- Bom dia...
Josh abriu os olhos devagar, sentindo alguém acariciar seu peito. Viu Jennifer sentada ao lado dele no colchão, seus óculos escuros se espalhavam por seu rosto, encobrindo seus lindos olhos azuis. Jennifer estava arrumada como se fosse sair; calças, sandálias, uma blusa normal e o seu chapéu na cabeça, além da bolsa no ombro.
- Não queria te acordar, mas queria avisar a alguém que eu já estou indo.
Ele bocejou, se espreguiçando no colchão. A última coisa que lembrou foi de ficar com Jennifer até que ela dormisse e depois arrastar o colchão para a sala. Não havia dormido com ela, melhor que as coisas não continuassem se complicando ainda mais do que estavam.
- Como você vai?
- Philip veio me buscar, ele me colocou em um voo às oito horas para Nova Iorque.
Josh tragou a saliva e sentou no colchão, olhando para o relógio que havia em uma mesinha ali.
05:55 da manhã.
Eles não haviam dormido nem três horas completas. Passou as mãos pelo rosto, devia estar uma merda. Olhou para ela, que encarava seus pés. Josh tragou a saliva, aceitando que as memórias da noite anterior passeassem livremente por sua cabeça agora. Sentiu um frio na barriga. Os momentos estranhos estavam prestes a acontecer.
O momento de falar sobre o que aconteceu na noite de ontem.
Agradeceu mentalmente por ela ter tomado a iniciativa, porque ele não saberia o que dizer neste momento.
- Eu estou como você agora... – ela disse lentamente e logo se virou para vê-lo. – Eu não sei mais diferenciar o que somos. Acho que depois de ontem as coisas se complicaram ainda mais.
- Sim... – ele confirmou.
- Só quero que você saiba que eu quis você...ontem. – ela o encarou através das lentes escuras, vendo como ele pressionava a mandíbula. – Eu quis você, Josh. – ela enfatizou.
Ele suspirou, sentindo-se aliviado depois de uma noite inteira de pensar merda. Mas por que ela o quis? Por que ele? Ainda não conseguia entender. Precisava que ela lhe dissesse o porquê.
- E onde isso nos leva? – ele perguntou curioso.
Ela baixou a cabeça, pensativa, mas logo o encarou outra vez.
- Eu não sei... – ela suspirou. – Só sei que ignorar isso é errado...e sem sentido.
- Você tem razão. – ele tragou a saliva, precisando que ela tomasse outra vez a iniciativa. Era como se tudo estivesse nas mãos dela. Ela detinha o poder de como esta relação se desenrolaria. Por um segundo ele prendeu a respiração, apreensivo pelo desfecho desta conversa. Precisava de uma resposta...agora! – Vamos passar por cima disso também...?
Ela só o encarou sem responder, como se não entendesse o que ele disse.
- Eu não atendi ao telefone. Eu não podia. Mas quando ele ligou...foi como se eu despertasse de um sonho, você entende? Eu acordei e me dei conta do que estava acontecendo e não consegui lidar com isso. Não por ele, mas por mim, por nós...
- Compreendo. – ele concordou, mais apreensivo ainda, embora um pouco feliz por ela não ter atendido o telefone, nem falado com o ex.
- Eu fiquei confusa ontem. Eu estou confusa...agora. Muito confusa e assustada. – ela levou as mãos aos olhos, para coçá-los debaixo dos óculos. – Eu não consigo pensar...
- Eu também. – ele encostou-se ao sofá e suspirou fundo, jogando fora toda aquela apreensão. Era para estar conformado com isso. O que aconteceu entre eles dois este fim de semana foi algo surreal que não voltaria a acontecer jamais. Ele não era homem para Jennifer, ele era seu amigo, nada mais do que isso. Agora era a parte que ele se conformava com isso, mesmo contra sua vontade.