Capítulo 26

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       Parei e respirei fundo. Ele sorriu, o sorriso mais lindo que alguém poderia ter. Dei um tempo até que meu coração desacelerasse. Sebastian e eu ainda estávamos na pista, e por alguns instantes, tudo e todos ao nosso redor pareciam ter sumido. Então persebi a música que estava tocando, era Love can save it all. Sorri involuntariamente, eu amava essa música.
       - Lembre se de mim quando ouvir essa canção... - ele sussurrou ao meu ouvido.
        - Lembrarei...
       Sebastian me puxou para fora do bar. O vento soprou  seus cabelos assim que a porta se fechou atrás de nós,  balançando as madeixas  sobre o rosto esculpido divinamente. As sobrancelhas dele se juntaram, eram grossas e espessas, tão escuras quanto seu cabelo, seus olhos brilharam no momento em que ele olhou para o céu, alteando o maxilar para cima.
      - Vai chover. - falou sério.
       - Como você sabe? - perguntei.
       - Posso ouvir as gotículas de água vindo, a forma como elas batem umas nas outras formando um orvalho mais volumoso. Elas descem ficando mais pesadas a cada centímetro, é como um toque de harpa a harmonia que elas possuiem até chegarem ao solo, é fabuloso. - ele me puxou até uma ponte sobre um pequeno lago, segurou minha duas mãos, fechou os olhos e levantou mais uma vez à cabeça para cima. - Feche os olhos, relaxe, deixe seus ouvidos trabalharem. Se concentre e vai ouvir.
       Então eu fiz como ele, levantei o rosto e não pensei em mais nada. E mesmo com a descarga elétrica que se espalhava em mim a cada toque de Sebastian, eu pude prestar atenção no barulho suave que vinha de cima. Era como um farfalhar de sons, pequenos toques tão graciosos que esqueci que estava cheia de dúvidas, de perguntas que não tinham respostas. Somente fixei meus pensamentos naqueles pequenos pingos de chuva que caíam, seguindo como sempre seu curso. Então a primeira gota caiu e escorreu pela minha face, seguida de outra e outra mais forte. Olhei para Sebastian com a boca aberta de surpresa e comecei a sorrir.  Ele abaixou o rosto sereno, e me encarou, os cílios molhados com gotas de água cristalina prestes a cair e mesmo que estivéssemos nos molhando, não importava, ele estava ali, eu estava ali, nada mais fazia diferença. Ele veio até mim, encharcado assim como eu, o tempo estava frio, mas eu nunca tinha sentido tanto calor como essa noite, ele me segurou e encaixou seus lábios nos meus, tão macios que eu pensei está sonhando. Seu corpo era quente, perfeito, tudo nele era indescritível, eu estava no céu. Cada vez que seus lábios puxavam os meus era como uma fantasia, total arrebatamento. Ele cruzou seus dedos nos meus e me puxou para o carro, paramos e eu encostei no capô. Sebastian ficou na minha frente, tão próximo que senti sua respiração evaporando na chuva.
       - Está ficando tarde, temos que ir. - falou desapontado.
      - Não pode ser tão tarde assim. - olhei no relógio, eram quatro horas da manhã. - Meu Deus! Como o tempo passou tão rápido?
       - Tudo que é bom dura pouco. - ele falou pensativo. - Angel? Você... gostou? Digo... de hoje? Eu sei que fui muito rápido... eu nem sabia se você queria me beijar, foi... instinto, eu desejava tanto isso, nem perguntei se você também, mas se não, peço perdão pela ousadia e prometo que não farei novamente até você pedir e...
       Coloquei o dedo em sua boca para que ele parasse. Eu não queria dúvidas, questionamentos, nada que pudesse interferir naquilo. Só queria Sebastian, e sua boca na minha. Segurei seu pescoço e o puxei para mim, o beijei, tão sem descanso que faltou o ar. Ele me compressou no carro, um aperto sufocante e delirante, baixou seus lábios até meu pescoço e o mordeu, senti as presas afiadas passando na minha pele, não pude evitar os gemidos. Então ele parou, me olhou ofegante e alisou meu rosto.
      -  Definitivamente temos que ir...
       Entramos no carro. Amarrei o cabelo em um rabo de cavalo e soltei o ar que estava dentro de mim. Sentei no banco, liguei o ar condicionado e me abanei. Ele sentou e começou a dirigir. Eu não conseguia parar de olhar ele, não poderia nem que quisesse. Eu estava totalmente e completamente apaixonada por Sebastian. 
      Minutos depois, estávamos de volta a casa de Hector. Abri a porta do carro e saí. Sebastian colocou o carro na garagem e veio até mim, sorriu de leve e me beijou, sorri em meio ao beijo e luzes se acenderam nas janelas.
       Assim que entramos, Hector foi para cima de Sebastian, seus olhos cheios de ódio, ele pôs o antebraço no pescoço dele e apertou contra a parede.
       - Onde você estava com ela?! - ele gritou.
       - Hector! Calma! Nós só fomos dar um passeio! - intervim para que ele parasse.
       - Passeio?! Eu pensei que ele tinha te sequestrado? Fiquei louco de preocupação! - ele falou e meu pai e Janice entraram na sala com expressões tensas, Janice vestida com um roupão de seda, carregava um livro na mão e meu pai com cara de sono.
       - Angel? - meu pai falou espantado. - Você está ensopada de água, onde estava?
       - Ela foi dar uma passeio, um passeio com esse cara que pode ser um traidor! - Hector falou em meu lugar e voltou se para mim - Será que você não vê Angel?! Ele não é o bonzinho! Não é de confiança!
       - Nós não fizemos nada de errado! Ela se divertiu, só isso! - Sebastian grunhio sob o aperto de Hector.
       - Não fale! Não ousa dizer nada sobre ela! - Hector urrou.
       - Parem! - gritei - Parem com isso agora! Eu saí com Sebastian, me divertir, joguei sinuca, dancei, eu fui feliz pela primeira vez em muito tempo, me senti humana! Por que estragar isso? Eu agradeco a preocupação Hector, mas eu estou bem, nunca me senti melhor,  então... por favor, solte o Sebastian, se acalme, eu estou aqui não estou?
       Hector não protestou. Apenas soltou Sebastian de seu aperto e virou sem dizer nada. Louise entrou na sala, parecendo entediada e curiosa.
       - Parece que alguém levou um banho de água fria! - ela sussurrou para Hector que saiu sem dizer uma única palavra.
       - Fica quieta Louise! - exclamei para ela, a situação já estava ruim o bastante.
       - Tudo bem, pobre Hector, levando uma após outra.
       Louise subiu para seu quarto. Janice me olhou estranho, não pude dizer se era vergonha ou entendimento, e então subiu as escadas em seguida. Papai me encarou e depois Sebastian.
       - Você, suba para seu quarto. Tenho que conversar com minha filha a sós. 
       Sebastian assentiu e foi sem pestanejar, me olhou uma única vez e sumiu. Sentei no sofá e cruzei os braços  sem compreender o porquê de tanta confusão. Ele sentou ao meu lado.
       - Angel, entenda o Hector, ele é um bom amigo, gosta de você, por isso se preocupa. Não foi certo o que você fez, tem ideia do quanto é perigoso lá fora? Do que pode acontecer?
       - Eu fui feliz pai, me senti bem hoje, ele... querendo ou não me trouxe alegria, me fez esquecer dessa loucura toda, dos vampiros, dos lobisomens, de tudo. Eu fui feliz...
      - Só não quero que essa felicidade seja falsa Angel, cuidado, sentimentos como paixão podem trazer muita dor... agora vá tirar essa roupa molhada, e pense no que eu disse Okay?
      - Okay. - respondi de volta e fui para meu quarto.
       Lá, tomei um banho e vesti uma roupa seca e confortável. Olhei o céu, estava nublado, mas parecia cheio de estrelas quando lembrava daquela noite, tudo parecia mais belo. Porém as incertezas estavam me rodeando, e eu tinha medo delas...
       
     

SEGREDOS DE  UMA VAMPIRA      (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora