- JENNIFER!
- OLHA AQUI, JENNIFER!
- VIRA O ROSTO, JENNIFER!
- DÁ UMA VOLTINHA, JENNIFER!
- JENNIFER, LEVANTA SEU OSCAR!
- DE LADO, JENNIFER!
Os fotógrafos gritavam quando ela parou em frente à logomarca da Vanity Fair, a patrocinadora da after party.
Jennifer tinha certeza que precisaria de um dia ou dois para conseguir tirar este sorriso perpétuo de sua cara. Seus músculos da bochecha doíam, mas ela tinha medo de se desfazer dele e não conseguir mais sorrir depois.
A cerimônia já havia acabado uma hora atrás. Ela se permitiu se emocionar quando o rapaz estava gravando seu nome na base da estatueta de ouro. Ele lhe sorriu simpático e teve a decência de não tocar no assunto da queda. Realmente, ele foi o único. Depois não havia mais outro assunto. Ela falou tanto sobre isso e agora já podia fazer alguma piada sobre o assunto. Depois, ela teve que se dividir entre mil entrevistas, uma pequena conferência de imprensa e logo mudar seu vestido, porque ela estava com vontade de tacar fogo naquela “cortina”. O codinome de Josh para o vestido totalmente se encaixava agora.
Josh...
Ele e a queda eram assuntos constantes em suas entrevistas. Os repórteres estavam ávidos em querer saber se havia mais do que amizade entre os dois, insinuando que a ação de Josh foi digna de um príncipe de contos de fada. Jennifer preferiu dizer que ele fora seu herói da vida real e que não havia nada romântico entre os dois.
Mentiras. Muitas foram ditas esta noite. Mas Josh estava certo, este não era o momento e nem o lugar. Ela não se sentia pronta para encarar mais este assédio em sua vida. Jennifer tinha certeza que o Oscar e sua queda seriam sua tormenta até o ano que vem. Adicionar Josh a esta lista seria chave de cadeia.
O namoro precisava amadurecer mais um pouco antes de ser jogado aos olhos dos abutres.
Jennifer estava tão compenetrada em seus pensamentos que não escutou a voz de Liz atrás dela. O grito de sua assessora passou despercebido diante de todos os outros. Sua mãe precisou pegar em sua mão para que ela reagisse.
- É o suficiente, Filha! – Karen disse pegando sua mão livre, encaminhando-a a entrada da festa. Jennifer manteve o sorriso, a compostura, enquanto os outros a paravam para cumprimentá-la. Mais fotos, mais agradecimentos, mais sorrisos. Alguns falsos, outros genuínos. Ben Affleck e Jennifer Garner fizeram questão de lhe parabenizar pessoalmente, assim como Jack Nicholson, Leonardo DiCaprio e Christopher Waltz. James Cameron foi um gentleman ao lhe oferecer uma taça de champanhe enquanto lhe dizia que a queria em seu próximo filme, Jennifer não conseguiu conter sua língua quando disse que eu sonho era ter feito Avatar. O diretor sorriu simpático e disse que se houvesse um terceiro filme, ela seria a convidada de honra. Karen colocou a mão na boca e deu um gritinho, que foi percebido por Jennifer e James. Jennifer apresentou sua família para James, que muito simpático elogiou o trabalho e a postura de Jennifer durante todos estes anos.
Depois de conversar com mais “meio milhão” de pessoas, Harvey Weinstein pegou na mão de Jennifer e a conduziu até uma pessoa que queria lhe parabenizar pessoalmente por seu prêmio. Jennifer quase chorou quando viu Meryl Streep, em carne e osso, esperando-a com um sorriso e uma taça de champanhe na mão. Ela teve certeza que seus olhos estavam cheios de lágrimas só de ver os olhos de seu grande ídolo encarar os seus de tão perto. Assim como saber que Meryl Streep sabia o seu maldito nome. Ela quase morreu ao ouvi-la falar que havia assistido seu filme e que Jennifer havia merecido a estatueta. Jennifer precisou de muita força de vontade para não puxá-la para um abraço e chorar em seus ombros.