Capítulo 14

51 4 8
                                    

        Beatriz

        Continuação...

        O quê Rebecca fazia na porta de minha casa? Ou melhor, como arranjou meu endereço? Será que era alguma urgência ou algum recado importante para dar? Bom, eu teria que averiguar aquilo logo:

-Como... Como soube meu endereço? -Perguntei, estranhando.

-Eu te segui. Você esqueceu seus óculos em cima da carteira, ontem, no colégio. -Ela disse, retirando-o de sua bolsa.

(Só não perco a cabeça porque está grudada no pescoço).

-Nossa, nem senti falta, sou uma tremenda descuidada. Obrigada por trazer! -Agradeci.

-De nada, sei como é perder algo, digo por experiência própria. -Ela disse.

-Já perdeu algo importante? –Perguntei, curiosa.

-Claro. Meu par de óculos, também. Coincidência, não? Lembro que ficou tudo embaçado e tive que sair me rastejando feito uma lesma! -Ela contou.

(Agora estou com uma terrível imagem dela vestida de lesma, engatinhando pelo chão. Ótimo!).

Tento dar risada para não parecer antipática, se bem que aquilo foi algo bem constrangedor:

-Gostaria de entrar? -Perguntei, tentando parecer educada.

-Sim, se não for incomodo. -Ela disse, com um sorriso enorme.

(Querida, você é um incomodo. E era para ter dito "não". Droga!).

Peço para que entrasse e em breve já estávamos na sala:

-Vó, estou com visita. -Anunciei.

-Visita? Aí meu Deus! Quem é? -Ela berrou da cozinha, super discreta.

-A Rebecca! Uma menina da minha turma. -Respondi.

De repente, minha avó veio em nossa direção e logo foi fazer "propaganda" de seu café da manhã:

-Estou gostando de ver, Beatriz, fazendo amiguinhas novas... -Ela murmurou enquanto cumprimentava Rebecca.

-Vó... -Sussurrei com certeza eu já estava vermelha como um pimentão.

-Venham comer, meninas! Muito prazer em conhecê-la. -Ela pediu, e quando menos esperava Rebecca já estava sentada diante da mesa, segurando MEU pão, que eu estava comendo antes dela chegar.

         Corri até a cozinha e sentei-me também. Ela estava devorando meu pacote de bolachas favoritas, que minha avó compra apenas uma vez por semana, que injustiça. Enquanto isso, minha avó fazia mais uma fornada de pão de queijo, e em breve seu cheiro começou a invadir o local:

-O sabor é muito bom! -A garota murmurou de boca cheia, enquanto apreciava minhas bolachas amadas de chocolate.

-É mesmo, uma pena já ter passado da validade. -Menti, e então assustada, ela cuspiu a bolacha longe.

(Sou demais!).

-Aí papai, tá engasgada? -Minha avó perguntava desesperada, enquanto levava um copo de água à garota.

-Obrigada, acho que foi só um soluço. -Ela fingiu.

        Alguns minutos passaram-se, e o silêncio já estava me corroendo. Ela apenas comia e comia, como se não houvesse fim. Quando finalmente ela sossegou e largou de ser gulosa, levantou-se e começou a abrir as gavetas e armários da cozinha:

Doce Menina MáOnde histórias criam vida. Descubra agora