Capítulo 13

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    Beatriz

      A verdade é que eu fui tirada do meu cochilo pós uma longa noite em que passei acordada assistindo uma série no qual estou viciada, por causa de garotas que me "contrataram" para aproximar-me de uma estranha. 

      Mas quando se trata de ter todas as lições feitas, não preciso pensar duas vezes. Eu não sou do tipo garota má, que costuma pregar peças fingindo ser amiga de tal, mas, quando ouvi a proposta, não obtive escolha.

       Eu não conhecia nenhuma delas, quando estudei nessa escola, tudo era diferente, os alunos, professores, e até a coordenação. Era uma zona! Mas agora parece estar tudo tão sério que nem tenho vontade de abrir a boca para conversar. 

       Em menos de um dia eu consegui o número da tal Rebecca, e posso dizer que foi uma experiência bem fácil. Apenas inventei que não havia copiado o dever, e pedi seu número para que pudesse enviar fotos. Tenho pena de ser tão falsa com alguém, e sei que vou me cobrar mais para frente, só que não poderia recusar aquela recompensa. 

       Desta vez fui para a cama cedo, não desejava passar por aquela tortura novamente. Aqui, todos os dias costumam ter a mesma rotina. Eu levanto às 9:00 da manhã, em ponto, com minha avó chamando pelo meu nome, anunciando sobre o café já estar pronto. Mas, na realidade, não apenas o café, e sim, a padaria inteira. 

       Ela tem prazer em preparar, e sempre dar-me tudo, o que me fez ficar mais dependente e preguiçosa do que já era quando morava com minha mãe. E por que não estou com ela? Simples, ela sofreu um acidente de carro na estrada, enquanto me buscava na casa de férias das minhas primas. Na época eu havia seis anos no máximo, e de lá para cá, já se fazem oito anos. 

        Eu quase entrei em depressão, pois, ela era meu meio de ajuda para tudo, e sem ela o muro desabou, comecei a não me importar com as coisas, deixei de lado pessoas especiais, e minhas notas desabaram. Meu "pai", se é que posso chama-lo assim, foi embora. Ambos eram namorados apaixonados, adolescentes sonhadores, que estavam apenas explorando o mundo ainda. E quando soube da notícia de que estava me esperando, ele simplesmente fugiu, deixando apenas suas marcas do passado. 

         Eu nunca conversei sobre isso com ninguém, nem com minha avó, que é muito prestativa e confiável, alguma parte de mim não quer tocar no assunto e remoer tudo isso. É horrível lembrar que estou praticamente sozinha neste quesito. E então, já que não havia onde cair morta, meus avós pegaram minha guarda. 

         Hoje em dia estou um pouco melhor, e meus avós que proporcionaram isso. Eles tentaram ajudar meu irmão, que é três anos mais velho que eu, mas não obtiveram resultado. Ele foi o mais afetado, ele quem sofreu mais, se envolveu com drogas, e costuma fumar ao tempo livre, o que não é nada legal. Ele experimentou pela primeira vez tentando esquecer-se de tudo, mas acabou tornando-se um sério vício. 

        Não nos damos muito bem, parecemos cachorro e gato, e tudo isso é por causa dele me culpar pelo acidente, dizendo que se eu não estivesse no caminho, nada disso teria acontecido, o que me deixa pior. Ele repetiu de ano duas vezes, e não demonstra ter sentimentos bons por ninguém, sem ser dor. 

        Eu queria poder ajuda-lo, queria convence-lo de que a vida continua, de que precisamos superar e seguir nosso caminho. Mas, não posso nem sequer tentar, já que ele teve uma recaída e meu avô decidiu leva-lo para uma viagem, imaginando que aquilo o distrairia. Não sei ao certo a data de retorno, mas não devem demorar muito para não atrapalhar seus estudos. 

        Alguém bate na porta do meu quarto, e por isso acabo me desviando dos pensamentos. Ainda estou de pijama, e com uma pantufa lilás. Levanto-me lentamente da cama, e abro a porta, dando de cara com minha avó, com um sorriso enorme e contagiante em seu rosto: 

-Bom dia!!! -Ela dizia em pura animação. 

-Bom dia, avó. -Respondi, tentando disfarçar a cara amassada de quem dormiu por treze horas seguidas. 

-Deve estar com bastante fome, não é? -Ela perguntava. 

-Talvez. -Disse, enquanto colocava meu celular para carregar. 

-Vou te deixar a vontade! Te espero na cozinha. -Ela disse, notando meu mau humor matinal, e então saiu do quarto, deixando-me sozinha. 

      Logo em seguida, vou em direção à cozinha, e me deparo com a mesa repleta de guloseimas e salgados. Está na cara que ela quer me deixar obesa! Se bem que adoro tudo isso. Sentei-me na cadeira, e comecei a me servir pegando uma fatia de pão, mas sou interrompida:

-Nada disso. Eu sirvo você, não precisa se preocupar. -Minha avó sugere, e então não cogito. 

-Obrigada. -Agradeço, enquanto ela coloca café em minha xícara. 

-Não há de quer. Ah, e antes que eu esqueça, tem visita para você! -Ela disse, deixando-me curiosa. 

      Quem me visitaria esta hora? As únicas pessoas que surgiram em minha mente foram Lauren, Alice, Julie, Miya ou Carolina. Intrigada, larguei a xícara sobre o pratinho, e corri para o meu quarto, vestindo um roupão por cima do pijama, já que não tenho vontade de me trocar e também porque não sou obrigada. 

      Viro-me para o espelho, e dou uma ajeitada meia boca em meu cabelo. Pego a chave da porta, e em seguida, rapidamente, a destranco, e é quando sou totalmente surpreendida:

-Rebecca? 

Doce Menina MáOnde histórias criam vida. Descubra agora