

     Minhas roupas baseiam-se em camisetas pequenas e antigas, junto a calças largas, vestidos compridos e agasalhos com bolinhas. Nada estiloso. Com muito esforço e "caça ao tesouro", achei peças razoáveis. Uma calça jeans que havia desaparecido no cesto de roupas ano passado, e uma camiseta escura com ainda o preço.

     Sobre meu cabelo: Estava avoaçado e com rolinhos naturais nas pontas. Apressada, deixei-o assim, indo pegar meu par de tênis encardidos dos quais não abro mão.

     A rua não está muito movimentada, há algumas pessoas vindo do mercado e alguns carros passando. Acelero o passo, e em pouco tempo já estou quase em frente da entrada do parque. Atravesso a rua e entro. Está muito bem movimentado, pessoas de idades variadas, e de etnias diferentes.

     Ao caminhar um pouco mais para frente noto pessoas fazendo várias atividades, algumas correndo na competição de corrida, outras alugando bicicletas, senhoras passeando com seus cachorros, e crianças brincando nos brinquedos tradicionais do parque.

     Há muitas barraquinhas de comida, vendendo lanches gordurosos e doces. Há uma fila imensa contornando as barracas até o centro do parque, onde há muitos casais e famílias sentadas fazendo pique-nique.

Doce Menina MáOnde histórias criam vida. Descubra agora