Capítulo 8

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AGORA...

Narração de Angel
 

       Depois  da morte de minha mãe, minha vida se transformou completamente. Meu pai e eu nos mudamos para Toronto no Canadá. Entrei  para uma escola como sempre quis, fiz amigos, tive uma adolescência quase normal. Mas nada me fez esquecer minha mãe. As imagens, a voz dela, o cheiro, tudo continuava  em minha mente. Durante quatro anos fiz tratamentos psicológicos, para tirar da cabeça que não foi um homem que matou ela, porém, ainda não aceitei totalmente essa hipótese.
       Mesmo após tanto tempo,  aquele rapaz, sua imagem, estava presente em meus sonhos. Sua pele  branca, seus lábios rosados e principalmente seus olhos não me deixavam dormir bem a noite. Não conseguia  imaginar que aquele rosto tão doce tinha matado Mamãe tão bruscamente. Agora com dezoito anos, me pergunto como eu estaria se não tivesse acontecido tantas coisas ruins com minha família. Meu pai não se casou novamente. Abriu uma pequena livraria, onde dedicava seu tempo todo exclusivo para ela e eu estava quase terminando o ensino médio. Nunca tinha voltado ao túmulo de minha mãe, nem mesmo aos Estados Unidos, não suportaria relembrar nada.
       A vida em Toronto era calma. No bairro onde eu morava nevava e todo mundo ficava quietinho em casa. Enfim tudo ia bem, na medida do possível.  
       Eu estudava de manhã. No Colégio, minhas melhores amigas eram Louise e Sophia, loucas, mas amáveis. Companheiras de todas as horas, de todas as crises de tristeza. Naquela manhã eu tinha acordado de muito mau humor, estava sem paciência alguma para assistir as aulas de matemática da professora Francis, mas como estava prestes a terminar o segundo grau, não podia faltar em  nenhuma maneira. Levantei da cama pouquíssimo empolgação, tomei banho e me vesti. Quando cheguei lá embaixo, meu pai já me esperava.
       - Dormiu bem, querida?
       - Mais ou menos. - ele me olhou com desconfiança.
       - Sonhou com ele denovo?
       - Sim - eu corei - é sempre com ele, como é possível?
       - Não sei, mas não se perturbe com  isso, é passado. Agora temos coisas mais importantes para resolver. Pra semana você termina o segundo grau, já resolveu pra qual Universidade quer ir?
       - Ainda não. Nem pensei no assunto.
       - Ah Angel, não seja displicente com seus estudos. - ele me olhou com seriedade.
       - A Universidade de Toronto é ótima, pública e pertinho daqui. Minhas amigas vão pra lá.
       - Sei que é ótima. Mas você ganhou uma bolsa de estudos na Universidade de Boston, que é muito reconhecida, tem os melhores professores, vai ser bem sucedida lá.
       - Não sei pai, tenho muitas dúvidas sobre ir para os Estados Unidos.
       - Já está na hora de superar tudo isso filha. Recomece sua vida. Vá estudar em Boston, conheça novas pessoas, novos lugares, isso vai te fazer bem. Confie em mim. - eu o observei, será que ele, tinha superado tudo? - E quem sabe,  você me dá um genro.
       - O quê?! Ahhh, de jeito nenhum. Agora deixa eu ir, estou atrasada.
       - Promete que vai pensar no assunto? - sorri.
       - Prometo.
       - Te amo filha, vá com Deus.
       Dei-lhe um beijo e saí. Sabia que ele queria o melhor para mim, mas a ideia de sair de perto dele, das minhas amigas, de todos que eu conhecia não era bem aceita. Corri quando avistei o ônibus perto de casa. Por pouco não o perdi. Assim que entrei, avistei Jeremy, o garoto mais popular do Colégio, do qual eu tinha nojo. Ele enganara Louise certa vez, dizendo que a amava, quando conseguiu o que queria, a humilhou em público, diante de toda a escola. Desde este dia ela não ia mais no ônibus conosco e se isolou do resto da turma, com exceção de mim e Sophia. Passei por ele sem nem sequer olhar, mas sem que eu esperasse ela pôs a mão em minha cintura.
       - O que é isso?! Me larga idiota! 
       - Manda um recado pra minha Louise, diz que eu estou com saudades. - ele soltou gargalhadas e seus amigos  também. De repente lembrei da risada daquele homem na noite da morte de minha mãe. Senti ódio.
       - Escute aqui, se você se aproximar da minha amiga e machucá-la outra vez. Eu mato você. - o encarei  com tanta raiva que tive vontade de dilacerá-lo. Ele ficou sério e pareceu nervoso, os outros também. Sabiam da minha história, que vi minha mãe morta, que fiz tratamento psicológico e tudo mais. Com certeza ficaram pensando que eu era louca.
       - Tudo bem, calma. Foi só uma brincadeira.
       Me retirei e sentei no último banco. Estava magoada por pensarem que eu era maluca, mas fiquei contente com a cara que eles ficaram.
       Chegando no Colégio. Minhas amigas já me esperavam. Contei-lhes tudo que tinha acontecido no ônibus, e sorrindo, nossas aulas de matemática começaram. Ao meio dia, fomos para o refeitório, Louise estava séria.
       - O que aconteceu? - perguntei.
       - Meus pais querem que eu vá para Boston, é uma tradição sabe? Todos da família estudaram lá. - eu e Sophie nos entreolhamos - Eles querem me obrigar na verdade. E eu... eu...
       - Você vai? - perguntou Sophia.
       - Não sei...
       - Meu pai também quer que eu vá para lá. Por causa da bolsa que ganhei. - falei chateada.
       - Meninas? - continuou Sophia - Não importa para onde vocês forem, sempre seremos melhores amigas e nada vai mudar isso. Aliás a Universidade de Boston nem é tão longe daqui. Posso visitá-las.
       - Sério?! Puxa estava com tanto medo de falar sobre isso com vocês. Desobedecer meus pais agora era a pior coisa que poderia me acontecer.
       - Eles souberam?
       - Sim, o Jeremy fez questão de espalhar para todo mundo.
       - E você Angel? Já resolveu pra onde vai?
       - Não. Estou muito em dúvida. Não quero sair de Toronto.
       Olhei no relógio. Eram meio dia e meia. Despedi-me das minhas amigas e fui para casa. Chegando lá, estava vazia.
       - Pai!!! Pai? - ninguém respondeu - Ele deve ter saído.
       Fui até a cozinha tomar um copo ď água e reparei num monte de papelada em cima da mesa. Sentei-me e comecei a vasculhar tudo, tentando achar alguma foto de mamãe, não tinha nenhuma em casa. Mas só o que achei foi umas fotografias  antigas do meu pai quando mais jovem, documentos, bilhetes de loteria velhos e uma coisa que me chamou atenção. Um bloco de folhas escrita Universidade  de Boston. Peguei os registros, sentei- me numa cadeira e abri a primeira  folha. Li em seguida.
       - Universidade  de Boston. Aluna: Annie Victória Carter. Cursando pedagogia no estágio quatro.
      
  
  

SEGREDOS DE  UMA VAMPIRA      (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora